Cirurgia de catarata com laser femtosegundo pode aumentar o risco de
Estratégias preventivas incluem a minimização da inflação da câmara anterior, a descompressão da cápsula da lente e a regulação do volume do fluido.
O gás gerado durante a cirurgia de catarata refrativa com laser femtosegundo pode produzir lágrimas capsulares posteriores e aumentar o risco de síndrome de bloqueio capsular, de acordo com um estudo.
A presença de gás intracapsular e as alterações induzidas pelo laser no córtex são exclusivamente associadas à cirurgia de catarata com femtosegundo, afirmou o Dr. Michael A. Lawless,editor associado da Edição Ásia/Pacífico da OSN, no Refractive Subspecialty Day, que precedeu a reunião da American Academy of Ophthalmology.
“As descobertas significativas foram que a cirurgia de catarata com laser altera o ambiente intraoperatório por meio da geração de gás intracapsular”, afirmou o Dr. Lawless em uma entrevista por e-mail. “Isso, em conjunto com as alterações induzidas pelo laser no córtex, podem levar à síndrome de bloqueio capsular com ruptura da cápsula posterior. Esse é um problema que pode ser evitado, mas ao qual os cirurgiões que estão começando a fazer a cirurgia de catarata com laser devem estar atentos”.
Imagem do olho imediatamente antes de remover a lente. Observe a bolha de gás posterior ao padrão de fragmentação da lente.
Síndrome de bloqueio capsular.
Imagem: Lawless MA
A síndrome de bloqueio capsular pode resultar na ruptura da cápsula posterior e no deslocamento posterior da lente. Ela é causada por um aumento rápido do volume de fluido posterior durante a hidrodissecção que pode ocorrer se o fluxo de fluido do espaço capsular for afetado.
“Como o gás é liberado dentro da cápsula, a cirurgia de catarata com laser pode contribuir para a síndrome de bloqueio capsular. Isso acontece porque, com a fragmentação da lente feita pelo laser, é produzido gás intralenticular que pode aumentar o volume intracapsular”, afirmou o Dr. Lawless.
Dois casos complicados
O Dr. Lawless analisou dois casos de síndrome de bloqueio capsular que ocorreram em 50 procedimentos de cirurgia de catarata com laser femtosegundo. O laser femtosegundo LenSx (Alcon) foi usado para criar capsulotomias, fazer a fragmentação da lente e realizar incisões corneanas.
Dois pacientes desenvolveram lágrimas capsulares posteriores depois da hidrodissecção da lente. Isso resultou no deslocamento da lente e na migração para o vítreo, explicou o Dr. Lawless.
Os pacientes passaram por vitrectomia, extração do cristalino e implante de LIOs na câmara posterior com fixação no sulco. Nenhuma complicação foi reportada.
“Antes de nos darmos conta dessa possível complicação, a cápsula posterior se rompeu e a lente foi deslocada para o segmento posterior em dois casos no nosso grupo durante a hidrodissecção”, explicou. “Felizmente, em algumas horas, um cirurgião vitreorretinal resolveu o problema com uma abordagem vitreorretinal para remover a catarata. Uma lente foi colocada no sulco sem dificuldade e os dois pacientes atingiram uma acuidade corrigida de 6/6”.
Manobras preventivas
A síndrome de bloqueio capsular pode ser evitada com a observação cuidadosa, afirmou o Dr. Lawless.
“Essa tecnologia pode ser introduzida de forma segura. No entanto, os cirurgiões precisam estar cientes de que o ambiente intraoperatório é melhor, mas diferente do ambiente ao qual eles estão acostumados na facoemulsificação normal”, lembrou. Ao descrever essa complicação séria, o Dr. Lawless espera evitar que outros cirurgiões repitam esse problema.
Para evitar a síndrome do gás intracapsular, o cirurgião deve reduzir o preenchimento do dispositivo de viscoelástico oftálmico antes da remoção da cápsula para evitar a inflação excessiva da câmara anterior, afirmou. Em seguida, o cirurgião deve descomprimir a câmara anterior antes e durante a hidrodissecção exercendo pressão sobre o lábio posterior da incisão corneana com a articulação da cânula. O cirurgião deve descomprimir a cápsula da lente durante a hidrodissecção elevando a cápsula anterior com a ponta da cânula de hidrodissecção durante a injeção.
O fluido de hidrodissecção deve ser injetado lentamente, sendo que o volume do fluido deve ser ajustado com base na onda de fluido em expansão. Um instrumento de porta pré-corte ou cego deve ser usado para fazer fendas nos hemisférios antes da hidrodissecção para permitir a liberação do gás e/ou do fluido injetado, destacou o Dr. Lawless.
Ele observou que não encontrou casos de síndrome do gás capsular em mais de 300 procedimentos subsequentes. – por Matt Hasson
Referência:
- Roberts TV, Sutton G, Lawless MA, Jindal-Bali S, Hodge C. Capsular block syndrome associated with femtosecond laser-assisted cataract surgery. J Cataract Refract Surg. 2011;37(11):2068-2070.
Para maiores informações:
- O Dr. Michael A. Lawless pode ser encontrado no Vision Eye Institute, Level 4, 270 Victoria Ave., Chatswood NSW 2067, Australia; 9424 9999; fax: +61-9415-4220; email: michael.lawless@vgaustralia.com.
- Divulgação de informações: O Dr. Lawless é membro do conselho consultivo médico da Alcon/LenSx.