Estrutura da LIO colada pode ser utilizada para gestão do anel de Soemmering
O anel de Soemmering, descrito pela primeira vez por D.W. Soemmering, é considerado um tipo de substância de regeneração da lente com disposição periférica e que frequentemente não é reconhecido até que seja deslocado centralmente ou que a pupila esteja amplamente dilatada. A incidência da formação do anel de Soemmering é mais alta em casos pediátricos, após a cirurgia de catarata. Considera-se como provável etiologia a retenção das fibras da lente entre as cápsulas anterior e posterior. As adesões das cápsulas anterior e posterior evita a exposição destas fibras da lente ao aquoso e ao ambiente circundante, promovendo o livre crescimento das fibras da lente.
A remoção do anel de Soemmering, seguida do posicionamento correto da LIO, é essencial, já que a presença dele pode induzir à inclinação da LIO, além de ocupar espaço na bolsa capsular. Foram descritos vários procedimentos e técnicas para a gestão do anel de Soemmering. A estrutura de LIO colada é uma técnica para a gestão de uma ruptura da cápsula posterior com fragmentos nucleares não emulsificados na presença de suporte inadequado da cápsula ou da íris.
Imágens: Agarwal A.
Após a levitação dos fragmentos nucleares na câmara anterior, uma LIO dobrável de três partes é injetada abaixo dos fragmentos lenticulares e executa-se um procedimento de LIO colada. A LIO pré-colocada age como uma estrutura e permite a emulsificação segura dos fragmentos nucleares. Nos casos de anel de Soemmering com ruptura associada da cápsula posterior, utilizamos o procedimento de estrutura da LIO colada para a emulsificação segura do material do anel de Soemmering.
Procedimento
São feitos dois retalhos esclerais de espessura parcial opostos 180° um do outro, como na cirurgia de LIO colada. A esclerotomia é realizada com uma agulha de calibre 20 a cerca de 1 mm do limbo, abaixo dos retalhos esclerais (Figura 1). Após a introdução da infusão no olho, é realizada uma vitrectomia completa para limpar o vítreo no espaço pupilar e na câmara anterior (Figura 2). É carregada uma LIO dobrável de três partes e injetada no olho abaixo do material do anel de Soemmering. Fórceps de LIO colada são introduzidos a partir da incisão de esclerotomia da esquerda e a ponta do háptico é puxada (Figura 3), seguida de sua externalização após toda a LIO ter sido desdobrada dentro do olho. A parte háptica ondulada é flexionada dentro do olho e a técnica de ‘handshake’ é executada até que a parte háptica ondulada seja externalizada. São feitas bolsas esclerais com uma agulha de calibre 26 e o dispositivo háptico é dobrado. É feita a vitrectomia no local da esclerotomia para cortar todo o entrelaçamento do vítreo.
São aplicados ganchos de íris e o material do anel de Soemmering é deslocado da periferia para o centro (Figura 4). Após o completo deslocamento do anel de Soemmering, os ganchos de íris são removidos e é introduzida a sonda de faco no olho para a emulsificação do material do anel de Soemmering (Figura 5). A remoção dos ganchos evita o deslocamento acidental do material do anel de Soemmering das bordas ao redor da óptica da LIO na cavidade do vítreo. É feita a hidratação estromal e a ferida na córnea é suturada com náilon 10-0. É aplicada cola de fibrina e os retalhos esclerais são selados (Figura 6).
A LIO colada compartimentaliza de modo eficaz as câmaras anterior e posterior. O tamanho da pupila tem um papel essencial neste procedimento. Durante o processo de emulsificação do material do anel de Soemmering, recomenda-se ter um tamanho de pupila que cubra totalmente o óptico, independentemente do tamanho previamente dilatado da pupila. Pode ser utilizada a pilocarpina intracameral nos casos de pupila amplamente dilatada ou se tiverem sido previamente empregados ganchos de íris para dilatar a pupila e depois removidos. O estreitamento do tamanho da pupila aumenta a margem de segurança da cirurgia porque protege contra o posterior deslocamento do material do anel de Soemmering. O revestimento adequado do endotélio pode ser alcançado através do uso de dispositivos viscocirúrgicos apropriados durante a cirurgia.
Independentemente do tamanho e do tipo do anel de Soemmering (completo ou incompleto, central ou periférico, espesso ou fino), esta técnica é aplicável em todos os casos de anel de Soemmering com ruptura associada da cápsula posterior.
- Para obter mais informações:
- Amar Agarwal, MS, FRCS, FRCOphth, é diretor do Dr. Agarwal’s Eye Hospital e do Eye Research Centre em Chennal, Índia. Agarwal é o autor de vários livros publicados pela SLACK Incorporated, editora da Ocular Surgery News, incluindo Phaco Nightmares: Conquering Cataract Catastrophes, Bimanual Phaco: Mastering the Phakonit/MICS Technique, Dry Eye: A Practical Guide to Ocular Surface Disorders and Stem Cell Surgery e Presbyopia: A Surgical Textbook. Ele pode ser encontrado no email: dragarwal@vsnl.com; site: www.dragarwal.com.
- Priya Narang, MS, pode ser encontrada no Narang Eye Care & Laser Centre em Gujarat, Índia; email: narangpriya19@gmail.com.
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