Espectro de apresentação e gestão dos cistos da íris
Os cistos da íris podem ser primários ou secundários; os primários estão divididos nos tipos epitelial e estromal.
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Os cistos da íris são lesões benignas que surgem do tecido da íris e são vistos clinicamente na forma de cisto ou de elevação. Os cistos de íris primários estão divididos nos tipos epitelial e estromal, dependendo de suas características clínicas. Os cistos epiteliais surgem entre as camadas epiteliais pigmentadas da íris. Em relação à pupila, eles podem ser centrais, periféricos e médios. Os cistos estromais surgem dentro do estroma e não estão em conexão direta com o epitélio posterior. Aparentemente eles surgem do epitélio da superfície ectópica, o qual é preso na íris durante o desenvolvimento embriológico. Os cistos secundários da íris surgem com frequência após trauma ou cirurgia ocular.
Cistos recorrentes em crianças: Uma criança de 3 anos com visão reduzida desde a infância foi diagnosticada com cisto da íris em um exame sob anestesia. Ela foi submetida duas vezes à cistotomia e teve recorrência após os procedimentos. Na biomicroscopia de ultrassom (UBM) o cisto media cerca de 5 mm por 6 mm. Havia adesão da córnea e formação de cicatriz. A lente era cataratosa e inclinada devido à pressão mecânica do cisto da íris sobrejacente. A paciente foi submetida à cistectomia com lensectomia e iridectomia "en bloc" sob anestesia geral (Figuras 1a a 1f). Foi implantada uma LIO colada. No futuro poderá ser necessária uma ceratoplastia se surgir descompensação da córnea. O período pós-operatório mostrou um edema moderado da córnea com uma LIO colada bem centralizada.
Cisto da íris causando a inclinação da LIO: Paciente com 60 anos apresentava visão turva nos últimos 6 meses. Ele forneceu um histórico de cirurgia de catarata 3 anos antes. Ao examinar, o paciente tinha um grande cisto da íris surgindo do epitélio. Havia invasão do endotélio e a presença de edema da córnea (Figura 2). O cisto estava pressionando a LIO da câmara posterior e havia inclinação induzida da LIO, conforme visto na OCT.O paciente foi submetido à cistectomia sob anestesia local.
Cisto da íris pós-ceratoplastia: Paciente com 18 anos apresentava histórico de visão turva. Ela tinha feito uma ceratoplastia penetrante ótica na idade de 10 anos devido a ceratocone. Ao examinar, sua melhor acuidade visual corrigida era de 20/30 no olho direito e de 20/80 no olho esquerdo. Os registros anteriores do paciente mostravam que sua BCVA era de 20/40 no olho esquerdo cerca de 6 meses antes. Havia um cisto inferior da íris com toque no endotélio da córnea do enxerto e edema moderado da córnea (Figura 3). Foi executada uma cistotomia Nd:YAG e foram administrados à paciente esteroides por via oral por 2 semanas. Foram continuados esteroides tópicos e lubrificantes por 1 mês. Aos 2 meses após a cirurgia, havia uma córnea limpa com BCVA de 20/40.
Cisto assintomático da íris: Os cistos da íris podem apresentar-se por longos períodos sem quaisquer sintomas para o paciente. Têm sido observados cistos assintomáticos em pacientes submetidos a trabalhos de rotina para cirurgia de catarata ou refrativa (Figura 4). Entretanto, tais cistos de íris não precisam de intervenção. O cisto de íris pode ser grande e apresentar-se em forma de ferradura (Figura 5). Cistos grandes em “forma de beijo” podem às vezes induzir o efeito pinhole. A íris surgindo no epitélio do pigmento posterior pode assemelhar-se ao melanoma.
Diagnóstico e complicações
Clinicamente, os cistos de íris podem ser bem visualizados na lâmpada de fenda. Entretanto, é sempre exigida a confirmação com modalidades de imagem como a UBM ou a OCT do segmento anterior. A UBM mostra paredes espessas que são hiperecóicas devido ao epitélio pigmentado ou hipoecóicas, dependendo do conteúdo do fluído interno. Em tais casos a UBM é superior à OCT, já que a luz infravermelha não pode passar pelo epitélio da íris. Os cistos de íris podem estar em uma fase inicial silenciosa e depois induzirem a iridociclite e o glaucoma (fechamento de ângulo). Os cistos crônicos da íris induzem a descompensação da córnea devido ao toque e causam a opacificação da mesma. No caso de suspeita de lesões, deve ser aconselhada a RM. O diagnóstico precoce e a observação em casos assintomáticos podem ajudar; entretanto, quando surgem complicações que ameaçam a visão, recomenda-se a remoção cirúrgica ou a cistotomia a laser.
- Referências:
- Gupta A, et al. J Pediatr Ophthalmol Strabismus. 2010;doi:10.3928/01913913-20100818-11.
- Kuchenbecker J, et al. Am J Ophthalmol. 2000;doi:10.1016/S0002-9394(99)00392-X.
- Lois N, et al. Ophthalmology. 1998;doi:10.1016/S0161-6420(98)91034-X.
- Pong JC, et al. Clin Exp Optom. 2009;doi:10.1111/j.1444-0938.2008.00318.x
- Tanihara H, et al. Acta Ophthalmol Scand. 1997;doi:10.1111/j.1600-0420.1997.tb00128.x.
- Para obter mais informações:
- Amar Agarwal, MS, FRCS, FRCOphth, é diretor do Dr. Agarwal’s Eye Hospital e do Eye Research Centre. Agarwal é o autor de vários livros publicados pela SLACK Incorporated, editora da Ocular Surgery News, incluindo Phaco Nightmares: Conquering Cataract Catastrophes, Bimanual Phaco: Mastering the Phakonit/MICS Technique, Dry Eye: A Practical Guide to Ocular Surface Disorders and Stem Cell Surgery e Presbyopia: A Surgical Textbook. Ele pode ser encontrado em 19 Cathedral Road, Chennai 600 086, Índia; e-mail: dragarwal@vsnl.com; site: www.dragarwal.com.
Divulgação de informações: Agarwal informa que é consultor para a STAAR Surgical. Kumar informa não ter interesses financeiros relevantes a serem divulgados.