March 01, 2013
4 min read
Save

Potencial individual pode ser fundamental para tratar a epidemia de glaucoma em todo o mundo

Treinamento, capacitação, diretrizes, suporte e pesquisas são armas essenciais para lutar contra o glaucoma.

CHICAGO — Reconhecer o potencial individual é fundamental para lidar com a epidemia de glaucoma não tratado em todo o mundo, afirmou aqui um orador.

A Dra. Mildred M.G. Olivier, FACS, conhecida por seu amplo trabalho no Haiti e por seu trabalho no tratamento do glaucoma em países em desenvolvimento, deu uma palestra na American Glaucoma Society no dia de Subespecialidade antes da reunião geral da American Academy of Ophthalmology e da Asia-Pacific Academy of Ophthalmology.

“Devemos ousar pensar diferente”, ela disse. “Realmente acredito que oportunidade é a união de inovação e ciência. Peço que vocês se olhem no espelho e vejam se podem mudar algo”.

Cinco objetivos para o glaucoma

Em 2020, 80 milhões de pessoas em todo o mundo poderão estar cegas por causa do glaucoma, afirmou Olivier.

“Em algumas áreas, a disparidade do acesso ao atendimento médico é realmente grande. As pessoas viajavam por 3 ou 4 dias só para chegar onde eu estava, na esperança de conseguir algum tipo de atendimento oftalmológico”, disse.

Olivier compartilhou alguns dos objetivos da Vision 2020, uma iniciativa global para erradicar a cegueira evitável.

Durante as etapas iniciais da Vision 2020, Olivier afirmou que cinco objetivos foram estipulados: treinamento e capacitação, formação contínua, diretrizes para o atendimento oftalmológico, suporte e pesquisa.

Segundo ela, os médicos devem desenvolver um programa curricular para profissionais de saúde aliados, estudantes de medicina e residentes, além de analisar individualmente o desempenho dos residentes.

“[O treinamento e a capacitação] não são apenas para os residentes, porque quando [um médico] trabalha em outros países, também precisa ensinar aos oftalmologistas locais essas diretrizes importantes”, contou Olivier. “Nas áreas rurais do Haiti, estavam usando lanternas ao invés de lâmpadas de fenda para examinar os pacientes”.

Dra. Mildred M.G. Olivier, FACS, deu uma palestra na American Glaucoma Society no dia de Subespecialidade antes da reunião geral da American Academy of Ophthalmology e da Asia-Pacific Academy of Ophthalmology.

Olivier disse que é possível que os residentes não sejam devidamente capacitados durante o estágio, e ressalta que investir desde cedo em um residente específico pode gerar oportunidades melhores no futuro.

Ela disse que os médicos devem continuar a capacitação para assegurar que os residentes possam ensinar o que aprenderam a outros.

Segundo Olivier, é necessário estabelecer diretrizes que ajudem a identificar o atendimento que um clínico pode fornecer e definir os padrões internacionais de atendimento oftalmológico.

O suporte também significa facilitar iniciativas globais para erradicar a cegueira evitável e mobilizar oftalmologistas e governos criando um interesse nas disfunções que podem provocar a cegueira, ela afirmou.

“Às vezes é muito difícil. As pessoas no Haiti, por exemplo, só estão tentando conseguir eletricidade, água e um lugar para morar, então o governo está lidando com tudo isso, e com o saneamento básico. A cegueira ou as doenças cegantes não estão no topo das prioridades, mas precisamos fazer com que entendam que, se uma pessoa não pode ver, ela também não pode trabalhar”, afirmou.

As pesquisas clínicas e básicas devem enfocar as necessidades globais e enfatizar a aquisição de habilidades de investigação epidemiológica, contou Olivier.

Efeito multiplicador

De acordo com Olivier, atualmente a ênfase do atendimento oftalmológico internacional é o tratamento da catarata.

“Foi realmente um desafio fazer com que algumas organizações governamentais entendessem que é necessário tomar medidas internacionais em relação ao glaucoma”, contou. “Não há só a catarata, e nem sempre se trata de analisar 100 casos. Ao capacitar um indivíduo, é muito melhor assegurar que ele pode [realizar um exame ocular melhor]”.

Olivier afirma que a escassez de oftalmologistas nos países em desenvolvimento também é problemática. Segundo ela, nos Estados Unidos há aproximadamente um médico a cada 10.000 pessoas, e esta proporção é significativamente pior nos países em desenvolvimento.

PAGE BREAK

Para ela, o mais importante é que os médicos sejam capazes de ensinar suas habilidades a outra pessoa e assegurem a constância dessa transferência de conhecimentos, criando assim um efeito multiplicador.

“Milhões das pessoas mais vulneráveis do mundo não têm controle ou tratamento para o glaucoma. Conhecemos a miríade de obstáculos logísticos, táticos e médicos para fornecer tratamento àqueles que tanto necessitam”, afirmou.

Olivier questionou se os médicos estariam dispostos a se esforçar mais, como voluntários em treinamento ou consultores em casos de todo o mundo.

“Precisamos perceber que cabe a nós, a mim e a vocês, encontrar soluções a estes problemas. Nenhum outro exército de heróis, desbravadores ou cuidadores está tão bem equipado ou mais motivado para descobrir como superar a estagnação da situação atual”. – por Ashley Biro

Divulgação de informações: Olivier não tem interesses financeiros relevantes a serem divulgados.