September 01, 2014
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Interligação com riboflavina fotoativada é um tratamento promissor para a ceratite infecciosa

A interligação corneana para a ceratite infecciosa com liquefação da córnea não acelerou a cura da mesma, mas resultou em menos complicações do que a terapia antimicrobiana sozinha, segundo um estudo.

Nenhuma complicação grave ocorreu nos olhos submetidos à interligação corneana com cromóforo fotoativado para a ceratite (PACK-CXL) combinada à terapia antimicrobiana. O termo PACK-CXL foi criado para diferenciar o procedimento da interligação corneana para o tratamento do keratocono.

Dr. Farhad Hafezi, PhD, observou que através da redução da necessidade de antibióticos dispendiosos, o PACK-CXL pode auxiliar os médicos a satisfazer uma necessidade não atendida em países em desenvolvimento.

“Foi uma terapia adjuvante muito eficiente. A indicação real seria no surgimento precoce. Estamos interessados no tratamento dos infiltrados ... porque podemos erradicar totalmente as bactérias e provavelmente até mesmo os fungos sem a utilização de antibióticos”, afirmou o Dr. Farhad Hafezi, PhD, autor do estudo, em uma entrevista para a Ocular Surgery News.

Hafezi observou que através da redução da necessidade de antibióticos dispendiosos, o PACK-CXL pode auxiliar os médicos a satisfazer uma necessidade não atendida em países em desenvolvimento como a Índia, onde mais de 2 milhões de novos casos de ceratite infecciosa são relatados anualmente.

“Se colocarmos isso em uma visão mais global, temos utilizado a interligação para o keratocono há 15 anos, e esta é uma doença rara. É uma doença ruim, mas é rara”, afirmou. “Estamos tentando abordar as necessidades não atendidas. A combinação da PACK-CXL pode ser uma arma poderosa no futuro”.

O estudo foi publicado on-line antes da impressão em Ophthalmology.

Mecanismos potenciais de ação

Segundo Hafezi, três processos biológicos estão envolvidos na PACK-CXL. Em primeiro lugar, a fotoativação cria radicais livres que induzem o estresse oxidativo e rompem as membranas celulares bacterianas.

“Eles podem induzir interligações, mas além disso, estresse oxidativo. Temos uma quantidade enorme de estresse oxidativo em qualquer organismo vivo na superfície. Ela simplesmente mata os patógenos, sejam eles bactérias ou fungos”, afirmou Hafezi.

Em segundo lugar, a riboflavina liga-se ao DNA do patógeno e suprime a replicação.

Em terceiro lugar, a fotoativação altera a estrutura terciária das fibras de colágeno e dificulta que as colagenases ancorem em seus locais de segmentação.

Pacientes e parâmetros

O estudo prospectivo, conduzido no Egito, incluiu 21 olhos de 21 pacientes com ceratite infecciosa avançada e liquefação da córnea que foram submetidos à PACK-CXL combinada com a terapia antimicrobiana.

O grupo de controle incluiu 19 olhos de 19 pacientes submetidos apenas à terapia antimicrobiana.

Os olhos submetidos à PACK-CXL tiveram o epitélio da córnea removido em uma área de até 9 mm de diâmetro. A espessura corneana alvo da área sem epitélio estava entre 350 µm e 500 µm. Em córneas com espessura superior a 500 µm, o edema foi revertido com gotas de glicerol a 70% aplicadas a intervalos de 2 a 3 segundos por 5 minutos.

A acuidade visual corrigida para longe logMAR na linha de base era de 2,16 no grupo de estudo e 2,01 no grupo de controle. A diferença era insignificante.

O Staphylococcus foi o microrganismo bacteriano mais comumente identificado nas amostras de cultura e o Aspergillus foi a espécie de fungo mais comumente isolada.

Resultados e observações

O tempo médio para a cura foi de 39,76 dias no grupo de estudo e de 46,05 dias no grupo de controle. A diferença foi estatisticamente insignificante.

A acuidade visual corrigida para longe após o tratamento e a cura foi de 1,64 no grupo de estudo e de 1,67 no grupo de controle, também uma diferença insignificante.

O tamanho médio da úlcera foi significativamente maior no grupo de estudo do que no grupo de controle (largura: P = 0,004; comprimento: P = 0,007).

Ocorreu a perfuração da córnea em três pacientes do grupo de controle; um paciente teve infecção recorrente. Não foi identificada nenhuma complicação grave no grupo de estudo.

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Foi identificada limbite em todos os pacientes no grupo de estudo, mas esta foi resolvida entre 5 a 7 dias em todos os casos, exceto um. A limbite persistiu em um paciente por 3 semanas após o tratamento.

Hafezi e seus colegas planejam conduzir um estudo multicêntrico (de oito a 10 locais) em países diferentes.

“Novamente faremos pequenas úlceras sem a utilização de antibióticos e teremos um grupo de controle com tratamento convencional”, afirmou ele. – por Matt Hasson

Divulgação de informações: Hafezi é co-inventor da aplicação PCT/CH 2012/000090 (fonte de luz ultravioleta).