October 05, 2016
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Terapia de laser MicroPulse é opção para o tratamento da retinopatia serosa central

Cirurgião explica como a visão é aprimorada de maneira rápida e eficiente sem perda de epitélio de pigmento da retina e de fotorreceptores.

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A retinopatia serosa central (ou CSR) é uma doença idiopática caracterizada por um vazamento focal vascular através do epitélio de pigmento da retina e pode ser acionada ou agravada pelo uso de corticosteroides ou pelo estresse. Isso resulta no descolamento seroso da retina neurossensorial. Embora essa doença seja tipicamente autolimitante e se resolva com boa acuidade visual, de 33% a 50% dos casos podem desenvolver CSR crônica, a qual pode levar a atrofia do epitélio pigmentar da retina (EPR) e à deficiência visual permanente. As opções de tratamento incluem diversos medicamentos orais e tópicos, terapia fotodinâmica, fotocoagulação a laser e injeções anti-VEGF.

Inibidores sistêmicos de anidrase carbônica (acetazolamida), antagonistas do receptor adrenérgico (metoprolol, propranolol), antagonistas de hormônios esteroides (cetoconazol, mifepristona, finasterida, eplerenona) e dorzolamida tópica têm sido utilizados com graus variados de êxito, embora com eficácia reduzida ao longo do tempo. Da mesma forma, a terapia fotodinâmica (PDT) e a fotocoagulação a laser têm sido bem-sucedidas no tratamento dos sintomas da CSR, embora com alguns efeitos colaterais negativos. A PDT, apesar de demonstrar resultados satisfatórios e a redução na exsudação coroidal, pode causar fotossensibilidade e hipoperfusão coroidal. A fotocoagulação a laser pode identificar e selar os pontos de vazamento, entretanto o tratamento pode causar escotomas centrais ou paracentrais, perda na sensibilidade ao contraste, danos na fóvea, distorção da retina e danos térmicos aos fotorreceptores.

Injeções de Avastin (bevacizumabe, Genentech) têm demonstrado eficácia, em alguns estudos de caso e relatórios, em determinados casos de CSR. Entretanto, na Colômbia não é prática comum o tratamento com injeções já que existe escassez de evidências clínicas de eficácia. Também há um período de espera para a obtenção de aprovação para esse tratamento. Ao invés de aguardar pela aprovação das injeções, trato meus pacientes imediatamente com terapia de laser MicroPulse (Iridex).

Terapia de laser MicroPulse

O MicroPulse é uma modalidade de laser concentrado que quebra o feixe de onda contínuo de laser em pulsos curtos. Isso permite que o tecido esfrie entre os pulsos e a realização do tratamento de células sem danos colaterais. Além disso, o laser estimula uma resposta biológica que pode resultar na reabsorção do fluido sub-retinal através da restauração das células do EPR. A potência do laser, o tamanho do ponto e o ciclo de carga (ou tempo ativo do laser) são ajustáveis, concedendo ao cirurgião um maior controle (Figura 1).

Figura 1. Modo de laser de onda contínua vs. modo de laser MicroPulse.

Imagens: Escaf, Munir

Técnicas de tratamento

Uma vez que o paciente tenha feito uma angiografia e uma OCT e tenhamos obtido um diagnóstico de CSR, agendo imediatamente o procedimento a laser. O tratamento é feito utilizando o laser de comprimento de onda amarelo IQ 577 (Iridex). A oxiemoglobina no EPR absorve 577 nm de luz amarela a mais do que qualquer outro comprimento de onda, tornando esse laser em particular ideal para o tratamento da CSR. Os efeitos do laser tendem a ser localizados no EPR porque as xantofilas da retina têm absorção limitada da luz amarela, garantindo uma maior proteção da fóvea.

Figuras 2 e 3. Homem de 37 anos manifestou visão reduzida devido à CSR sobre a fóvea por 2 semanas, com BCVA reduzida para 20/30. Após o tratamento com o laser MicroPulse, a CSR foi resolvida e a BCVA retornou para 20/20 em 1 mês.
 

O tratamento inicia com um teste “T” para determinar o nível correto de potência. Para isso, iniciamos em uma potência contínua de laser a 60 mW, mirando um ponto fora da área macular e começamos a tratar até que uma ligeira marca de queimadura seja vista. Uma vez que obtenhamos a marca, mudamos para MicroPulse e multiplicamos a potência por quatro (ou seja, se obtivermos a marca de queimadura com 80 mW, utilizamos 320 mW). Tipicamente utilizo um nível de potência de 400 mW e aplico um padrão de grade 7 x 7 usando laser de varredura de TxCell sobre toda a mácula, para todos os pacientes, independentemente do descolamento epitelial. Utilizo um ciclo de carga de 5%, tamanho de ponto de 200 µm, a grade de 7 x 7 sem espaços entre os pontos e 400 mW de potência com 200 milissegundos de duração. Também utilizo uma lente macular 1x (Ocular Instruments). Após o tratamento, o paciente retorna para uma nova angiografia e OCT; ações adicionais são determinadas conforme o necessário.

Figuras 4 e 5. Mulher de 53 anos apresentou BCVA de 20/300 durante 3 dias devido a uma grave CSR. Ela foi tratada com terapia de laser MicroPulse e, no acompanhamento aos 2 meses, sua BCVA era de 20/25 e a OCT tinha aparência normal.
 

Antes da aquisição do laser MicroPulse, geralmente adiava o tratamento até determinar se quaisquer problemas da CSR se resolveriam espontaneamente. Entretanto, se isso não acontecer, pode ocorrer dano ao EPR. Seria então necessário um laser convencional. Se o vazamento ocorreu a mais de 500 µm da fóvea, eu trataria com espironolactona (um diurético) ou com betabloqueadores. Entretanto, nenhum dos meus pacientes teve melhoria real com os betabloqueadores e somente a minoria teve qualquer melhora com o laser.

Em minha experiência, a terapia com laser MicroPulse melhora a visão de maneira rápida e eficiente sem causar nenhum dano e sem nenhum risco de perda de EPR e de fotorreceptores. Não preciso mais “esperar para ver”, provavelmente permitindo que as condições do paciente se tornem crônicas ao ponto da perda de visão. Desde a implementação do MicroPulse para o tratamento da CSR em minha prática, já executei mais de 280 tratamentos e continuarei a utilizar essa modalidade para proporcionar a melhor assistência aos meus pacientes.

Divulgação de informações: Escaf informa que é palestrante da Iridex.