Novo implante com óptica trifocal pode resolver lacunas na visão intermediária
A curva desfocada não exibe a lacuna entre –1 D e –2 D característica de outras lentes multifocais.
Um novo implante intraocular trifocal possibilita a independência de óculos e uma boa visão em todas as distâncias, incluindo a intermediária, de acordo com um palestrante.
“Um dos recursos exclusivos dessa lente multifocal com novo conceito é que ela permite não apenas a visão de longe e de perto, mas também a intermediária, fato considerado o ponto fraco de todos os implantes multifocais até agora”, afirmou o Dr. Gilles Lesieur, no encontro da French Society of Ophthalmology, em Paris.
Em implantes multifocais padrão, a luz é dividida em dois focos: um para a visão de longe e um para a de perto. Os incrementos na superfície da lente são organizados em alturas e larguras variáveis. A altura do incremento determina a divisão da energia luminosa entre as ordens de difração de 0 (visão de longe) e +1 (visão de perto), enquanto a largura do incremento determina a correção de potência adicional das lentes. Há mais incrementos com o aumento da correção de potência adicional. A potência da visão à distância é determinada pela curvatura da lente, disse o Dr. Lesieur.
Gilles Lesieur
“Essas lentes geralmente são apodizadas”, afirmou o médico. “A apodização é uma redução gradual nas alturas do incremento difrativo do centro à periferia, com uma quantidade maior de energia direcionada para o foco distante. A esfericidade é outra característica desses implantes. Ela permite a compensação das aberrações esféricas positivas da córnea para aumentar a profundidade da área e a sensibilidade de contraste”.
Existem dois problemas principais inerentes à configuração das LIOs multifocais. A distribuição bimodal da luz gera a redução da qualidade da visão intermediária e uma perda de 18% a 20% da energia luminosa, com consequente diminuição da sensibilidade de contraste.
“Isso é claramente observado nas curvas desfocadas de implantes multifocais, em que há uma lacuna entre –1 D e –2 D”, afirmou o Dr. Lesieur.
Nova tecnologia de implante
O novo implante FineVision (PhysIOL), baseado no projeto do Dr. Damien Gatinel, PhD, tem uma óptica trifocal que combina uma adição de +3,50 D na visão de perto e +1,75 D de adição para a visão intermediária, assim como um foco distante para a visão de longe determinada pela curvatura LIO. Isso possibilita uma distribuição uniforme da luz. Isso possibilita uma distribuição uniforme da luz.
“A perda de luz é reduzida a 14% e a lacuna é eliminada da curva desfocada, o que significa que não há quedas na acuidade visual a qualquer distância. A visão intermediária é excelente em comparação a outras lentes e a visão nítida de longe e de perto é mantida sem redução da sensibilidade de contraste. A lente recupera a luz que outros implantes perdem. É o único implante que [nos] permite restaurar a multifocalidade com uma visão intermediária”, comentou o Dr. Lesieur.
O Dr. Lesieur disse que usou o implante Acri.Lisa (Carl Zeiss Meditec) anteriormente e que o aprovou, mas que ele ainda requer o uso de óculos para trabalhar na frente do computador. Com essa nova lente que cobre todo o alcance de visão, o paciente não necessita de óculos a qualquer distância, afirmou o doutor.
A LIO FineVision é um modelo anesférico com uma curvatura de –0,11 µm. Uma lente bloqueadora de azul com filtro de amarelo pode ser implantada através de uma incisão de 1,8 mm. É um implante multifocal dominante para a visão de longe. A apodização em toda a óptica aumenta o domínio da visão de longe com a abertura da pupila. Ela é especialmente adequada para pacientes entre 55 e 65 anos que desejam corrigir a presbiopia e estão começando a desenvolver catarata, de acordo com o Dr. Lesieur.
Resultados do estudo
Em um estudo, 20 olhos de 20 pacientes (catarata e troca de lente refrativa) receberam o implante FineVision. A média de idade dos pacientes era de 60 anos e o acompanhamento médio foi de 3 meses. Os participantes do estudo não tinham patologias associadas nem astigmatismo superior a 1,0 D. A acuidade visual pós-cirúrgica média era 20/28 e o astigmatismo médio era 0,79 D. A potência média da lente era 22 D.
“A visão de longe do pós-cirúrgico [acuidade visual] aumentou para 20/20, tanto a corrigida como a não corrigida, com diâmetro da pupila normal em condições fotópicas, 2,92 mm. A visão de perto e a intermediária estavam entre J2 e J1. A curva desfocada era contínua, sem lacunas”, afirmou o Dr. Lesieur. – por Michela Cimberle
Para maiores informações:
- O Dr. Gilles Lesieur pode ser encontrado no Centre Ophtalmologique IRIDIS, 32 place Jean Jaurès, 81000 Albi, France; +33-5-63494780; email: g.lesieur@centre-iridis.fr.
- Divulgação de informações: O Dr. Lesieur é consultor da PhysIOL e da Bausch + Lomb.