April 01, 2007
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Estudo: Facectomia virtual pode prever resultados visuais

Trabalho preliminar com modelo virtual de cirurgia de catarata mostra boa correlação entre os resultados reais e virtuais.

Um modelo virtual desenhado para prever realisticamente a performance da LIO em cirurgias de catarata demonstrou forte correlação entre os modelos gerados e as aberrações pós operatórias e posição da LIO, de acordo com estudo recente.

Dr. Pablo Artal, PhD
Pablo Artal

Usando uma combinação de videoceratografia, sensor de frente de onda Hartmann-Shack com variação dinâmica alta e princípio das imagens de Purkinje, Pablo Artal, PhD, e colaboradores na Universidade de Murcia na Espanha criaram “facectomias virtuais” para prever e comparar a performance óptica de lentes asféricas e convencionais.

“Esse procedimento é uma poderosa ferramenta para prever o potencial de qualidade óptica que será obtido após a facectomia com qualquer tipo de LIO”, ecreveram na edição de outubro da Investigative Ophthalmology & Visual Science.

Sete pacientes com catarata bilateral foram incluídos no estudo preliminar do método. Todos os pacientes foram submetidos à facoemulsificação com incisão pequena, de acordo com o estudo. A lente asférica Tecnis TM Z9000 lens (AMO) foi colocada em quatro pacientes e a lente convencional CeeOn TM 911A (AMO) em três.

Durante as visitas de seguimento após um mês, os pesquisadores mediram as aberrações corneanas e oculares, assim como o descentramento e inclinação (tilt) da LIO, de acordo com o estudo.

Essas medidas foram incorporadas ao modelo virtual e as previsões resultantes foram comparadas aos resultados cirúrgicos reais.

Aberrações previstas e performance das lentes

As aberrações previstas e as reais foram bem correlacionadas, de acordo com os pesquisadores. Como previsto, os olhos implantados com a LIO convencional CeeOn apresentaram o valor do equivalente esférico mais alto que os pacientes implantados com a lente Tecnis TM, disseram eles.

Além de verificar que as lentes asféricas estavam corrigindo as aberrações esféricas corneanas, os pesquisadores querem, devido as outras aberrações oculares existentes, ir além e determinar quão suscetíveis ao descentramento as lentes asféricas são, quando comparadas às lentes convencionais.

Dr. Artal e colaboradores, usando uma fórmula matemática complexa, determinaram a performance das duas LIOs, comparando-as em relação aos diferentes graus de descentramento e inclinação.

Os resultados mostraram que o descentramento influencia mais a performance das lentes asféricas, quando comparado à inclinação da mesma, de acordo com os pesquisadores.

Em uma entrevista por telefone para a Ocular Surgery News, o Prof. Artal explicou a relevância dessa descoberta.

“Uma desvantagem potencial das lentes asféricas é a dependência da centralização da lente. Quando a lente asférica está bem centrada ela é claramente superior às lentes esféricas convencionais, mas, se a lente encontra-se descentrada após a cirurgia, o benefício potencial pode ser perdido”, disse ele. “Esse método foi bem natural ao prever o grau de descentramento que as lentes asféricas podem sofrer”.

Cirurgia virtual de catarata
Cirurgia virtual de catarata

Imagem: Artal P

Aplicações científicas

O sistema completo deste modelo é mais adequado para utilização científica, como durante o desenvolvimento de novas lentes, disse Prof. Artal a OSN.

“Atualmente, esse é um procedimento muito mais útil para pessoas que desenvolvem novas lentes”, disse ele.

A performance da lente pode ser prevista para diferentes desenhos usando diferentes materiais, disse ele.

“Se nós conhecemos o material, se nós conhecemos os diferentes índices de refração, ou as diferentes dispersões, então podemos prever as diferentes qualidades de imagens”, disse Prof Artal. “Você pode aplicar essa abordagem com qualquer lente se você sabe as características da lente”.

De acordo com Prof. Artal, ele e seus colaboradores têm usado esse sistema em um novo tipo de lente, desenhada para corrigir aberações em coma.

“Nós temos feito todos os testes usando cirurgia virtual … porque essas lentes ainda não existem”, disse ele. “Uma coisa boa aqui, é que podemos ganhar tempo. Nós podemos realmente saber o benefício óptico real de uma lente particular em um olho real particular, e eu penso que isto é muito importante para o desenvolvimento e para estabelecer os limites das futuras lentes”.

Para mais informações:
  • Dr. Pablo Artal, PhD, é o autor deste artigo. Pode ser encontrado no Laboratorio de Optica (Departamento de Fisica), Universidad de Murcia, Campus de Espinardo (Edificio CiOyN), 30071 Murcia, Spain; +34-968-36724; fax: +34-968-367667; e-mail: pablo@um.es.
  • Jared Schultz é redator da OSN, baseado na Europa e região da Asia Pacífica, cobre todas as áreas da oftalmologia.