Melhora vista nos resultados da LIO em olhos previamente submetidos à cirurgia refrativa
Utilizando a topografia da área quantitativa, os oftalmologistas calcularam o exato poder da LIO.
A topografia da área quantitativa permite aos oftalmologistas calcular de forma acurada o poder da LIO em olhos previamente submetidos à cirurgia refrativa para miopia ou hipermetropia, segundo um cirurgião.
![]() Carlos G. Arce |
Dr. Carlos G. Arce, da Universidade Federal de São Paulo, Brasil, conduziu um estudo com colaboradores em dois outros locais, para mostrar os benefícios em medir o poder refrativo da córnea utilizando as zonas, ao invés de pontos, a fim de otimizar o cálculo do poder da LIO, em olhos já submetidos à cirurgia refrativa.
“Todos os métodos que tínhamos antes, eram exatos para córneas normais, mas não funcionavam para córneas deformadas ou modificadas”, Dr. Arce comentou durante entrevista à Ocular Surgery News, via telefone.
O método padrão para olhos com história de cirurgia refrativa prévia tem sido o de subtrair a curvatura corneana pós-refrativa da curvatura pré-refrativa, a fim de se obter o exato poder corneano para o cálculo da LIO, afirmou.
Neste estudo, os pesquisadores utilizaram a média do total-mean corneal power da zona central de 2 mm de diâmetro (Figura) dos mapas do Orbscan II (Bausch & Lomb), centralizados na pupila, para obter o poder correto, Dr. Arce relatou.
“Desde que iniciamos nossa pesquisa em 2002, nosso objetivo era de obter um valor médio retirado diretamente do mapa topográfico, que pudesse equivaler ao poder corneano obtido pelo método da história prévia, mas com as vantagens de não necessitar de dados anteriores ou fatores de correção”, ele declarou.
“Descobrimos dois tipos de mapas do Orbscan II: o total-mean power e o total-optical power. O total-mean incluía a zona central de 2 mm de diâmetro, e o total-optical power era da zona central de 4 mm, a área que pareceu melhor refletir as mudanças da curvatura ou do poder, após uma cirurgia refrativa, assim, decidimos aplicar este ao cálculo da LIO”, Dr. Arce explicou.
Resultados do estudo
O estudo prospectivo incluiu os primeiros 77 olhos de 61 pacientes com história de cirurgia refrativa prévia, que foram submetidos à facoemulsificação não complicado na Universidade Federal de São Paulo, na State University of New York e em Piedmont Better Vision, Atlanta.
Imagem: Arce CG |
Segundo Dr. Arce, os procedimentos refrativos prévios incluíram 30 olhos com ceratotomia radial (RK) de 4, 8 ou 16 incisões arqueadas, 22 olhos com LASIK para miopia, 10 olhos com PRK para miopia, sete olhos com RK e LASIK, seis olhos com LASIK hipermetrópico, um olho com RK e ceratoplastia lamelar automatizada e um olho com RK, vitrectomia e retinopexia.
Cada instituição pôde escolher sua fórmula de cálculo da LIO, a técnica cirúrgica e o tipo da LIO, assim como as leituras ceratométricas de outros aparelhos para comparação.
Todas as LIOs foram implantadas por um único cirurgião de cada instituição, e a refração final desejada foi de -0.64 D com a fórmula SRK-T, ele relatou.
Os resultados obtidos das três clínicas mostraram uma média do componente esférico final de -0.17 D, e média do equivalente esférico final de -0.52 D. O desvio médio da refração alvo, com a fórmula SRK-T, foi de -0.12 D. E com a fórmula Holladay I foi de -0.13 D.
A precisão estava entre ±0.25 D em 22% dos pacientes, ±0.5 D em 39% dos pacientes, ±1 D em 75% e ±2 D em 96% dos pacientes.
“A conclusão foi que o cálculo da LIO utilizando a média do total-mean power da zona central de 2 mm de diâmetro do Orbscan II, reduziu as surpresas refrativas após a cirurgia de catarata em olhos já submetidos à cirurgia refrativa, apesar da falta de dados sobre as condições prévias à cirurgia refrativa, apesar do tipo de cirurgia refrativa realizada, do cirurgião e sua técnica de faco com incisão clear cornea, apesar do modelo da LIO, e independente da fórmula de cálculo e biômetro utilizados. Isso foi observado independentemente nos três grupos”, afirmou Dr. Arce.
Mais a ser estudado.
Conforme Dr. Arce, este método de calcular o poder corneano para olhos com história de cirurgia refrativa, pode não ser definitivo, mas é o conceito que atualmente recomenda.
“[Topografia quantitativa de área] está sendo atualmente testada para estimar diretamente, a partir do mesmo “total-mean map” pós-operatório que utilizamos em nosso estudo, a ceratometria central presumida das córneas submetidas ao LASIK e PRK para miopia”, ele disse. “Nosso objetivo é melhorar ainda mais a precisão do cálculo da LIO, utilizando o método do duplo-K.
“Devemos compartilhar informações e seguir diferentes caminhos para obtermos o número final que desejamos”, ele afirmou.
Embora este estudo tenha utilizado o total-mean power da zona central de 2 mm, alguns utilizam o total-optical power da zona de 4mm, para calcular o poder corneano, Dr. Arce acrescentou.
“Decidimos utilizar o total-mean power ao invés do total-optical power devido ao total-mean power representar o cálculo do equivalente esférico da córnea toda, incluindo as superfícies anterior e posterior, e sua espessura”, ele explicou.
De acordo com Dr. Arce, embora o total-optical power da zona de 4 mm represente o raio do traçado das superfícies anterior e posterior da córnea, pode não funcionar em situações como as de olhos submetidos à ceratotomia radial (RK).
“Na RK, você sempre deixa uma área central de 3 mm livre. Se tiver dimensões ou áreas maiores que 4 mm, haverá a chance de incluir a área das incisões, e assim seus valores serão, de certa forma, modificados.” “Para hipermetropia, eu especulo que, teremos melhores resultados com o “total-optical power” de 4 mm, porque é quase sempre um pouco mais curvo que o “total-mean”, e 4 mm incluirá uma parte da área paracentral tratada para hipermetropia”.
“O tempo dirá qual é o melhor e mais simples método para utilizarmos”, ele completou.
Para maiores informações:
- Dr. Carlos G. Arce, pesquisador associado do Departamento de oftalmologia da Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo. Pode ser contactado à Rua dos Expedicionários, 427– Sousas , Campinas, SP, Brasil; CEP: 13105-028; tel: (+55 19) 3258 3444; e-mail:cgarce@terra.com.br. Ele é palestrante da Bausch & Lomb.
- Bausch & Lomb, fabricante do Orbscan II, pode ser contactado na One Bausch & Lomb Place, Rochester, NY 14604-2701, U.S.A.; +1-585-338-6000; fax: +1-585-338-6007; Web site: www.bausch.com.
- Jared Schultz é Correspondente da OSN sediado em Philadelphia, U.S.A.