Termoceratoplastia com interligação pode ser útil no tratamento do ceratocone
A energia das micro-ondas achata a córnea e a interligação do colágeno corneano mantém a forma ideal da córnea, diz cirurgião.
![]() Gustavo E. Tamayo |
Um tratamento não incisivo baseado em micro-ondas tem produzido resultados positivos no tratamento do ceratocone e da ectasia corneana, de acordo com um proponente da tecnologia.
O sistema Keraflex (Avedro) envolve a aplicação da energia de micro-ondas para achatar a córnea. A interligação simultânea ou retardada do colágeno corneano reforça as mudanças na forma corneana e evita a regressão para o perfil corneano da linha de base.
A combinação da termoceratoplastia com a interligação corneana pode se tornar uma terapia padrão por ser um procedimento não invasivo, estável e confiável, afirmou em uma entrevista por e-mail o Dr. Gustavo E. Tamayo, Membro do Conselho Editorial da Edição Latino-Americana da OSN.
“Este tratamento se tornará uma das primeiras opções para o tratamento do ceratocone devido ao fato de que não é um procedimento para ressecção de tecido”, destacou o Dr. Tamayo. “Precisamos demonstrar que o tratamento é estável e que não é vista regressão com o tempo, mas o fato de adicionarmos interligação ao tratamento aumenta a possibilidade de estabilização”.
O Keraflex também tem potencial para o tratamento de miopia, especialmente em casos de alto risco, lembrou o Dr. Tamayo.
“O procedimento Keraflex será outra opção de tratamento para miopia no futuro, particularmente para córneas fracas ou propensas a desenvolver ectasia”, afirmou o Dr. Tamayo. “Por natureza, o procedimento Keraflex não põe em perigo a biomecânica da córnea”.
O sistema Keraflex não está disponível nos Estados Unidos. Ele está sendo distribuído na Europa, na América do Norte, na América do Sul, na Ásia, na Austrália e na Nova Zelândia.
O procedimento Keraflex é composto de dois passos: a aplicação anular de energia controlada de micro-ondas e interligação do colágeno. Um anel de sucção é colocado no olho e é usado um dispositivo para a aplicação de micro-ondas.
Ceratocone, ectasia
Até o momento, o procedimento Keraflex tem produzido fortes resultados visuais e um perfil de alta segurança no tratamento do ceratocone grave, destacou o Dr. Tamayo.
“Como todos os casos estavam prontos para transplante, todos melhoraram várias linhas [de acuidade visual não corrigida e melhor acuidade visual corrigida] e, dessa forma, o procedimento é muito seguro e eficaz no ceratocone grave”, disse.
O Dr. Tamayo usou o Keraflex para tratar cinco casos de ceratocone grave desde agosto de 2011, mas nenhum caso de miopia não ceratocônica.
“Os resultados foram impressionantes, para dizer o mínimo”, disse o Dr. Tamayo. “Todos os casos eram conta dedos antes do tratamento, com curvaturas corneanas maiores que 57 D. Após o tratamento, todos os cinco eram 20/150 ou melhor [sem correção] e todas as curvaturas estavam abaixo de 52 D. Lembre-se de que todos os casos estavam prontos para a ceratoplastia”.
O Dr. Tamayo afirmou que o Keraflex com interligação pode ser adaptado para as necessidades dos pacientes.
“Com mais casos tratados, pode ser desenvolvido um nomograma para obter a curvatura corneana desejada para cada caso em termos do tempo de aplicação das micro-ondas e a interligação, bem como o momento exato quando a interligação deve ser aplicada após o tratamento ser executado”, disse.
Resultados visuais e topográficos
Durante um simpósio patrocinado pela Avedro, durante a reunião da American Academy of Ophthalmology em Orlando, Flórida, o Dr. Tamayo descreveu os expressivos resultados visuais e topográficos obtidos com o procedimento Keraflex.
Um paciente com acuidade visual não corrigida pré-operatória de conta dedos e melhor acuidade visual corrigida de Snellen de 20/200, teve acuidade visual não corrigida pós-cirúrgica de 20/100.
Um segundo paciente com acuidade visual não corrigida pré-operatória de conta dedos e melhor acuidade visual corrigida de 20/150 melhorou após a cirurgia para acuidade visual não corrigida de 20/150 e melhor acuidade visual corrigida de 20/80.
Um terceiro paciente com acuidade visual não corrigida pré-operatória de 20/200 e melhor acuidade visual corrigida de 20/50 teve acuidade visual não corrigida pós-cirúrgica de 20/150 e melhor acuidade visual corrigida de 20/50.
Um quarto paciente com acuidade visual não corrigida média pré-operatória de conta dedos e melhor acuidade visual corrigida média de 20/80 teve acuidade visual não corrigida pós-cirúrgica de 20/200 e melhor acuidade visual corrigida de 20/50, destacou o Dr. Tamayo.
Dados topográficos de outro caso mostraram aberrações de ordem mais alta de raiz quadrada média total de 1,686 µm, com coma de 1,005 µm, aberração esférica de 0,963 µm e trifólio de 0,626 µm. O paciente também tinha 5,463 µm de astigmatismo.
Pós-cirurgicamente, o paciente tinha aberrações de ordem mais alta de raiz quadrada média total de 1,475 µm, com coma de 1,108 µm, aberração esférica de 0,133 µm e trifólio de 0,808 µm. O astigmatismo pós-cirúrgico era de 3,996 µm.
O paciente também teve diminuição significativa nos valores ceratométricos, de curvatura corneana e de elevação corneana, destacou o Dr. Tamayo. – por Matt Hasson
For more information:
- O Dr. Gustavo E. Tamayo pode ser encontrado no Bogotá Laser Refractive Institute, Calle 113 #7-45 Torre B, Suite 906, Bogotá, Colombia; +57-1-629-2860; fax: +57-1-629-2905; email: gtvotmy@telecorp.net.
- Divulgação de informações: O Dr. Tamayo é consultor do Abbott Medical Optics, da Presbia e da Eyegenics.