March 08, 2016
5 min read
Save

Incisão escleral em forma de L pode ser ideal para explantação e inserção da LIO

You've successfully added to your alerts. You will receive an email when new content is published.

Click Here to Manage Email Alerts

We were unable to process your request. Please try again later. If you continue to have this issue please contact customerservice@slackinc.com.

Na cirurgia intraocular, o posicionamento de uma incisão tem muito significado em relação à quantidade de astigmatismo induzido pela cirurgia e na arquitetura do ferimento. Levando em consideração a localização anatômica, entre os vários tipos de incisão, as incisões esclerais têm tido um papel importante na facoemulsificação e na cirurgia de catarata com incisão pequena. A incisão em forma de “J”, a incisão em forma de “J invertido” e a incisão em forma de “L” já foram descritas por cirurgiões tanto na literatura sem revisão pelos pares como naquela revista e têm sido empregadas para executar a facoemulsificação e também para a inserção da LIO.

Amar Agarwal

O comprimento e a largura da incisão, o relacionamento entre o comprimento e a largura, e a distância da incisão escleral do limbo afeta significativamente o astigmatismo no pós-operatório. Uma incisão quadrada na qual o comprimento e a largura da incisão são iguais é a ferida mais estável em termos do astigmatismo; uma incisão em forma de L foi considerada superior à incisão linear convencional devido à sua arquitetura de ferida neutra em relação ao astigmatismo. O tecido cicatricial tende a se contrair, tanto ao longo do eixo horizontal como ao longo do eixo perpendicular. Esse princípio provavelmente ajuda a resolver a questão de cicatrizes irregulares em uma incisão escleral, levando a uma ferida neutra em relação ao astigmatismo.

Figura 1. É vista uma LIO descentralizada juntamente com uma ruptura da cápsula posterior associada. Após a peritomia da conjuntiva, são feitos dois retalhos esclerais de espessura parcial opostos 180° um do outro. É selecionada a distância de 3 mm em um compasso de calibre vernier (a). É feita uma marca horizontal com 3 mm na esclera (b). É feita uma marca vertical de 3 mm de modo que uma incisão em forma de L possa ser moldada (c). É feita uma marca adicional de 3 mm para delinear a extensão horizontal (parte intraescleral) da incisão (d). É marcada uma incisão em forma de L com um marcador (e). É marcada uma incisão em forma de L com um dissecador escleral (f). Imagens: Agarwal A, Narang P.

Imagens: Agarwal A, Narang P

Hennekes e colegas relataram um incisão no túnel da córnea em forma de L para a execução da facoemulsificação. Acredita-se que se o túnel da córnea for estendido para o implante da LIO, é melhor estender a ferida perpendicularmente, em forma de L, ao invés de na sua extensão linear. Um estudo comparativo da incisão em forma de L comparado a um grupo de incisão linear revelou menos astigmatismo induzido.

Figura 2. A incisão marcada é dissecada (a). A dissecação da incisão é estendida horizontalmente até as marcações anteriores (b). Faz-se a entrada na câmara anterior com um cerátomo (c). A incisão é ampliada com o cerátomo (d).

Um estudo comparativo similar foi feito com uma incisão escleral em forma de L e uma incisão no túnel escleral convencional de 3,2 mm, no qual uma LIO não dobrável foi inserida em uma incisão em L e uma LIO dobrável foi inserida na incisão de 3,2 mm. Ambos os grupos relataram resultados similares, mas a incisão em forma de L permitiu a inserção de uma LIO com diâmetro grande e facilitou o implante de uma LIO PMMA mais econômica. Então utilizamos a incisão em forma de L para explantação da LIO e para a subsequente fixação de uma LIO secundária com fixação no háptico intraescleral com auxílio de cola. Beiko, Ohta e Brierly, os quais também utilizaram esse método para explantação da LIO, transmitiram-nos o conceito de utilização da incisão em forma de L.

Procedimento

O paciente apresentava LIO descentralizada e uma ruptura da cápsula posterior associada. Após a marcação de um eixo de 180°, foi executada uma peritomia conjuntival, seguida pela moldagem de dois retalhos esclerais de espessura parcial ao longo da marca de tinta (Figura 1a). Foi efetuada uma marca de 3 mm no compasso de calibre vernier e a incisão escleral foi marcada (Figuras 1b a 1e). Uma lâmina crescente foi usada para fazer o túnel ao longo da marca em forma de L (Figura 1f). O túnel foi alargado na parte anterior e para os lados (aspecto intraescleral), criando um túnel de cerca de 6 mm de largura. Foi introduzida infusão no olho com o auxílio de uma cânula de trocarte e foi então usado um cerátomo para entrar na câmara anterior, criando um lábio interno amplo na córnea (Figuras 2a a 2d).

Figura 3. São posicionados ganchos de íris para ampliar a pupila pequena. A LIO é pega com fórceps com abertura na ponta (a). A LIO é puxada pela incisão em L; ela sai facilmente (b). A LIO é explantada (c). Uma LIO dobrável de três partes é introduzida na incisão escleral em forma de L e é executado o procedimento de LIO colada para uma fixação segura da LIO (d).

Como a pupila era pequena, foram posicionados ganchos de íris para melhorar a visualização no intraoperatório (Figura 3a). A LIO descentralizada foi pega e explantada (Figuras 3b e 3c); isso foi seguido por uma vitrectomia completa. Foi então introduzida no olho uma LIO com três partes (Figura 3d), e efetuado o procedimento de LIO colada, seguido da inserção no háptico intraescleral e da vedação dos retalhos com cola de fibrina. No pós-operatório a câmara anterior estava estável, com boa estrutura de ferida e uma LIO posicionada corretamente (Figuras 4a e 4b).

Figura 4. Imagem do pré-operatório (a). Imagem intraoperatória após a conclusão do procedimento (b).

Para concluir, uma incisão em forma de L proporciona boa estabilidade da câmara e facilita a explantação e a inserção da LIO com a vantagem adicional de boa extensão intraescleral para facilitar a manipulação da LIO. A incisão aparenta ser superior ao tipo linear convencional em termos de estabilidade da ferida, sem a necessidade de suturar o túnel ao final do procedimento, e também em termos de astigmatismo induzido.

Divulgação de informações: Os autores relatam não ter divulgações financeiras relevantes.