April 30, 2016
4 min read
Save

Profundidade de câmara anterior tem papel importante nos cálculos da LIO

A profundidade da câmara anterior está diretamente relacionada à posição efetiva da lente.

Essencialmente, todas as fórmulas para o cálculo da potência da LIO para cirurgia de catarata têm a mesma estrutura: um cálculo de vergência e uma forma de determinar a profundidade da câmara anterior e a posição de repouso final do óptico. A posição efetiva da lente (ou PEL) é o principal modo pelo qual as fórmulas diferem, com o cálculo de vergência basicamente idêntico entre elas. A profundidade da câmara anterior (ou PCA) se relaciona diretamente à PEL e assim tem um papel crítico na precisão dos cálculos da LIO.

Uday Devgan

O Dr. Jack T. Holladay, MSEE, FACS, nos ensina que os olhos podem ter uma câmara anterior rasa, normal ou profunda em uma configuração de comprimento axial curto, médio ou longo. Essas diversas combinações podem ter grandes diferenças nos cálculos da lente. Por exemplo, uma câmara anterior pequena em um olho curto é o típico olho nano-oftálmico, no qual podemos esperar que a potência da LIO seja alta. Entretanto, um olho igualmente curto com uma câmara anterior profunda produzirá uma potência da LIO bem mais alta e mais incerteza no cálculo da potência da LIO porque a PEL estará mais afastada da córnea e mais próxima da retina.

Utilizando conceitos desenvolvidos pelo Dr. John Ladas, PhD, podemos fazer gráficos tridimensionais destes conceitos para nos ajudar a compreender melhor os cálculos da LIO. Nas colunas anteriores analisamos a Ladas Super Formula e a Ladas Super Surface, as quais desenham a ceratometria, o comprimento axial e a potência da LIO em três dimensões. O conceito de separar o cálculo da PCA (e desta forma, da PEL) do cálculo de vergência pode ser útil em muitas situações diferentes. E, como com a super fórmula de Ladas, esses dados podem evoluir.

Jack T. Holladay
Figura 1. O cálculo de vergência para um comprimento axial e uma potência de córnea específicos é mapeado em três dimensões. Este gráfico é muito similar para uma ampla gama de fórmulas de cálculo da LIO.

Imágenes cortesía de Uday Devgan MD reimpreso con el permiso

Nos cálculos da LIO pós-refrativos, é necessária uma forma de medir com precisão a potência anterior e posterior da córnea e depois combinar o valor com o cálculo da PCA. Isso resultará em um cálculo de potência da LIO preciso sem ter que alterar os cálculos de vergência. Para a aberrometria intraoperatória, a determinação da potência da LIO derivada depende mais da capacidade de prever a posição final da LIO (PEL), e esta é a variável desconhecida. Para a acomodação das LIOs, a efetividade depende da PCA, da potência da LIO e do comprimento axial. No traçado de raio como utilizado para determinar a potência da LIO, a variável desconhecida é a PCA. Mesmo para nossas LIOs atuais, que possuem uma geometria variável de lente ao longo de sua faixa de potência, a PEL muda conforme o plano principal do óptico muda.

Cenários clínicos

Figura 2. A PCA, diretamente relacionada à PEL, é mapeada em três dimensões comparado ao comprimento axial e à potência da córnea. Neste cálculo em particular, é colocado um limite final inferior de 2,5 mm de modo que mesmo se o olho for muito curto e a córnea muito lisa, a PCA não descerá a valores menores e poderá ser evitada uma surpresa hiperópica no pós-operatório.
Figura 3. A potência da LIO é desenhada usando o conceito da Ladas Super Superface, a qual neste caso está combinando a PCA da Figura 2 com o cálculo de vergência da Figura 1.

Os olhos que tenham tido prévia cirurgia refrativa da córnea são um desafio para os cálculos da LIO em razão de duas questões principais: A determinação da verdadeira potência da córnea tende a ser imprecisa e a porção da fórmula utilizada para determinar a PCA é enganada pela potência incomum da córnea. O método de duplo K de Aramberri utiliza um valor fixo de 43,8 D para a potência da córnea na determinação da PCA/PEL e depois utiliza o valor K real da cirurgia pós-refrativa para o cálculo de vergência. Esse é um método que faz exatamente o que propomos aqui: separar o cálculo da PCA do cálculo da vergência. Também percebemos que não importa quão plana a córnea esteja antes da cirurgia refrativa, haverá um limite inferior na profundidade da câmara anterior.

Em olhos muito grandes com longos comprimentos axiais, esperamos ter maior profundidade da câmara anterior e a PEL estará mais posterior no olho. Mas também aqui existe um limite porque olhos com comprimentos axiais de 30 mm não possuem PCAs acima de um determinado nível. Sim, podemos ter câmaras anteriores profundas, mas parece existir um limite.

E, como afirmamos antes, a PCA e a PEL são mais importantes em olhos muito pequenos com comprimentos axiais curtos. Conforme a PCA medida fica maior, o óptico assenta mais próximo da retina e, como tal, é necessária uma potência da LIO muito mais alta.

Divulgação de informações: Devgan informa não ter interesses financeiros relevantes a serem divulgados. Informa que trabalha com os Drs. Ladas, Siddiqui e Jun para aprimorar os cálculos da LIO.