January 05, 2016
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Alterações na superfície da LIO são incomuns, mas problemáticas

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A natureza física de uma LIO depende principalmente do material do qual ela é feita. Apesar de as mudanças na superfície da cápsula da lente puderem se manifestar como opacificação capsular, como é frequentemente notado após a cirurgia de catarata, as mudanças na superfície da LIO não são comuns. Abrasões ópticas, dispersão de pigmento, descoloração e opacificação são as possíveis alterações superficiais que podem acontecer no óptico. Um óptico de 3 a 4 mm cobre a zona pupilar em uma situação anatômica normal; anormalidades superficiais nesta zona correm o risco de perturbar a melhor visão corrigida do paciente.

A opacificação do óptico tem sido relatada em diversos materiais de lente, incluindo silicone e acrílico hidrofílico. Nesta coluna destacaremos alguns de nossos casos interessantes de anormalidades, descoloração e opacificação da superfície da LIO e seus métodos de gerenciamento em comorbidades oculares concomitantes.

Etiologia

O vapor d’água pode ser absorvido pelo material da LIO, particularmente hidrogel, causando a descoloração do óptico. Pequenos vacúolos preenchidos com fluido dentro do óptico da LIO podem ser devidos a uma mudança na temperatura microambiental imediata.

Amar Agarwal

Fotografia pré-operatória mostrando a opacificação da LIO (à esquerda) e a imagem intraoperatória após o posicionamento da LIO colada (à direita).

A deposição de cálcio e a subsequente opacificação têm sido demonstradas em lentes hidrofílicas. Olhos preenchidos com óleo de silicone submetidos à cirurgia de catarata com implante de LIO correm o risco de adesão do óleo de silicone à superfície da LIO, especialmente em designs de LIO com óptico de silicone. Pode ocorrer a opacificação da interface ou interlenticular em lentes piggyback.

Lente opacificada em olho preenchido com silicone

LIO explantada vista sob microscopia de luz mostrando grânulos de pigmento (à esquerda), vacúolos de água e padrão de samambaia (à direita).

Um paciente do sexo masculino com 45 anos de idade submetido à cirurgia vitreoretinal e infusão de óleo de silicone com uma lente fixa na esclera para o descolamento da retina pós-traumático com dano na lente veio até nós com perda progressiva da visão no olho operado nos últimos 3 meses. Ao examinar, o óptico da LIO fixa na esclera estava opacificado (figura 1). O exame do segmento posterior mostrou um olho preenchido com silicone com a retina anexa.

O paciente foi submetido à remoção do óleo de silicone com o explante da LIO opacificada e com o implante de LIO colada no mesmo local. No pós-operatório, a LIO colada estava estável e manteve sua transparência.

Descoloração da LIO pós-uveíte

A inflamação recorrente devido à injeção repetida de ar na câmara anterior pode induzir a opacificação da LIO.

Troca da LIO sob um enxerto de córnea de espessura total e opticamente transparente. Pré-operatório (à esquerda) e pós-operatório (à direita).

Uma paciente de 56 anos que teve descolamento de Descemet após a cirurgia de catarata foi submetida duas vezes à injeção de ar. Ela teve reação grave imediata da câmara anterior que foi resolvida com tratamento com esteroides. Apesar de sua Descemet estar ligada após a injeção de ar, ela teve perda visual progressiva após alguns anos.

Ao examinar, havia uma LIO opacificada na zona central do óptico exposta ao ar. Houve sinéquia posterior e liberação de pigmento, indicando inflamação uveal antiga. Sua melhor acuidade visual corrigida foi reduzida de 20/20 para 20/80. Foi efetuada a troca da LIO.

A dispersão crônica de pigmento em um olho inflamado também pode produzir deposição densa de pigmento na superfície anterior da LIO, levando à descoloração. Esta é frequentemente removida por pigmentólise após o controle da inflamação com esteroides. Entretanto, o explante da LIO de um de nossos pacientes foi executado devido a uma inflamação uveal persistente. A microscopia digital com luz e a microscopia de contraste de fase da LIO explantada mostraram aderência de pigmento como depósitos granulares, múltiplos vacúolos de água e cristais em padrão de samambaia (figura 2).

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Opacidades da LIO após injeção de gás intracameral

A injeção intracameral de gases isoexpansíveis como o C3F8 e o SF6 tem sido utilizada para aderência do enxerto na ceratoplastia pós-endotelial.

Opacificação central dispersa da LIO com anéis transparentes em um olho com injeção de gás intracameral.

Um paciente de 56 anos submetido à ceratoplastia penetrante desenvolveu perda progressiva de visão devido à opacificação da LIO. Foi efetuada a troca da LIO sob cobertura de esteroides (figura 3). A manipulação intraoperatória tem que ser minimizada nos olhos nos quais a troca da LIO é executada sob córnea doadora. A inflamação pós-operatória tem que ser controlada com esteroides sistêmicos.

Um paciente com 40 anos submetido à ceratoplastia endotelial veio com perda progressiva de visão após 6 meses. Havia um histórico de descolamento imediato do enxerto e injeção de gás (SF6) intracameral. Ao examinar, havia opacificação central dispersa da LIO com anéis transparentes (figura 4). Sua BCVA era de 20/40, de modo que o paciente foi refratado com óculos e mantido em observações de acompanhamento.

Microabrasões da superfície em lente fixada na íris

Danos intraoperatórios ao implantar a LIO podem levar a arranhões e abrasões superficiais. Alterações severas na superfície podem afetar a qualidade da visão.

Imagem pré-operatória do olho direito e esquerdo mostrando LIOs fixadas na íris com abrasões na superfície (acima). Pós-operatório mostrando óptico transparente em LIOs coladas (abaixo).

Um paciente de 35 anos com histórico de cirurgia de catarata no início da infância veio até nós reclamando de baixa qualidade visual. Ao examinar, ele tinha LIOs bilaterais fixas na íris com as superfícies ópticas mostrando arranhões e abrasões. Sua BCVA melhorou em uma linha (em ambos os olhos) após a troca da LIO utilizando o método de LIO colada (figura 5).

Precauções e complicações

A troca da LIO é a opção de gerenciamento aceita em todos estes casos. Entretanto, as condições de predisposição (inflamação, conteúdo de água das lentes e o gás intracameral) precisam ser futuramente evitadas em pacientes de alto risco. Como as complicações em muitos destes olhos ocorrem em longo prazo, o explante pode induzir a deiscência zonular ou o dano da bolsa capsular. Desta forma, o cirurgião deve estar preparado para este cenário e ser especializado no implante de LIO em cápsulas deficientes. Evitar LIOs de silicone nos olhos com predisposição para cirurgias vítreoretinais com óleo de silicone e pode ser feita a avaliação pré-operatória do conteúdo de água das LIOs em olhos que exijam ceratoplastia endotelial.

Pacientes com fator de risco de prévia uveíte recorrente devido a múltiplas intervenções cirúrgicas também precisam de cuidado. Implantar LIOs revestidas com heparina ou modificadas em olhos com prévia uveíte pode reduzir a deposição de matriz de pigmento sobre as lentes no pós-operatório. Pequenas opacificações centrais ou a opacidade esparsa e dispersa da lente com uma zona circundante transparente podem ser corrigidas com refração e acompanhadas com observação. Entretanto, a qualidade da visão através do óptico da LIO embaçada sempre afetará a clareza da melhor visão potencial.

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