Foram encontradas relações estruturais significativas entre a espessura macular e os defeitos no campo de visão

Um exame de OCT macular pode complementar outras modalidades de diagnóstico para diagnosticar e tratar o glaucoma.

Um estudo retrospectivo de pacientes com glaucoma submetidos a exames de tomografia de coerência óptica e exames automatizados do campo visual descobriu relações significativas e previsíveis entre os parâmetros de espessura macular e os defeitos no campo de visão relacionados à anatomia.

“Acredito que o exame macular com a tomografia de coerência óptica pode ser muito útil para a clínica”, afirmou o Dr. Louis B. Cantor, membro do conselho sobre glaucoma da OSN e coautor do estudo. “Tradicionalmente, enfocamos diversos tipos de defeitos na camada de fibras nervosas, descrevendo a perda de visão em casos de glaucoma da periferia ao centro. No entanto, já há algum tempo sabemos que os pacientes com glaucoma percebem outros problemas na visão, como cor e contraste, que são funções maculares”.

Ele afirmou que embora os pesquisadores demonstrassem uma perda geral da visão com o glaucoma, não se concentraram muito nos aspectos centrais da visão.

O estudo foi publicado no Journal of Glaucoma.

Métodos de estudo

O mesmo equipamento foi utilizado em 127 olhos de 127 pacientes com glaucoma: um Stratus OCT, com software versão 4.0.1, e um analisador de campo visual Humphrey (ambos da Carl Zeiss Meditec).

As varreduras maculares registraram os setores internos e externos superiores e inferiores, e os campos visuais registraram as sensibilidades limites de 16 pontos dentro do campo de visão central para tentar estabelecer uma correlação com as varreduras maculares.

“Esperávamos encontrar alguma correlação, mas nos surpreendemos ao descobrir que elas eram tão fortes”, Cantor contou à Ocular Surgery News. “No entanto, nenhuma área da mácula se destacou mais do que as outras, e acho que isso é coerente com o que pensávamos: todas as áreas da mácula são importantes. De todas as áreas maculares que analisamos, cerca de 80% a 90% tinham valores P de 0,001. Esta é uma correlação muito significativa estatisticamente”.

Por exemplo, a mácula interna superior apresentou uma correlação positiva com a linha interna inferior do campo de visão, e a mácula externa superior correspondeu fortemente à linha externa inferior do campo de visão.

Combinação de dados

Cantor afirma que os médicos precisam analisar mais de perto os dados maculares ao diagnosticar e tratar pacientes com glaucoma, e escutar com atenção o que eles têm a dizer sobre a função macular. No diagnóstico e no acompanhamento do glaucoma, geralmente não há um parâmetro a seguir.

“É a correlação entre diversos conjuntos de dados que nos permite tomar as melhores decisões. É necessário saber qual é a pressão, ver como é o campo de visão, verificar a varredura da fibra nervosa da retina e analisar todos estes dados conjuntamente para tomar uma boa decisão”, disse Cantor.

Somar a medição da espessura macular a essa equação pode melhorar os resultados para um paciente que, por exemplo, apresenta alterações na espessura macular relacionadas a defeitos no campo de visão, junto com a PIO limítrofe e a presença de áreas um pouco mais finas na camada de fibra nervosa da retina. Cantor afirmou que as decisões do tratamento podem variar ao analisar todas essas informações conjuntamente.

“Adicionar mais um parâmetro pode aumentar a sensibilidade e a especificidade dos nossos testes”, acrescentou.

Ainda que o estudo demonstre uma correlação real entre a espessura macular e os campos de visão glaucomatosos, Cantor disse que “ainda não sabemos exatamente como utilizar essas informações para tomar decisões. Enquanto isso, eu espero que meus colegas passem a avaliar se a espessura macular é baixa ou anormal, ou se ela se modificou ao longo do tempo”.

Cantor e seus colegas continuam coletando dados de varreduras maculares de OCT, para duplicar a quantidade de olhos estudados. – por Bob Kronemyer

Referência:
Boling W, et al. J Glaucoma. 2012;doi:10.1097/IJG.0b013e318239c32b.
Louis B. Cantor pode ser encontrado no Departamento de Oftalmologia do Eugene and Marilyn Glick Eye Institute, da Indiana University School of Medicine, 1160 W. Michigan St., Indianapolis, IN, 46202, EUA; +1-317-278-2651; e-mail: lcantor@iupui.edu.

Divulgação de informações: Cantor não tem interesses financeiros relevantes a serem divulgados.