April 01, 2009
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Aumento do uso da OCT de segmento anterior

Com essa técnica simples, não há contato, as imagens são feitas rapidamente, e o técnico escolhe o eixo a ser explorado.

Introdução

Amar Agarwal, MS, FRCS, FRCOphth
Amar Agarwal

Até recentemente, a maioria dos empenhos no exame de imagem ocular estavam relacionados à exploração do segmento posterior. Como o segmento anterior pode ser observado diretamente com a lâmpada de fenda, não era prioridade realizar uma pesquisa extensiva. Com o desenvolvimento de técnicas cirúrgicas sofisticadas, tornou-se essencial obter medidas dinâmicas e estáticas do segmento anterior para atender aos requisitos de segurança recentes. Atualmente, o uso de tomografia de coerência ótica (OCT) para o segmento anterior está rapidamente se expandindo. O meu convidado especial nesta coluna é o Dr. Georges Baikoff, da França, que explicará esse desenvolvimento.

Amar Agarwal, MS, FRCS, FRCOphth

A Visante OCT da Carl Zeiss Meditec utiliza um comprimento de onda de 1.310 nm; porém, na forma atual, a luz infravermelha é bloqueada por pigmentos. Entretanto, as estruturas opacas não pigmentadas são permeáveis e as imagens podem ser obtidas por uma córnea opaca ou esbranquiçada, da conjuntiva e da esclera. A resolução axial é de 18 µm e a resolução transversa é de 50 µm. O procedimento é simples e não requer contato. Devido à sua simplicidade, um técnico pode ser rapidamente treinado para realizar os exames. É possível escolher o eixo a ser explorado ou realizar uma exploração automática de 360· ao longo dos quatro meridianos. Um alvo óptico pode ser focado ou desfocado com lentes positivas ou negativas. A acomodação natural pode ser estimulada e as modificações no segmento anterior, durante a exploração, podem ser exploradas in vivo.

Implantes fácicos

Até recentemente, a medição da profundidade da câmara anterior e a verificação da contagem de células endoteliais com um microscópio especular eram consideradas suficientes ao realizar os implantes fácicos. Com o desenvolvimento das técnicas, como a OCT, as indicações cirúrgicas podem ser úteis, e um check-up simples da câmara anterior, após a intervenção, é obrigatório.

Figura 1. Câmara posterior do implante Visian ICL

Figura 2. O implante de hipermetropia Artisan com dispersão do pigmento

Implantes fácicos. Figura 1. Câmara posterior do implante Visian ICL. Observe que as bordas oculares estão dentro da área de segurança endotelial de 1,5 mm. Figura 2. O implante de hipermetropia Artisan com dispersão do pigmento na área da pupila. Observe o achatamento da íris e os cistos de pigmento na área da pupila, atrás do implante.
Imagens: Baikoff G

A Figura 1 mostra uma ICL Visian (STAAR Surgical) da câmara posterior inserida em um paciente com mais de 45 anos que desenvolveu catarata e graves problemas oculares. Apesar de a ICL ter sido implantada na câmara posterior, na escala de segurança endotelial, observamos que as bordas ópticas estão cerca de 1 mm do endotélio. Essa distância é insuficiente, pois se comprovou ser necessária uma distância segura mínima de 1,5mm entre as bordas ópticas da lente e do endotélio.

Na Figura 2, a síndrome de dispersão do pigmento foi observada após a inserção de um implante para hipermetropia Artisan (Ophtec). Comparada com um segmento anterior normal, a íris é fina, e os cistos de pigmentos surgiram na pupila entre o implante e a cápsula anterior do paciente. Uma íris convexa, que é uma contra-indicação para os implantes Artisan, pode ser avaliada de modo preciso usando o método da altura do cristalino (distância do pólo anterior do cristalino até o diâmetro interno do ângulo iridocorneal). Quando a altura do cristalino for superior a 600µm, há um risco provável de desenvolvimento da síndrome de dispersão do pigmento, com queda na acuidade visual em 70% dos casos.

