Faco em ‘mini-wedge’ é uma técnica reproduzível, segura e fácil de aprender
O criador explica sua origem e necessidade de desenvolver esta técnica e os passos necessários para sua realização.
O manual da técnica de fratura do núcleo do Dr. Takayuki Akahoshi, também conhecido como faco pré-chop, e suas vantagens sobre outras técnicas de facoemulsifacação, são bem conhecidas.
A técnica “mini-wedge” é uma modificação desta, baseada na modificação do Dr. Eduardo Viteri, o V-prechop.
A idéia surgiu da necessidade de facilitar a extração do primeiro quadrante do núcleo após a segunda fratura na técnica de prechop karatê de Akahoshi, porque os quatro vértices dos quadrantes tocam-se e tornam a extração do primeiro quadrante mais difícil. Ela é combinada com uma capsulorrexis de 4mm ou 5mm, com o objetivo de evitar a formação de catarata secundária, resultando em grande sucesso ao extraíla. Uma vez retirado o primeiro fragmento, o restante do procedimento é fácil.
Apresentada no volume de novembro/dezembro de 2004 da Ocular Surgery News Latin America Edition, a técnica V-prechop do Dr. Viteri apresentou múltiplas vantagens: melhor visualização do núcleo para os procedimentos de fratura, economia do tempo cirúrgico e de materiais viscoelásticos, dentre outras.
Para a técnica do V-prechop, é importante extrair algum material viscoelático da câmara anterior antes da hidrodissecção do primeiro fragmento, criando espaço para ser ejetado em direção ao plano da íris e não colocar muita pressão no saco capsular devido ao risco de levar a ruptura. Após experimentar alguns insucessos cirúrgicos, decidi reduzir cada vez mais o V, o que resultou no “mini-wedge”. Subseqüentemente, após realizar esta técnica dúzias de vezes, reparei que esta “mini-wedge” poderia ser manualmente extraída com o procedimento antes da hidrodissecção. Chamo este procedimento como procedimento de “fisgada” ou de “colherada”.
Procedimento
Imagens: Guerra LG |
O procedimento é realizado sob anestesia tópica, e o cirurgião deve fazer uma incisão corneana e entradas paralelas (ou não, caso prefira utilizar a técnica de faco de uma mão).
O viscoelástico da preferência do cirurgião é injetado na câmara anterior e uma capsulorrexis circular contínua é então realizada. Se o cirurgião utilizar um cistitomo, ele evitará a saída do visco-elástico ao introduzir a pinça de Utrata.
O cirurgião fará uma fratura central radial do núcleo (da mesma forma que na técnica de Akahoshi) utilizando um pré-chopper. Eu utilizo combo Universal de Akahoshi. Sempre realize este passo com a parte mais angulada da pinça, e não com a curva; assim fica fácil fazer a “mini-wedge”.
Em seguida, realizar uma segunda fratura em torno de 30· em qualquer de um dos dois fragmentos do núcleo, formando a “mini-wedge”. Imagine isto como se cortando a primeira fatia de um bolo.
Antes de retirar pré-chopper, o procedimento de fisgada ou colherada deve ser realizado. Para tal, rodar para cima a parte inferior do combo e empurrar a “mini-wedge” em direção da câmara anterior; como tirando com concha de sorvete.
Ao realizar a segunda fratura, são necessários movimentos pequenos e suaves ao abrir nossa combo, a fim de não atrapalhar a “mini-wedge”. Uma “mini-wedge” menor que 15· poderia ser facilmente destruída no núcleo. Então, é recomendável fazer em 30·; isso permitirá maior espaço para remover o restante dos fragmentos.
A esta altura, o material viscoelástico não terá sido ejetado e a hidrodissecção não foi realizada. Neste passo já temos parte do núcleo sobre o plano da íris.
Então, realizaremos uma hidrodissecção normal, rodaremos o núcleo da forma habitual, ou colocaremos a cânula à meia-profundidade, empurrando o núcleo, já que há espaço entre os fragmentos remanescentes.
Ao introduzir o faco e pressionar o pedal para a posição de aspiração, a primeira porção a entrar na ponta do faco será a “mini-wedge”, pois está liberada no plano da íris e será facilmente emulsificada.
Agora há lugar para extrair qualquer um dos dois fragmentos, com espaço para manipulá-los.
A facoemulsificação é completada da maneira habitual do cirurgião. O córtex remanescente é aspirado, e a LIO é inserida no saco capsular.
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Vantagens
A técnica da “mini-wedge” é fácil de aprender e de realizar, assim como as técnicas de dividir e conquistar, stop-and-chop, prechop convencional, karatê prechop ou V-prechop. Isso não pode ser ignorado. Por ser uma técnica de pre-chop, o tempo de ultra-som é significativamente reduzido quando comparado às técnicas previamente mencionadas, exceto a V-prechop. E assim como na técnica V-prechop, existe a vantagem de não precisar previamente de fraturas por hidrodissecção e a necessidade de manter o núcleo claramente visível para realizar estas fraturas, o que freqüentemente não acontece na técnica convencional de karatê prechop.
Estudantes de oftalmologia podem aprender rapidamente esta técnica e tem a vantagem de ser reproduzível. Este procedimento é indicado para o cristalino com esclerose de núcleo grau 1 a 3.
Como na técnica do V-prechop, a câmara anterior não necessitará de ser preenchida por viscoelástico novamente, apenas para introduzir a LIO, o que é uma grande vantagem para os países em desenvolvimento.
Referências:
- Akahoshi T. Phaco prechop: manual nucleofracture prior to phacoemulsification. Operative Tech Cataract Ref Surg. 1998;1:69-91.
- Viteri E. V-prechop: Una técnica simplificada y más segura para la cirugía de catarata. Ocular Surgery News Latin America Edition. Noviembre/Diciembre 2004.
- Dr. Luis Guerra Trejo pode ser contactado no Federico T. de la Chica # 8 – 302, Cidade Satélite, Naucalpan Estado de México, México; +5572-4606; e-mail: facolaser@yahoo.com.mx; Web site: www.ojolaser.com.mx