O novo atlas está trabalhando para ajudar na erradicação do tracoma
O atlas global apresenta informações atualizadas sobre a distribuição do tracoma.
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Um atlas dedicado ao controle do tracoma facilita o monitoramento da distribuição dessa doença e pode ter uma função importante no suporte a estratégias de controle.
Este novo atlas, um esforço conjunto da International Trachoma Initiative e da London School of Hygiene & Tropical Medicine (LSHTM), apresenta as informações mais atualizadas sobre a distribuição do tracoma, disse Sarah Polack, PhD,palestrante da LSHTM, na reunião da French Society of Ophthalmology em Paris. Em comparação ao primeiro atlas sobre tracoma, desenvolvido em 2005 pela LSHTM e pela [Organização Mundial da Saúde (WHO)], ele oferece uma ampla atualização, incluindo dados de quatro novos distritos.
Por sua contribuição com o projeto, a Dra. Polack foi premiada com a Gold Medal of Trachoma pela International Organization Against Trachoma e pela French League Against Trachoma na reunião.
O tracoma é a causa infecciosa mais comum de cegueira no mundo todo, com os estágios ativos da doença ocorrendo em crianças e os estágios da triquíase cegante ocorrendo mais tarde. De acordo com estimativas recentes, 1,3 milhões de pessoas estão cegas e 1,8 milhões têm pouca visão devido a essa doença.
Atualmente, ela é mais prevalente na África, mas também é encontrada no Oriente Médio, na América Latina, no Sudeste Asiático e no Pacífico Ocidental, normalmente nas comunidades mais marginalizadas e com maiores desvantagens econômicas.
Ferramenta útil
Em 1997, a WHO implementou um programa denominado Global Elimination of Trachoma by 2020 (GET 2020) com base na, assim chamada, estratégia SAFE, informou a Dra. Polack na reunião. A SAFE inclui uma combinação de intervenções para tratar a morbidade e a transmissão a longo prazo da bactéria Chlamydia trachomatis: cirurgia da triquíase, antibióticos, lavagem facial e melhorias ambientais.
A recomendação para a implementação da SAFE é baseada na prevalência ao nível de distritos. Atividades de controle iniciais são implementadas nos distritos da WHO, com foco subsequente nas necessidades específicas de comunidades individuais.
É muito importante ter conhecimento sobre a prevalência ao nível de distrito para orientar o controle, e essas informações são fornecidas primeiramente por pesquisas realizadas para deduzir estimativas da doença com base na população. Foram realizadas pesquisas por vários programas nacionais de controle do tracoma, pesquisadores e [organizações não-governamentais]. Mas essas informações costumam ser mantidas pela organização [que] as coletou ou pelos municípios onde os dados estavam disponíveis, comentou a Dra. Polack.
O objetivo do atlas atualizado era coletar e comparar todas essas informações em âmbito mundial para apresentar um quadro global e atualizado do tracoma, disse ela.
Os mapas têm a vantagem de descrever a distribuição de maneira clara e perceptível, destacando onde há falta de dados. Eles são uma forma visual de mostrar onde são necessárias mais informações e iniciativas de controle, de monitorar as tendências ao longo do tempo, de documentar o progresso e, por último, de promover suporte político e financeiro para o controle da doença.
Além disso, os mapas podem ajudar a avaliar a sobreposição geográfica com outras doenças, facilitando a integração e a otimização de recursos para programas de controle da doença, afirmou a Dra. Polack.
Outro propósito fundamental desse trabalho é tornar esses mapas acessíveis e fáceis de serem atualizados através da Internet. Eles estão disponíveis em www.trachomaatlas.org.
Cobertura geográfica mais ampla
Um total de 175 pesquisas com base na população foram identificadas, fornecendo informações de tracoma ativo em 42 países e de triquíase de tracoma em 39 países. Em seis países adicionais dos quais não havia dados disponíveis, foi realizada uma rápida avaliação ou coleta casuística de informações de autoridades de saúde ou organizações não-governamentais. A maioria dos dados incluídos nos mapas eram de programas de controle do tracoma.
Fomos surpreendidos de maneira positiva pelo crescimento da cobertura geográfica de pesquisas sobre o tracoma, que aumentou de 205 distritos antes de 2005 para 895 atualmente. Isso reflete um aumento no número de pesquisas nacionais ou regionais em larga escala ocorrendo nos últimos anos, disse a Dra. Polack.
Com base nos dados disponíveis, a África tem a maior prevalência do tracoma, principalmente em áreas de savana do Leste Africano e da África Central e na área do Sahel na África Ocidental. Programas de controle com êxito reduziram consideravelmente a incidência em algumas áreas: Marrocos alcançou o status de eliminação do tracoma, Gana está se encaminhado para a eliminação e há evidências da redução da prevalência em Mali.
No entanto, ainda faltam as estimativas de prevalência em algumas áreas, declara a Dra. Polack.
Estão disponíveis apenas informações incompletas da Ásia e do Pacífico Ocidental. Foram coletados dados de pesquisa precisos na Austrália, onde o tracoma persiste na comunidade aborígene indígena. Embora ainda haja falta de dados da Índia e da China, o Nepal realizou pesquisas abrangentes de áreas endêmicas suspeitas nos últimos 5 anos e tem feito um progresso animador em relação ao controle.
No Oriente Médio foi relatada uma baixa prevalência, mas os dados são limitados e desatualizados. Na América Latina, o tracoma limita-se ao Brasil, à Guatemala e a um distrito no México.
O atlas é um trabalho em andamento. Contamos com a chegada de novas informações para atualizar continuamente esses mapas, e toda contribuição será bem-vinda afirmou a Dra. Polack.
por Michela Cimberle
Referencia:
- Frick KD, Basilion EV, Hanson CL, Colchero MA. Estimating the burden and economic impact of trachomatous visual loss. Ophthalmic Epidemiol. 2003. 10(2):121-132.
- Resnikoff S, Pascolini D, Etyaale D, et al. Global data on visual impairment in the year 2002. Bull World Health Organ. 2004. 82(11):844-851.