Exame de imagem da córnea

Neste momento, com o protótipo usado, o exame de imagem da córnea é essencialmente qualitativo. Apesar da resolução não ser suficiente para determinar os distúrbios intracorneais ou especificar tipos diferentes de distrofias, três patologias óbvias estavam visíveis: Degeneração de Terrien com afinamento marginal; descemetocele central antiga; e ceratoglobo com afinamento considerável de toda a córnea.

Glaucoma

A visualização das estruturas em ângulo e a exploração da esclera e da conjuntiva podem ser realizadas com a OCT de segmento anterior. O risco de ângulo fechado é fácil de ser avaliado e pode ser medido de modo preciso e objetivo.

O futuro da exploração da OCT

Essa visão geral deve proporcionar uma noção da importância dessa técnica de imagem. O principal a ser lembrado é a facilidade de uso desse equipamento. Depois do paciente fixar um alvo, a manipulação é tão fácil quanto a topografia corneal. Não há contato; as imagens são feitas rapidamente, e o técnico decide qual eixo deve ser explorado.

A resolução é similar ao scanner de alta freqüência, mas as zonas exploradas são mais fáceis de serem localizadas, pois o ponto de fixação é no eixo óptico.

O ângulo iridocorneal é perfeitamente visível e, para avaliar as medidas ou verificar a evolução do segmento anterior, tanto o espaço do ângulo iridocorneal quanto a área do esporão escleral podem ser usadas como ponto de referência, pois são constantes da anatomia da câmara anterior durante as modificações senis ou dinâmicas.

Como é possível medir os múltiplos meridianos, a reconstrução tridimensional do segmento anterior poderia, talvez, ser a próxima etapa.

Um mapeamento paquimétrico com 10 mm de diâmetro da córnea já pode ser realizado. Outro objetivo para um futuro próximo seria estimar a qualidade do retalho do LASIK em relação a um determinado período de tempo.

Finalmente, no laboratório, com um comprimento de onda mais apropriado ou uma modificação da potência do raio de luz, tem sido possível obter imagens comparáveis à histologia. Em olhos de cadáveres pseudofácicos, é possível evidenciar a proliferação celular na cápsula posterior. As imagens obtidas com OCT de alta resolução são similares aos estudos patológicos. O Dr. Reijo Linnola, da Finlândia, trabalha com imagens próximas à histologia para estudo da proliferação celular da cápsula posterior.

A evolução tecnológica da Visante OCT para exploração do segmento anterior está próxima. Espera-se que, em um futuro não muito distante, essas melhorias sejam similares às do OCT para exploração do pólo posterior: imagens mais precisas, resolução de poucos mícrons e uma reconstrução tridimensional das estruturas que estão sendo estudadas. Na prática diária, é quase certo que esse sistema de imagem irá substituir em pouco tempo o equipamento de ultrasom para a exploração do segmento anterior.

Referências:

  • Agarwal, A. Handbook of Ophthalmology. Thorofare, NJ: SLACK Incorporated; 2005.
  • Agarwal, A. Refractive Surgery Nightmares. Thorofare, NJ: SLACK Incorporated, 2007 (na imprensa).
  • Agarwal S, Agarwal A, Agarwal A. Four volume textbook of ophthalmology. Índia: Jaypee; 2000.

  • Dr. Amar Agarwal, MS, FRCS, FRCOphth, é diretor do Dr. Agarwal’s Group of Eye Hospitals. O Dr. Agarwal é o autor de diversos livros publicados pela SLACK Incorporated, editora do Ocular Surgery News, incluindo Phaco Nightmares: Conquering Cataract Catastrophes, Bimanual Phaco: Mastering the Phakonit/MICS Technique, Dry Eye: A Practical Guide to Ocular Surface Disorders and Stem Cell Surgery e Presbyopia: A Surgical Textbook. Ele pode ser encontrado na 19 Cathedral Road, Chennai 600 086, Índia; fax: +91-44-28115871; e-mail: dragarwal@vsnl.com; Site: www.dragarwal.com.
  • Dr. Georges Baikoff pode ser contatado no Centre D’Ophtalmologie Cinique Monticelli, 88 Rue du Commandant Rolland, 13008 Marseille, France; 33-49-116-2223; fax: 33-49-116-2225; e-mail: g.baik.opht@wanadoo.fr.