August 01, 2009
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A remoção do cristalino em pacientes hiperópicos mais velhos pode evitar o glaucoma

A TCO de câmara anterior fornece todos os parâmetros para saber quando e se a cirurgia de catarata é aconselhável.

MONZA, Italy — Em olhos hiperópicos, a remoção do cristalino após os 50 anos pode ser uma opção viável para a prevenção de glaucoma de ângulo fechado, segundo um médico.

A hiperopia está associada ao tamanho pequeno dos olhos, câmara anterior rasa e ângulo reduzido da câmara anterior.

Dr. Matteo Piovella
Matteo Piovella

“Nesses pacientes, a prevalência do glaucoma de ângulo fechado é potencialmente maior, sobretudo quando, após os 50 anos, o cristalino aumenta progressivamente de volume e tamanho, reduzindo ainda mais o espaço na câmara”, afirmou o Dr. Matteo Piovella, Presidente do Corpo Editorial da Ocular Surgery News Europe Edition.

Com a expectativa de vida mais alta e o envelhecimento progressivo da população, um número cada vez maior de indivíduos com hiperopia tem chances de desenvolver o glaucoma.

Observar, medir e monitorar as alterações

A avaliação do ângulo da câmara anterior era tradicionalmente realizada com uma lente de Goldmann e não forneceu parâmetros que pudessem ser facilmente monitorados ao longo dos anos.

A introdução da tomografia de coerência óptica da câmara anterior forneceu uma ferramenta diagnóstica eficiente para avaliar a anatomia da câmara anterior e acompanhar as alterações ocorridas durante o processo de envelhecimento. No caso de olhos hiperópicos, as alterações na largura do ângulo e na profundidade da câmara anterior podem ser monitoradas para prever o risco de desenvolver o glaucoma de ângulo fechado.

“A TCO [de câmara anterior] fornece imagens jamais vistas do segmento anterior, com visualização imediata das suas estruturas e oportunidades de diagnóstico quase instantâneas”, explicou o Dr. Piovella.

Com base nessa nova tecnologia, as indicações para a cirurgia de catarata em olhos hiperópicos foram reconsideradas. Idade, profundidade da câmara anterior menor do que 2,4 mm e hiperopia podem ser fatores para recomendação da cirurgia de catarata, mesmo quando a acuidade visual estiver acima de 20/40.

Além disso, “a cirurgia de catarata é hoje segura e minimamente invasiva. O risco de endoftalmite e outras complicações é extremamente baixo”, afirmou.

Risco reduzido de glaucoma de ângulo fechado

Em uma série de 29 olhos com hiperopia (+2 D ou mais) de 17 pacientes, a cirurgia de catarata foi realizada após a avaliação dos parâmetros da câmara anterior com a TCO de câmara anterior Visante (Carl Zeiss Meditec).

A idade média dos pacientes era 70 anos, e a melhor acuidade visual corrigida média no pré-cirúrgico era 20/30, com +3,6 D de equivalente esférico. A pressão intraocular era 16,86 mm Hg, a profundidade da câmara anterior era de 2,39 mm e a largura do ângulo médio era de 13.33°. A contagem de células endoteliais foi de 2.220 células/mm².

Foi adotada uma abordagem especial para os estágios iniciais da cirurgia. A câmara anterior foi preenchida com um viscoelástico coesivo, Healon5 (hialuronato de sódio a 2,3%, Abbott Medical Optics), para manter a câmara anterior expandida, em seguida, uma camada de viscoelástico dispersivo, Discovisc (sulfato sódico de condroitina a 4%, hialuronato de sódio a 1,65%, Alcon), foi injetada sobre a cápsula para facilitar a capsulorrexia. Após a hidrodissecção, a câmara foi preenchida novamente com Discovisc para uma proteção endotelial eficaz, afirmou o Dr. Piovella.

Para todos os parâmetros, a cirurgia de catarata foi benéfica para esses pacientes. Seis meses após a cirurgia, todos os pacientes obtiveram uma ou duas linhas de acuidade visual, o equivalente esférico médio foi –0,09 D e a pressão intraocular média diminuiu para 13,74 mm Hg.

“A TCO evidenciou um aumento significativo para 3,68 mm na profundidade da câmara anterior. Além disso, o ângulo médio da câmara anterior aumentou para cerca de 34°. Essas medidas provavelmente evitarão que tais casos se tornem altamente desafiadores em um estágio posterior. Há grande chance de o glaucoma de ângulo fechado não ser mais um risco”, afirmou o Dr. Piovella. — por Michela Cimberle

  • O Dr. Matteo Piovella, diretor científico do CMA Outpatient Microsurgery Center, pode ser contatado em CMA, Via Donizetti 24, 20052 Monza, Itália, +39-039389498; e-mail: piovella@piovella.com.