OCT pode avaliar a reação da câmara anterior em córneas não transparentes
O benefício é a quantificação e a documentação objetivas da reação da câmara anterior.
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O efeito de Tyndall, fenômeno no qual a luz é dispersa por partículas muito pequenas no seu caminho, forma a base por trás da visualização das células da câmara anterior pela lâmpada de fenda. Existem situações clínicas nas quais o aquoso pode não ser claramente visível devido ao edema da córnea ou devido à perda da transparência da córnea. Sob tais circunstâncias a visibilidade das células se torna mais pobre, levando à necessidade de um método de exame objetivo.
Em 2008 foi relatado o método objetivo de diagnosticar células da câmara anterior, na uveíte anterior, com a OCT de domínio de tempo do segmento anterior. Entretanto, a limitação com a OCT de domínio de tempo tem sido sua baixa resolução e tempo lento de aquisição. Os sistemas mais recentes de OCT de domínio espectral ou de domínio de Fourier permitem o exame dos segmentos anterior e posterior em uma única configuração. Nesta coluna apresentaremos uma nova graduação das células da câmara anterior baseada em OCT, especialmente em córneas não transparentes.
OCT do segmento anterior para imagem do segmento anterior
Imagens: Agarwal A
O OCT de domínio espectral (Cirrus HD OCT, modelo 4000, Carl Zeiss Meditec) utilizado foi um OCT de segmento posterior com módulo de segmento anterior (figura 1). Ele possui um diodo laser superluminescente com 840 nm de comprimento de onda como fonte óptica. A resolução axial foi de 5 µm e a resolução transversa foi de 25 µm em tecido. Ele possui uma velocidade de até 27.000 varreduras A por segundo.
Outros recursos incluem profundidade de varredura em tecido de 2 mm e potência óptica na córnea de menos de 725 µW. Foi utilizado para análise um padrão rasterizado do segmento anterior no eixo horizontal de 0° a 180°. A rasterização possuía cinco linhas com comprimento de 3 mm e uma distância de 250 µm entre as linhas. A iluminação do oftalmoscópio quase confocal de varredura de linha do modo retina foi desligada e o alvo de fixação interna foi centralizado.
Graduação OCT da câmara anterior
A escala ordinal do OCT foi definida como grau 0,5+ (uma célula), grau 1+ (duas ou três células), grau 2+ (quatro a sete células), grau 3+ (oito a 14 células) e grau 4+ (15 células ou mais). As células da câmara anterior foram vistas como partículas hiperrefletivas na câmara anterior.
Quinze olhos de 15 pacientes que tiveram edema da córnea, nos quais a visualização da câmara anterior não era possível, foram examinados por OCT. A OCT detectou células em 15 olhos com edema da córnea nos quais a graduação com lâmpada de fenda não era possível (figura 2). Dez dos 15 olhos (66,6%) tiveram queratouveíte herpética e cinco olhos (33,3%) tiveram uveíte pós-cirúrgica. A espessura média central da córnea nesses olhos nos quais a graduação com lâmpada de fenda não era possível era de 691,8 ± 60,2 µm (faixa: 614 µm a 802 µm). Dos 15 olhos, quatro eram de grau 3+, três eram grau 2+, seis era grau 1+ e dois eram grau 0,5+.
Vantagens da OCT sobre outros métodos
Em 1988, Sawa e colegas apresentaram um método objetivo para contar células da câmara anterior através de fotometria de flare laser. Ladas e colegas relataram que a contagem de células por fotometria laser era eficaz e linear em situações laboratoriais controladas, mas aparentavam ser menos precisas do que medições de flare in vivo. Além disso, sua confiabilidade na córnea edematosa não tinha sido comprovada até então. Sabíamos que a fotometria de flare laser é afetada pela concentração de proteínas do humor aquoso, pelo agente midriático utilizado e pela presença de hemácias.
Nesta coluna demonstramos que é possível a contagem de células por OCT em olhos com edema clínico da córnea e que ela pode ser útil no acompanhamento de pacientes para análise do prognóstico (figura 3). Para quantificar objetivamente as células da câmara anterior, é possível utilizar a OCT ao invés do sistema subjetivo de graduação, especialmente em córneas não transparentes. Além disso, também são possíveis a documentação e a telemedicina nos dados digitais. Desta forma, a principal vantagem da OCT quando comparada à graduação com lâmpada de fenda é a quantificação objetiva e a documentação da câmara anterior em cada consulta. Isso facilitará na gestão do acompanhamento e na análise retrospectiva.
- Referências:
- Agarwal A, et al. Am J Ophthalmol. 2009;doi:10.1016/j.ajo.2008.09.024.
- Radhakrishnan S, et al. Arch Ophthalmol. 2001;doi:10.1001/archopht.119.8.1179.
- Li Y, et al. Ophthalmology. 2006;doi:10.1016/j.ophtha.2006.01.048.
- Lim JI, et al. Am J Ophthalmol. 2008;doi:10.1016/j.ajo.2008.05.018.
- Prakash G, et al. Am J Ophthalmol. 2009;doi:10.1016/j.ajo.2009.03.012.
- Whitcup SM. Examination of patient with uveitis. In: Nussenblatt RB, Whitcup SM, eds. Uveitis: Fundamentals and Clinical Practice. 3rd ed. 2004:54-65.
- Para obter mais informações:
- Amar Agarwal, MS, FRCS, FRCOphth, é diretor do Dr. Agarwal’s Eye Hospital e do Eye Research Centre. Agarwal é o autor de vários livros publicados pela SLACK Incorporated, editora da Ocular Surgery News, incluindo Phaco Nightmares: Conquering Cataract Catastrophes, Bimanual Phaco: Mastering the Phakonit/MICS Technique, Dry Eye: A Practical Guide to Ocular Surface Disorders and Stem Cell Surgery e Presbyopia: A Surgical Textbook. Ele pode ser encontrado em 19 Cathedral Road, Chennai 600 086, Índia; email: dragarwal@vsnl.com; website: www.dragarwal.com.
Divulgação de informações: Agarwal informa que é consultor para a STAAR Surgical. Kumar informa não ter interesses financeiros relevantes a serem divulgados.