Estudo liga fumo e álcool à DMRI em população latina nos Estados Unidos
O estudo revelou que o risco de degeneração macular relacionada à idade avançada aumenta com o fumo e consumo de álcool pesado.
O fumo e uso pesado de cerveja estão associados a um risco aumentado de degeneração macular relacionada à idade em população latina dos Estados Unidos, entretanto o consumo de vinho e contraceptivos orais parece exercer efeito protetor, revela estudo seccional.
O estudo é parte do Los Angeles Latino Eye Study (LALES), um estudo populacional de patologias oculares entre os latinos de La Puente, Califórnia. LALES é o maior estudo de análise epidemiológica de patologias oculares em população méxico-americana, de acordo com os autores.
Este estudo foi conduzido para analisar as relações porventura existentes entre o consumo de álcool, estrogênios e fumo e degeneração macular relacionada à idade (DMRI) inicial e avançada entre os latinos.
“Observamos associações seccionais entre história de tabagismo e consumo pesado de álcool e DMRI. Houve um efeito protetor no consumo de vinho e uso de estrogênios contraceptivos nos pacientes portadores de DMRI inicial”, observou Samantha Fraser-Bell, MBBS, MHA e colaboradores do estudo, publicado na American Journal of Ophthalmology.
“Estes dados subestimam relações similares encontradas em indivíduos caucasianos não-hispânicos e sugerem que haja um mecanismo comum para a presença de lesões típicas da DMRI entre indivíduos etnicamente diferentes”.
Causa mais importante de perda visual
Estudos epidemiológicos demonstraram previamente que o tabagismo é fator independente diretamente relacionado com a DMRI e o consumo de álcool e estrogênios considerados suspeitos na correlação com a DMRI, revelaram os autores.
“Estes dados derivam principalmente de estudos com população caucasiana”, afirmaram. “Faltam dados no que se refere às associações de DMRI avançada entre os hispânico ... isto é particularmente importante porque os hispânicos são a maior população entre as minorias e a que mais cresce nos Estados Unidos”.
Detalhes do estudo
Um total de 5.875 hispânicos participantes do LALES foram avaliados em relação ao consumo de álcool, tabagismo e uso de estrógenos com um questionário estandardizado e submetidos a exame oftalmológico. A média de idade dos participantes era de 54,9 anos.
O relatório examinou as relações entre o tabagismo, uso de álcool e consumo de estrógenos contraceptivos em pacientes tanto com DMRI inicial como avançada.
Como definido pelo estudo, as lesões iniciais da DMRI incluíam drusas e alterações pigmentares retinianas.
“As alterações pigmentares retinianas foram graduadas como áreas de despigmentação ou áreas de hiperpigmentação”, revelam os autores do estudo.
DMRI avançada foi identificada pela presença de DMRI exsudativa ou atrofia geográfica.
“Os sinais de DMRI exsudativa incluíam descolamento do epitélio pigmentar, descolamento seroso da retina sensorial, hemorragia subrretiniana ou sub-epitelial e fibrose subrretiniana. A atrofia geográfica era definida como área circular de pelo menos 350 µm de diâmetro de despigmentação retiniana com visualização de vasos de coróide na ausência de DMRI exsudativa”.
História de tabagismo
Para investigar a relação entre o tabagismo e a DMRI nos hispânicos, os pesquisadores utilizaram “maços/ano”, como medida do consumo de tabaco. Este número é calculado pegando-se o número médio de cigarros que o participante fumava por dia, divididos por 20 e então multiplicados pelo total de anos que o paciente fumou.
A maioria dos pacientes do estudo (61,7%) afirmaram nunca ter fumado. Os resultados do estudo revelam que os pacientes que eram ex-fumantes ou fumantes apresentavam frequentemente mais lesões de DMRI iniciais.
Consumo de álcool
O consumo de álcool foi estimado pelas respostas ao questionário. Os pacientes eram indagados se haviam bebido mais de 12 bebidas na vida, se haviam consumido qualquer bebida alcoólica no último ano, quantos dias por mês consumiam bebidas alcoólicas e quantos “drinks” e que tipos de bebida alcoólica haviam consumido.
“Consumo pesado de álcool (mais de cinco doses por sessão) está significativamente associada com risco maior de DMRI exsudativa, drusas moles e aumento de pigmento retiniano”, revelam os autores.
Enquanto o consumo de cerveja está associado com maior risco de desenvolvimento de DMRI avançado, drusas moles e aumento do pigmento retiniano, o consumo de vinho parece exercer um efeito protetor no aumento do pigmento retiniano, afirmaram.
Uso de estrogênio exógeno
Mulheres participantes do estudo foram questionadas acerca de história de uso de estrogênios exógenos incluindo-se aí contraceptivos orais e terapias de reposição hormonal.
“Uso de contraceptivos orais parece exercer efeito protetor sobre qualquer forma de DMRI e mais especificamente de drusas moles”, observaram. “Estrogênios exógenos parecem ser protetores contra drusas moles e aumento do pigmento retiniano mas este poder estava limitado na análise das formas mais avançadas de DMRI”, concluem.
Para mais informações:
- Dr. Rohit Varma, MD, MPH, o autor correspondente do estudo, pode ser contatado no Doheny Eye Institute, 1450 San Pablo St., Suite 4900, Los Angeles, CA 90033; E.U.A.; +323-442-6411; fax: +323-442-6412; e-mail: rvarma@usc.edu.
Referência:
- Fraser-Bell S, Wu J, et al. Smoking, alcohol intake, estrogen use, and age-related macular degeneration in Latinos: The Los Angeles Latino Eye Study. Am J Ophthalmol. 2006;141(1):79-87.
- Daniele Cruz é redatora da equipe da OSN e cobre todas as facetas da oftalmologia.