Técnica de inserção de plugs punctais evita a migração
Apesar da migração do plug intracanalicular geralmente resultar em poucas consequências adversas, há possibilidade de complicações secundárias.
Uma nova técnica de inserção de plug punctal lacrimal foi empregada em um estudo para evitar a migração do plug intracanalicular durante a inserção.
A nova técnica não provocou a migração do plug, afirmaram os autores do estudo, a Dra. Minako Kaido e o Dr. Murat Dogru, PhD, em uma entrevista para a Ocular Surgery News.
A migração do plug intracanalicular, uma complicação associada com a técnica convencional de inserção de plug, é assintomática e não traz consequências adversas na maioria dos pacientes. Entretanto, a migração pode levar a complicações secundárias, explicou o Dr. Dogru.
“Nunca presenciamos um único incidente de migração do plug para o sistema”, ele afirmou. “Isto provavelmente evitará mais complicações relacionadas à migração ou perda no sistema, tais como formação de granulação e infecção secundária, entre outras.”
Mesmo os plugs perdidos no sistema canalicular lacrimal podem continuar a obstruir o sistema e melhorar os sintomas de olho seco, mas ainda poderão surgir complicações.
Figura 1. O SuperFlex Punctum Plug é acoplado ao insersor com uma agulha embutida. A técnica de inserção padrão inclui um espaço entre o plug e a estrutura do insersor. Figura 3. O anel punctal permanece na estrutura do insersor quando o espaço entre o plug e o corpo do insersor for eliminado. |
Figura 2. Na técnica de inserção padrão para os SuperFlex Punctum Plugs, desenvolvida pelo Dr. Minako Kaido e colegas, o espaço entre o plug e a estrutura do insersor é eliminado ao pressionar o botão antes da inserção. ![]() Figura 4. Mesmo quando o plug for profundamente inserido abaixo do anel punctal, ele pode ser puxado para cima e removido para evitar a sua migração. Imagens: Kaido M |
“Às vezes, os plugs podem ser deslocados — por exemplo, em caso de espirro ou tosse — e haverá perda do efeito de bloqueio, ou podem causar formação de granuloma”, explicou o Dr. Dogru.
A apreensão relacionada à possível migração do plug levou ao surgimento da nova técnica de inserção.
“Estávamos apreensivos em continuar com a inserção punctal lacrimal, pois desejávamos evitar definitivamente a migração”, afirmou o Dr. Kaido. “Por isso, estávamos sempre pensando em como evitá-la. Por esta razão eu enfatizei esta nova técnica”.
As descobertas foram publicadas no American Journal of Ophthalmology.
Pacientes e métodos
O estudo comparativo, não randomizado e intervencional incluiu 45 pacientes com olho seco e idade média de 52,7 anos que se submeteram à nova técnica de inserção de plug punctal e 33 pacientes com idade média de 50 anos que se submeteram à técnica convencional.
De modo geral, os cirurgiões realizaram 120 procedimentos com a nova técnica e 132 procedimentos com a técnica padrão. Todos os pacientes receberam os SuperFlex Punctum Plugs (Eagle Vision) e passaram por exames de função lacrimal e de superfície ocular.
Os diagnósticos de olho seco basearam-se no critério do grupo de pesquisa de olho seco do Japão. Todos os pacientes passaram pelo procedimento de oclusão punctal superior e inferior e exames de acompanhamento por, no mínimo, 3 meses.
Qualquer candidato à oclusão por plug punctal pode seguramente se submeter à inserção com a nova técnica, afirmou o Dr. Dogru.
O insersor de plug SuperFlex tem uma agulha embutida em forma de L, com a parte mais comprida enganchada ao insersor de plug e a parte mais curta conectada a um botão de pressão. Ao pressionar o botão, a agulha é retraída, fazendo com que o plug vá de encontro à extremidade da estrutura do insersor e seja desacoplado para oclusão.
“Acreditamos que quando há um espaço entre o plug e o insersor… e quando o plug é inserido além do anel punctal lacrimal, o anel move-se na direção da agulha, formando uma barreira para puxar um plug profundamente inserido predispondo à migração de plug intracanalicular”, constataram os autores do estudo. “Entretanto, quando o espaço entre o plug e a estrutura do insersor for eliminado ao se pressionar o botão, antes da inserção, o anel punctal pousa na estrutura do insersor. Mesmo quando o plug for profundamente inserido abaixo do anel punctal, ele ainda pode ser puxado para cima”.
Resultados e conclusões
A nova técnica de inserção de plug não resultou em incidentes de migração de plug intracanalicular. Os dados mostraram 18 incidentes de migração entre os 132 procedimentos de inserção padrão (13,6%). As diferenças entre as duas técnicas quanto à incidência de migração de plug intracanalicular foram estatisticamente significativas (P < ,05).
As diferenças nas classificações de função lacrimal e de coloração da superfície ocular entre os grupos de pacientes não foram estatisticamente significativas. As relações entre as frequências e as proporções da migração do plug intracanalicular não foram estatisticamente significativas.
A perda de plug espontânea foi evidenciada em 39,4% dos olhos que se submeteram à inserção com a técnica convencional e em 30% dos olhos que se submeteram à inserção com a nova técnica. Entretanto, a diferença entre as freqüências de perda de plug espontânea dos dois grupos não foi significativa estatisticamente.
“Deve-se observar que a frequência de migração de plug intracanalicular relatada neste estudo é relacionada apenas ao SuperFlex Punctum Plug, e que estudos comparativos posteriores para outros plugs fornecerão informações interessantes”, afirmaram os autores do estudo. — por Matt Hasson
Referência:
- Kaido M, Ishida R, Dogru M, Tsubota K. A new punctal plug insertion technique to prevent intracanalicular plug migration. Am J Ophthalmol. 2009;147(1):178-182.e1.
- O Dr. Murat Dogru, PhD, e o Dra. Minako Kaido podem ser contatados no Department of Ophthalmology, Keio University School of Medicine, Shinanomachi 25, Shinjuku-ku, Tokyo, Japan 160-8582; 81-03-3353-1211; e-mails: muratodooru@yahoo.com; fwiw1193@mb.infoweb.ne.jp.