Síndrome de íris flácida tratável com os dispositivos oftálmicos viscocirúrgicos viscoadaptativo correto
Apesar de sódio a 2,3% é um material de trabalho difícil, ele pode estabilizar o olho para obter uma acoemulsão mais segura.
![]() Gerd U. Auffarth |
A escolha do viscoelástico correto pode ser o diferencial entre uma cirurgia de catarata complicada e simples, ao lidar com a síndrome da íris flácida intraoperatório, segundo um cirurgião.
Ao utilizar este conhecimento na aplicação técnica de dispositivos oftálmicos viscocirúrgicos (DOV) na cirurgia de catarata, o Dr. Gerd U. Auffarth descobriu que o Healon5 (hialuronato de sódio a 2,3%, da Advanced Medical Optics) pode ter um papel importante no tratamento desta complicação.
Segundo o Dr. Auffarth, o hialuronato de sódio de 2,3% pode agir como um dilatador de pupila além de estabilizar a câmara anterior para uma capsulorexis simples e facoemulsão segura.
“Isto mantém a íris afastada, e sem tocá-la ou sem utilizar qualquer instrumento sobre ela, é possível lidar mais ou menos com todos os casos de síndrome de íris flácida”, afirmou para a Ocular Surgery News em uma entrevista por telefone.
Fator tamsulosin
Em 2005, os Drs. David F. Chang e John Campbell alertaram que a síndrome da íris flácida intraoperatória seria um efeito colateral imprevisível do medicamento que combate a hipertrofia prostática denominado Flomax (tamsulosin, da Boehringer-Ingelheim Pharmaceuticals).
O efeito relaxante do tamsulosin sobre a pupila pode causar danos em uma cirurgia de catarata padrão e aparentemente simples.
“Se houver um caso de síndrome de íris flácida e o cirurgião acidentalmente tocá-la ou pinçá-la com um dispositivo manual de faco, então toda a cirurgia será prejudicada”, afirmou o Dr. Auffarth.
Figura 1. A injeção de suprarrenina não dilata a pupila, mas evidencia a aparência flácida da íris. ![]() Figura 3. Uma capsulorexis segura com hialuronato de sódio a 2,3%. Figura 5. Faco sob condições de vácuo baixo e vazão baixa. |
Figura 2. A injeção de hialuronato de sódio a 2,3% dilata a pupila, permitindo uma capsulorexis normal. Figura 4. Hidrodissecção cuidadosa com solução salina balanceada com hialuronato de sódio a 2,3%. Algum DOV precisa ser injetado. ![]() Figura 6. A remoção cuidadosa do DOV é obrigatória no final da cirurgia. Imagens: Auffarth GU |
Normalmente, a íris tem uma aparência perfeitamente normal e a única maneira de os cirurgiões de catarata evitarem surpresas intraoperatórias é questionar o paciente especificamente sobre o tamsulosin, especialmente se tiver mais de 70 anos, ele explicou.
“Uma pergunta mais genérica como ‘Você toma algum medicamento?’ pode ser traiçoeira, pois alguns pacientes acreditam que o medicamento utilizado para problemas urinários ou prostáticos não é importante para um oftalmologista”, ele afirmou.
Uma estratégia baseada apenas em DOV
Se a íris flácida ocorrer, o uso de ferramentas intraoperatórias como retratores de íris e dispositivos de expansão da pupila podem causar mais danos do que benefícios, por isso uma estratégia de DOV e mais segura e eficaz, segundo o Dr. Auffarth.
“Quando comecei a usar o Healon5, descobri que apenas este procedimento era mais do que suficiente para lidar com este tipo de paciente”, afirmou. “Primeiro, eu o utilizei para tratar a íris flácida, pois funcionou muito melhor do que o Healon (hialuronato de sódio de 1%) ou o Healon GV (hialuronato de sódio a 1,4%) ao pressionar e retrair a íris durante a sua protrusão através da incisão. Por isso, comecei a utilizá-lo desde o início quando sabia que estava lidando com um possível caso de íris flácida”.
Injetado no olho de forma preventiva, o hialuronato de sódio a 2,3% age como um dilatador de pupila, permanecendo na câmara anterior, desde que uma vazão e taxa de vácuo suficientemente baixas sejam mantidas, afirmou o Dr. Auffarth.
“Ele não extravasará, não será aspirado e manterá a câmara anterior profunda e a íris afastada da ponteira do faco”, afirmou.
Equilíbrio nas configurações do faco
Sendo um DOV viscoadaptativo coesivo ou dispersivo, dependendo da vazão usada, o hialuronato de sódio a 2,3% pode ser difícil de ser removido do olho no final da cirurgia.
“Provavelmente, esta é a razão pela qual o DOV não é rotineiramente usado pela maioria dos cirurgiões e é mais considerado um dispositivo de emergência para casos especiais e dificuldades”, explicou o Dr. Auffarth.
Segundo o médico, há necessidade de um equilíbrio delicado na escolha das configurações da facoemulsificação, especialmente em situações como a síndrome da íris flácida.
Médicos que realizam muitas cirurgias de catarata, como o Dr. Auffarth, geralmente definem a vazões e o vácuo com uma configuração alta para permitir procedimentos mais rápidos. Entretanto, ao lidar com uma possível íris flácida e considerando a qualidade dispersiva do hialuronato de sódio a 2,3%, estas configurações devem ser reduzidas. Segundo ele, durante a cirurgia, a vazão deve ser mantida a menos de 20 mL/min e o vácuo a menos de 250 mm Hg.
“Se as configurações forem mais altas e houver turbulências, a substância viscoadaptativa se fragmentará em pequenos pedaços e inevitavelmente irá se dissipar”, explicou o Dr. Auffarth.
No final da cirurgia, o cirurgião pode aumentar a vazão, assim como as taxas de irrigação e vácuo, para remover o DOV.
Um método simples e eficaz é irrigar a maior parte do viscoelástico primeiro e depois alternar com uma combinação de irrigação e aspiração para o que restou, afirmou.
Técnicas adicionais incluem a manipulação de lentes com a técnica “rock ’n’ roll” ou técnica de dois compartimentos. Geralmente, uma combinação destes métodos é útil, declarou.
O Dr. Auffarth afirmou que tem sido capaz de utilizar consistentemente o hialuronato de sódio a 2,3% para tratar casos de síndrome de íris flácida, sem qualquer ocorrência de toque ou pinçamento da íris.
“A síndrome da íris flácida é um problema e torna-se uma complicação, caso não seja possível lidar com ela. Com o Healon5, você pode lidar com a situação, sem problemas”, declarou. — por Michela Cimberle e Jared Schultz
- Dr. Gerd U. Auffarth, vice-presidente do Departamento de Oftalmologia na Universidade de Heidelberg e chefe do International Vision Correction Research Centre (IVCRC), pode ser contatado no Universitäts Augenklinik Heidelberg, Im Neuenheimer Feld 400, D-69120 Heidelberg, Germany; 49-6221-566695; fax: 49-6221-561726; e-mail: ga@uni-hd.de ou auffarthg@aol.com.