March 01, 2015
4 min read
Save

Estrutura da LIO colada pode ser utilizada para gestão do anel de Soemmering

O anel de Soemmering, descrito pela primeira vez por D.W. Soemmering, é considerado um tipo de substância de regeneração da lente com disposição periférica e que frequentemente não é reconhecido até que seja deslocado centralmente ou que a pupila esteja amplamente dilatada. A incidência da formação do anel de Soemmering é mais alta em casos pediátricos, após a cirurgia de catarata. Considera-se como provável etiologia a retenção das fibras da lente entre as cápsulas anterior e posterior. As adesões das cápsulas anterior e posterior evita a exposição destas fibras da lente ao aquoso e ao ambiente circundante, promovendo o livre crescimento das fibras da lente.

Priya Narang

A remoção do anel de Soemmering, seguida do posicionamento correto da LIO, é essencial, já que a presença dele pode induzir à inclinação da LIO, além de ocupar espaço na bolsa capsular. Foram descritos vários procedimentos e técnicas para a gestão do anel de Soemmering. A estrutura de LIO colada é uma técnica para a gestão de uma ruptura da cápsula posterior com fragmentos nucleares não emulsificados na presença de suporte inadequado da cápsula ou da íris.

Amar Agarwal
São feitos dois retalhos esclerais de espessura parcial opostos 180° um do outro. A infusão de trocarte é introduzida no olho. A esclerotomia é realizada com uma agulha de calibre 20 a cerca de 1 mm do limbo, abaixo dos retalhos.

Imágens: Agarwal A.

É feita a vitrectomia com uma sonda de vitrectomia de calibre 23 introduzida a partir do local da esclerotomia.
São introduzidos ganchos de íris para melhorar a visualização do anel de Soemmering.

Após a levitação dos fragmentos nucleares na câmara anterior, uma LIO dobrável de três partes é injetada abaixo dos fragmentos lenticulares e executa-se um procedimento de LIO colada. A LIO pré-colocada age como uma estrutura e permite a emulsificação segura dos fragmentos nucleares. Nos casos de anel de Soemmering com ruptura associada da cápsula posterior, utilizamos o procedimento de estrutura da LIO colada para a emulsificação segura do material do anel de Soemmering.

Uma LIO dobrável de três partes é injetada no olho abaixo do material do anel de Soemmering e a ponta do dispositivo háptico é puxada.
É executada a facoemulsificação do material do anel de Soemmering.

Procedimento

São feitos dois retalhos esclerais de espessura parcial opostos 180° um do outro, como na cirurgia de LIO colada. A esclerotomia é realizada com uma agulha de calibre 20 a cerca de 1 mm do limbo, abaixo dos retalhos esclerais (Figura 1). Após a introdução da infusão no olho, é realizada uma vitrectomia completa para limpar o vítreo no espaço pupilar e na câmara anterior (Figura 2). É carregada uma LIO dobrável de três partes e injetada no olho abaixo do material do anel de Soemmering. Fórceps de LIO colada são introduzidos a partir da incisão de esclerotomia da esquerda e a ponta do háptico é puxada (Figura 3), seguida de sua externalização após toda a LIO ter sido desdobrada dentro do olho. A parte háptica ondulada é flexionada dentro do olho e a técnica de ‘handshake’ é executada até que a parte háptica ondulada seja externalizada. São feitas bolsas esclerais com uma agulha de calibre 26 e o dispositivo háptico é dobrado. É feita a vitrectomia no local da esclerotomia para cortar todo o entrelaçamento do vítreo.

É aplicada cola de fibrina e os retalhos esclerais e as incisões conjuntivas são selados.

São aplicados ganchos de íris e o material do anel de Soemmering é deslocado da periferia para o centro (Figura 4). Após o completo deslocamento do anel de Soemmering, os ganchos de íris são removidos e é introduzida a sonda de faco no olho para a emulsificação do material do anel de Soemmering (Figura 5). A remoção dos ganchos evita o deslocamento acidental do material do anel de Soemmering das bordas ao redor da óptica da LIO na cavidade do vítreo. É feita a hidratação estromal e a ferida na córnea é suturada com náilon 10-0. É aplicada cola de fibrina e os retalhos esclerais são selados (Figura 6).

PAGE BREAK

A LIO colada compartimentaliza de modo eficaz as câmaras anterior e posterior. O tamanho da pupila tem um papel essencial neste procedimento. Durante o processo de emulsificação do material do anel de Soemmering, recomenda-se ter um tamanho de pupila que cubra totalmente o óptico, independentemente do tamanho previamente dilatado da pupila. Pode ser utilizada a pilocarpina intracameral nos casos de pupila amplamente dilatada ou se tiverem sido previamente empregados ganchos de íris para dilatar a pupila e depois removidos. O estreitamento do tamanho da pupila aumenta a margem de segurança da cirurgia porque protege contra o posterior deslocamento do material do anel de Soemmering. O revestimento adequado do endotélio pode ser alcançado através do uso de dispositivos viscocirúrgicos apropriados durante a cirurgia.

Independentemente do tamanho e do tipo do anel de Soemmering (completo ou incompleto, central ou periférico, espesso ou fino), esta técnica é aplicável em todos os casos de anel de Soemmering com ruptura associada da cápsula posterior.

Divulgação de informações: não é mencionado neste artigo nenhum produto ou empresa que demande a divulgação de informações financeiras.