Técnicas manuais sem faco são adequadas para algumas cirurgias de catarata
Alguns casos de catarata podem exigir cirurgia manual com pequenas incisões ou extração extracapsular de catarata.
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Amar Agarwal |
Dentre todas as cirurgias oculares, a cirurgia de catarata é uma das mais populares e bem-sucedidas. Com incisões menores, nenhuma sutura, anestesia tópica e visão não corrigida mais clara, a facoemulsificação se tornou o método preferencial para a extração de cataratas. Mas com a velocidade dos avanços nesta área, os médicos estão sempre tendo que aprender algo novo.
No momento, a questão pertinente é: a extração extracapsular da catarata (ECCE) ainda é relevante? Em outras palavras, é preferível usar a faco em todos os casos? Devemos aprender técnicas manuais sem faco, como a cirurgia de catarata manual com pequenas incisões?
Cataratas brunescentes e negras
Em uma catarata negra (Figura 1), o uso excessivo de energia ultrassônica, o tempo de cirurgia prolongado, o maior estresse no complexo saco-zonular e o maior dano ao endotélio podem levar a um resultado desanimador no primeiro dia do pós-operatório, o que pode resultar em uma recuperação mais longa. Por outro lado, a cirurgia de catarata manual com pequenas incisões (SICS) e a ECCE geralmente possibilitam bons resultados anatômicos, mesmo em cataratas marrons. As técnicas de ruptura e corte são difíceis de usar em cataratas marrons e, muitas vezes, incompletas. Repetidas tentativas malsucedidas de corte no saco podem causar estresse no complexo saco-zonular e resultar na desastrosa queda do núcleo.
Imagens: Agarwal A |
Cataratas morganianas
As cataratas morganianas são cataratas hipermaduras com zônulas fracas. A cápsula anterior frouxa e móvel faz com que a capsulorrexia seja muito difícil nesses olhos. O núcleo encolhido e hiperdenso também é muito móvel, o que aumenta as chances de dano ao endotélio. A falta de uma proteção epinuclear e cortical aumenta o risco de ruptura da cápsula posterior e queda do núcleo durante a facoemulsificação. As zônulas fracas também podem resultar em diálise zonular.
Pseudoesfoliação grave
A pseudoesfoliação grave é associada a dificuldades pré-operatórias, como pupila com dilatação ruim, sinéquia posterior, câmaras anteriores rasas, cataratas duras, zônulas fracas, cataratas com facodonese e subluxadas, problemas que podem aumentar os riscos da facoemulsificação.
Diálise e fraqueza zonular
Com a faco, o excesso de tração na cápsula durante a capsulorrexia pode aumentar a diálise zonular, o que também pode acontecer com a rotação do núcleo e manobras de corte e ruptura. Cirurgias difíceis resultam em lágrimas capsulares ou zonulares e perda de vítreo, e esse é um problema no qual a experiência cirúrgica se torna um fator crucial. Fazer uma ECCE nesses tipos de olhos, embora esse procedimento também esteja associado ao aumento das complicações intraoperatórias, ainda é mais seguro que a fasoemulsificação feita por cirurgiões novatos ou inexperientes.
Olhos com câmaras anteriores rasas
Câmaras anteriores rasas dificultam as manobras intraoculares e aumentam o risco de contato com o endotélio e danos ao endotélio causados pela energia de faco. Esses olhos também têm maior risco de inchaço e descolamento da membrana de Descemet.
Pupila pequena com catarata dura
Mesmo com o auxílio de um expansor de pupila, pode ser muito difícil trabalhar com pupilas pequenas, especialmente nos casos de catarata negra. A ponta faco pode causar mais danos à pupila.
Glaucoma facolítico
A faco não é uma opção viável em olhos com glaucoma facolítico devido às zônulas fracas e ao edema corneano, que prejudicam a visualização.
Contagem baixa de células endoteliais
Em olhos com córnea guttata ou distrofias, a facoemulsificação pode inclinar as escamas de um endotélio que já apresente problemas, especialmente se o núcleo for duro e a câmara anterior for rasa, o que resulta em ceratopatia bolhosa pseudofácica.
Conversão da faco
Um cirurgião de faco resistente a mudanças pode precisar se familiarizar com a conversão em ECCE (Figuras 2 a 4), especialmente no caso de complicações como aumento do tempo de faco, altos níveis de energia de faco, diálise zonular, corte capsular posterior ou perda de vítreo.
A ECCE pode ser feita usando uma capsulotomia do tipo abridor de latas ou envelope, sendo que esta última é preferível porque três quartos da cápsula ficam intactos, mesmo depois do implante de LIOs, o que permite o suporte do sulco no caso de corte capsular posterior. A pressão controlada com medidor de pressão possibilita a liberação segura e facilitada do núcleo. Aplicar duas suturas antes da aspiração do córtex possibilita uma câmara praticamente fechada, o que aumenta a segurança do procedimento.
A SICS manual combina muitas das vantagens da ECCE e da faco. Ela é boa para casos mais difíceis, como as cataratas marrons, além de não precisar de sutura e induzir menos astigmatismo.
Conclusão
Com um cirurgião experiente, a facoemulsificação pode ser possível em todos os tipos de catarata, mas é importante lembrar que as chances de complicação com a faco são mais altas com um cirurgião que não faça regularmente essas cirurgias. Além disso, existem várias situações nas quais é recomendável aumentar a incisão da faco e convertê-la em uma ECCE. Portanto, a ECCE, a SICS manual ou outras técnicas manuais sem faco são uma alternativa muito segura e útil, e devem estar presentes no repertório de qualquer cirurgião de catarata.
Como a ECCE e a faco possuem suas limitações, a técnica ideal seria uma combinação do melhor dos dois mundos. Como o laser femtosegundo tem tido excelentes resultados, a cirurgia de catarata com femtosegundo pode evoluir para combinar a precisão, a previsibilidade e a segurança dos lasers com a capacidade de programação dos cirurgiões, e isso pode vir a ser o que todos os cirurgiões de catarata tanto buscam. Mas até lá, acreditamos que a ECCE ainda será usada.
- Amar Agarwal, MS, FRCS, FRCOphth é diretor do Dr. Agarwals Eye Hospital e do Eye Research Centre. O Prof. Agarwal é autor de vários livros publicados pela SLACK Incorporated, editora da Ocular Surgery News, incluindo Phaco Nightmares: Conquering Cataract Catastrophes, Bimanual Phaco: Mastering the Phakonit/MICS Technique, Dry Eye: A Practical Guide to Ocular Surface Disorders and Stem Cell Surgery e Presbyopia: A Surgical Textbook. Ele pode ser encontrado em 19 Cathedral Road, Chennai 600 086, Índia; fax: 91-44-28115871; email: dragarwal@vsnl.com; Site: www.dragarwal.com.