Injeções intravítreas bilaterais no mesmo dia desde uma única ampola são consideradas seguras
Além disso, um sistema de supervisão bacteriana molecular pode possibilitar a detecção precoce da contaminação do medicamento.
Nenhuma complicação foi encontrada em uma análise retrospectiva de 135 pacientes que receberam 574 injeções intravítreas bilaterais no mesmo dia desde uma única ampola com seringas ou agulhas diferentes em uma série de doenças da retina. Além disso, das 278 injeções avaliadas em relação à contaminação bacteriana, não houve nenhum caso detectado de contaminação do medicamento por bactéria.
“Como especialistas em retina, frequentemente encontramos no consultório pacientes que desejam receber injeções bilaterais simultaneamente devido a limitações de tempo e distância”, disse o coautor do estudo, o Dr. Kyu Hyung Park, PhD, chefe da divisão de vítreo e retina no Seoul National University Bundang Hospital na Coreia do Sul. “Nesses casos, sempre hesitamos em fazer injeções bilaterais com medo de complicações bilaterais. Por isso, queríamos dados eficazes para avaliar se a injeção bilateral é um método viável para tratar pacientes com doenças maculares bilaterais”.
O estudo, que foi publicado na Retina, empregou o uso da reação em cadeia da polimerase (PCR) em tempo do DNA ribossômico 16S com eubactérias para fazer a triagem bacteriana molecular.
Triagem bacteriana molecular
“Não houve contaminação do medicamento, mesmo retirando o bevacizumab de uma única ampola mais de 10 vezes”, informou Park à OSN.
Os autores do estudo não afirmaram categoricamente que o uso de uma única ampola seja tão seguro quanto o uso de duas ampolas diferentes para fazer injeções bilaterais.
“Se o fator econômico permitir, o uso de ampolas diferentes para cada olho ainda é a maneira mais segura de realizar injeções bilaterais”, comentou Park. “Mas, na prática, isso não é possível e, por isso, tivemos que encontrar um método alternativo sem deixar de considerar os riscos, os benefícios e, o mais importante, a segurança”.
A triagem bacteriana molecular possibilita fazer a detecção precoce da contaminação do medicamento que pode ter ocorrido durante a produção da droga, o armazenamento ou o procedimento da alíquota.
Embora o número de injeções bilaterais não tenha sido grande o suficiente para detectar casos de endoftalmite, e o teste de PCR com eubactérias possivelmente não tenha avaliado a baixa carga bacteriana, Park disse que a retirada repetida de medicamentos no mesmo dia é relativamente segura e pode ser uma alternativa para a constituição de alíquotas feita por uma farmácia de manipulação profissional.
“[A triagem bacteriana molecular] ajuda os clínicos a decidir se é necessário monitorar os pacientes com maior frequência, além de ajudar a tomar uma decisão mais rápida sobre tratar o paciente de maneira mais veemente”, afirmou o médico.
A triagem também auxilia na determinação do antibiótico apropriado.
Medidas de segurança
Para aumentar o perfil de segurança do uso de uma única ampola, os autores aplicaram um 10% de esfregaço com povidona-iodina na tampa de borracha da ampola e esperaram até que o antisséptico tópico secasse completamente antes de cada retirada do medicamento.
“Também descartamos a ampola única ao término das injeções no mesmo dia”, afirmou Park. “Reutilizar a ampola usada em outros dias pode aumentar a carga bacteriana se a ampola tiver sido acidentalmente contaminada, além de aumentar a possibilidade de endoftalmite após as injeções intravítreas”.
Para drogas com alíquotas múltiplas, como o bevacizumab, os autores recomendaram produtos seguros de farmácias de manipulação profissionais que aderem ao Capítulo Geral 797 da farmacopeia dos EUA.
“Se, por qualquer motivo, um medicamento da farmácia de manipulação profissional não estiver disponível, retiradas múltiplas de uma única ampola no mesmo dia e sistemas de supervisão adequados como a PCR com eubactérias podem ser um método alternativo para detectar a contaminação do medicamento e para determinar uma intervenção precoce adequada ao paciente”, informou Park.
Desde 2008, os autores realizaram a PCR com eubactérias em mais de 4.000 pacientes que receberam injeções intravítreas.
“Devido à baixa incidência de endoftalmite e de contaminação do medicamento, não encontramos dados positivos da PCR com eubactérias”, disse Park. “Portanto, vamos realizar um procedimento em aproximadamente 10.000 pacientes para avaliar a eficácia do procedimento de triagem”. – por Bob Kronemyer
Referência:
- Woo SJ, Han JM, Ahn J, et al. Bilateral same-day intravitreal injections using a single vial and molecular bacterial screening for safety surveillance. Retina. 2012;32(4):667-671.
- Kyu Hyung Park, PhD, pode ser encontrado no Department of Ophthalmology, Seoul National University Bundang Hospital, Nº 300, Gumi-dong, Bundang-gu, Seongnam, Gyeonggi-do, 463-707, Coreia do Sul; 82-31-787-7373; e-mail: jiani4@snu.ac.kr.
Divulgação de informações:
- Park não tem interesses financeiros relevantes a serem divulgados.