Tratamento refrativo mostra resultados estáveis em determinados pacientes ao longo de 2 anos
Um tratamento refrativo apresentou resultados positivos e estáveis ao longo de 2 anos, de acordo com um cirurgião.
O laser femtosegundo intraestromal IntraCor (Technolas Perfect Vision) é um procedimento refrativo corneano com a característica exclusiva de ser totalmente intraestromal. Não é preciso fazer incisão: o laser femtosegundo é direcionado para o estroma e faz cinco cortes cilíndricos concêntricos consecutivos do centro para a periferia. O diâmetro do corte interno é de aproximadamente 1,8 mm. A profundidade dos cortes intraestromais é baseada na paquimetria pré-cirúrgica.
“O efeito é uma discreta alteração na curvatura corneana, com a córnea central ficando ligeiramente mais inclinada. Esse é um procedimento seguro e fácil que dura apenas de 15 a 20 segundos. Ele é minimamente invasivo e 24 meses após a cirurgia é muito difícil ver esses anéis na córnea”, afirmou o Dr. Mike P. Holzer, na reunião de inverno da European Society of Cataract and Refractive Surgeons, em Istambul.
O procedimento é feito apenas no olho não dominante para aprimorar a visão de perto.
“Tratamos mais de 200 olhos no nosso centro e, no momento, estamos observando 25 pacientes com dados de 2 anos de acompanhamento”, declarou o Prof. Holzer.
Foi reportado um ganho médio de cinco a seis linhas de visão de perto não corrigida e de quarto a cinco linhas de visão de perto corrigida com estabilidade após 2 anos. Aproximadamente 80% dos pacientes conseguiram ler sem óculos. A acuidade de leitura melhorou significativamente e a velocidade de leitura ficou inalterada, mas para a leitura de um tamanho de letra muito menor.
A visão intermediária a 80 cm, a distância média para trabalho no computador, também melhorou significativamente. Após 2 anos, o olho tratado teve uma acuidade média de 20/25, em comparação com 20/40 do olho não tratado.
Na distância, todos os pacientes atingiram um ganho de 20/30 ou superior, mas alguns pacientes perderam linhas, geralmente uma linha.
“Esse é um pequeno comprometimento que precisa ser discutido com os pacientes antes da cirurgia”, afirmou o Prof. Holzer.
As medições usando Pentacam (Oculus) mostraram alterações na esfericidade corneana, com um valor Q ligeiramente mais negativo. As medições de frente de onda mostraram uma redução da aberração esférica e algumas alterações no coma.
“Também foram feitas medições com luz espúria porque induzimos alterações na córnea e os anéis podem causar o efeito halo”, lembrou o Prof. Holzer. “Não encontramos qualquer diferença significativa entre os valores pré-cirúrgicos e pós-cirúrgicos e essa foi uma constatação muito importante. Alguns pacientes relataram terem visto pequenos anéis ao redor de fontes de luz em algumas ocasiões, mas eles não pareceram incomodados e esse efeito diminui com o tempo”.
Não foram observadas alterações na contagem de células endoteliais ao longo do período de 2 anos.
Sem surpresas refrativas
Se os pacientes do IntraCor precisarem fazer cirurgia de catarata posteriormente, não deverão ocorrer problemas com o cálculo de potência da LIO.
A biometria do IOLMaster (Carl Zeiss Meditec) foi feita antes da cirurgia e um ano depois da cirurgia nos 25 pacientes que participaram do estudo. Os resultados foram comparados aos resultados obtidos no histórico clínico.
“Para o método de histórico clínico, precisamos de resultados pós-cirúrgicos estáveis e de valores [de ceratométricos] pré- e pós-cirúrgicos, além do equivalente esférico. Analisando nossos dados, descobrimos que depois do IntraCor, tivemos uma alteração no equivalente esférico de aproximadamente 0,5 D e alterações significativas na leitura de ceratometria. Isso foi importante porque concluímos que não podemos usar o IOLMaster antes da cirurgia como um parâmetro válido”, afirmou o Prof. Holzer.
“Mas se você analisar o IOLMaster pós-cirúrgico e o método de histórico clínico, não houve diferença significativa. Com todas as fórmulas diferentes (Haigis, Hoffer Q, Holladay e SRKT), a diferença foi cerca de 0,25 D. Isso nos permite concluir que a biometria deve ser feita após a cirurgia e que não precisamos ajustar fatores para o cálculo da LIO”, afirmou.
Seleção do paciente
As conversas com o paciente e a seleção cuidadosa de pacientes são cruciais para o sucesso do IntraCor, afirmou o Prof. Holzer.
Bons candidatos têm pelo menos +1,5 D de acréscimo de perto e são ligeiramente hipermétropes, entre +0,5 e +1,25 D de equivalente esférico. O astigmatismo subjetivo não deve ser mais de 0,5 D, aumentando para 1,5 D na topografia. A paquimetria corneana deve ser pelo menos 480 µm.
Os pacientes devem saber o que esperar.
“Usando gráficos de leitura, mostramos aos pacientes antes da cirurgia o que eles podem esperar. Se eles tiverem uma acuidade de perto muito baixa, a melhoria de quatro a cinco linhas não será suficiente para atingir o tamanho de leitura sem óculos e isso deverá ser informado aos pacientes com antecedência”, afirmou o Prof. Holzer. “Eles também deverão ser informados de que haverá uma ligeira perda de cerca de uma linha de visão à distância. Isso é testado antes da cirurgia, para que os pacientes possam decidir se aceitam ou não”.
O Prof. Holzer afirmou que tenta escolher pacientes que tenham visão à distância não corrigida de cerca de 20/30 ou inferior e exclui pacientes com 20/20 porque eles estão acostumados a uma visão nítida e ficariam decepcionados com a perda que teriam após a cirurgia.
“Nenhum outro método oferece os mesmos resultados de uma forma não traumática e minimamente invasiva similar, com praticamente nenhum risco de infecção e um tempo de recuperação rápido e indolor”, destacou o Prof. Holzer. – por Michela Cimberle
- O Dr. Mike P. Holzer pode ser encontrado no International Vision Correction Research Centre do Departamento de Oftalmologia da Universidade de Heidelberg, Im Neuenheimer Feld 400, 69120 Heidelberg, Alemanha; +49-6221-566695; fax: +49-6221-565308; email: mike.holzer@med.uni-heidelberg.de.
- Divulgação de informações: o Prof. Holzer é consultor da Technolas Perfect Vision.