Nanotecnologia é estudada para o tratamento do glaucoma em longo prazo
A administração de medicamentos utilizando nanotecnologia está evoluindo, com implicações crescentes na terapia do glaucoma, afirmou o Dr. Jay S. Pepose, PhD, em uma apresentação no Hawaiian Eye 2015.
“Não é surpreendente o fato de o glaucoma e a catarata andarem lado a lado”, declarou Pepose, acrescentando que mesmo com a expansão das opções cirúrgicas para o tratamento do glaucoma, incluindo a facoemulsificação sozinha, a terapia tópica ainda é o esteio do tratamento. Entretanto, a terapia local possui inconvenientes que incluem problemas de conformidade, efeitos colaterais locais e sistêmicos, níveis de pico e níveis mínimos de medicamentos levando a flutuações de 24 horas na PIO e, em última análise, à um custo maior no cuidado ao paciente.
Os sistemas de administração de medicamentos em longo prazo atuais que visavam superar alguns dos inconvenientes da terapia tópica também estão limitados, segundo ele, porque não são biodegradáveis, a inserção cirúrgica é invasiva e complexa e a duração do efeito está abaixo da ideal. Além disso, existem limitações no tamanho, na química e na fabricação desses sistemas.
Segundo ele, é necessário um melhor sistema de administração.
Nanotecnologia
Nanotecnologia é a manipulação da matéria em escala atômica e molecular para criar materiais com propriedades novas e aprimoradas, afirmou Pepose.
Os produtos de nanotecnologia já estão em nosso mercado, incluindo medicamentos e dispositivos, alguns deles em desenvolvimento com o potencial de mudança de paradigma, de acordo com Pepose. Mas a nanotecnologia também tem seus inconvenientes.
“Na verdade, temos muitas opções para os olhos”, afirmou ele com relação aos potenciais alvos de administração ocular, tais como lentes de contato, plugues punctais ou dispositivos baseados em fórnice. “Porém, uma das limitações da nanotecnologia atual é o controle preciso da formulação e do tamanho da partícula”.
Replicação de partículas em modelos não úmidos
Em uma pesquisa “inovadora”, as partículas podem ser projetadas com precisão entre 100 nm e 1.000 nm utilizando a nanotecnologia de replicação de partículas em modelos não úmidos (PRINT, Envisa Therapeutics), declarou Pepose. A PRINT controla o tamanho, a forma, a funcionalidade da superfície, a composição química, a elasticidade e a porosidade das partículas.
Um modelo-mestre de silicone é revestido com um material proprietário e depois o medicamento é misturado nele e curado em luz ultravioleta. As formulações produzem uma suspensão de partículas colhidas. Podem ser criadas até 50 g de partículas por dia, com potencial para reduzir os custos de tratamento, declarou ele.
“Isso traz a precisão e o controle dos semicondutores, como se estivéssemos gravando um microchip”, para as biociências, afirmou ele.
Segundo Pepose, a tecnologia PRINT também é compatível com vários materiais farmacêuticos, incluindo a ciclosporina, a dexametasona, o travopost e os anti-VEGFs.
Implante intracameral
“Um dos objetivos da terapia de glaucoma hoje é desenvolver uma formulação eficaz de prostaglandina de liberação prolongada”, afirmou Pepose.
Segundo ele, um implante intracameral de travoprost, uma formulação de liberação prolongada em um sistema de administração de medicamento em polímero biodegradável, pode ser ajustado para administrar medicamentos ao longo de dias, semanas ou meses. A prova de conceito ‘in vivo’ já foi alcançada em modelo com animais, com 30% de redução da PIO da referência basal em 8 meses e sem o surgimento de problemas de segurança com a dose única.
Foi iniciado um teste clínico em pacientes com catarata e glaucoma, onde os pacientes são submetidos a um período de lavagem (washout) antes do implante; depois, na 4ª semana, é efetuada a cirurgia de catarata e o dispositivo recuperado. Os níveis farmacocinéticos de travoprost são medidos no humor aquoso e comparados aos níveis de referência basais. Também são medidos os níveis residuais de medicamento restantes no implante.
Os resultados principais do teste clínico são a segurança e a eficácia; os resultados secundários são a determinação da farmacocinética, da exposição sistêmica e do travoprost residual no implante.
Os primeiros implantes foram inseridos em janeiro, afirmou Pepose. – por Kristie L. Kahl
- Para obter mais informações:
- O Dr. Jay S. Pepose, PhD, pode ser encontrado no Pepose Vision Institute; email: jpepose@peposevision.com.
Divulgação de informações: Pepose informa ter interesses financeiros nas seguintes empresas: Alcon, Allergan, Bausch + Lomb, Doctor’s Allergy Formula, Envisia Therapeutics e TearLab.