April 01, 2005
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Sistema de identificação da iris aumenta segurança, LASIK

Alguns estudos demostram que alguns procedimentos intra-oculares podem confundir a tecnologia.

Um novo estudo demonstrou que a cirurgia de catarata pode afetar a sensibilidade do sistema de identificação através da íris, mas especialistas do ramo industrial estão confiantes quanto a pequena repercussão desses estudos sobre seus clientes usarem a tecnologia.

Um estudo da Universidade Federal de São Paulo publicado no BioMedical Enginering Online mostrou que o sistema de reconhecimento iridiano de um fabricante pode falhar na identificação da íris de alguns pacientes submetidos à cirurgia de catarata.

“A maioria das publicações nesta área são relacionadas a reconhecimento algorítmico”, disse Dr. Roberto Roizenblatt, autor deste estudo. Nós pretendemos apresentar os resultados destes cálculos e entendê-los após procedimentos rotineiros intra-oculares”.

O estudo incluiu 55 pacientes que foram estudados pelo LG IrisAccess 2000 database sendo submetidos a uma série de 3 “scans” iridianos antes de serem submetidos à cirurgia de catarata. As cirurgias foram realizadas pelos residentes de segundo ano, no seu primeiro semestre de treinamento de facoemulsificação para maximizar os achados de lesões iridianas, disse Dr. Roizenblatt.

Ao retornarem para novo “scan” da íris, 1 mês pós-op, o sistema falhou em reconhecer 6 deles, segundo o autor.

Como funciona

O sistema de reconhecimento iridiano analisa a textura característica da íris para criar um molde bi-dimensional baseado num sistema de coordenadas polares. Estes dados são registrados num sistema com um “código iridiano”.

Quando outros futuros “scans” são realizados um novo código iridiano é calculado e comparado ao original. De acordo com Dr. Roizenblatt, nunca dois scans serão idênticos pois vários fatores (incluindo dilatação da pupila e meio ambiente) afetam a imagem.

O sistema calcula a diferença entre as dois códigos iridianos; esta diferença é conhecida como distância Hamming. Na maioria dos casos uma distância Hamming maior que 0,4 não é considerada uma semelhança.

A probabilidade do sistema falsamente identificar uma íris é estimada em 1 de 1,074, de acordo com Dr. Roizenblatt. Espera-se que o sistema falsamente rejeite uma íris em 5% a 10% dos casos, dependendo das condições do teste.

“Após o procedimento intra-ocular, somos avisados para criar um novo modelo com sua nova íris”, disse Dr. Roizenblatt, adicionando ainda que “esta conclusão muitos ainda não acreditavam ocorrer”.

O objetivo final é diferenciar as alterações dos códigos que levam a resultados díspares, especialmente aqueles causados por procedimentos cirúrgicos de rotina, e aqueles gerados por iridoplastia mal conduzida, disse.

Falsa rejeição

John Daugman, PhD, OBE, foi quem desenvolveu este algoritmo usado para o sistema de reconhecimento iridiano e questionou as implicações práticas dos achados.

“O fato de 6 dos 55 pacientes terem sido novamente examinados no pós operatório é muito interessante, apesar da dificuldade de se saber se o montante do dano à íris pelo cirurgião residente é representativo do dano que seria realizado por cirurgiões mais experientes”, afirmou.

As coordenadas exatas que causaram as falsas rejeições são ainda desconhecidas, de acordo com Dr. Roizenblatt. Ele observou no entanto que pacientes que apresentavam áreas de mais de uma macroablação pós-operatória (incluindo atrofia focal com ou sem transiluminação, ovalização da pupila e despigmentação, que geralmente sobrepõe áreas pré-atróficas) foram as mais freqüentemente não detectadas pelo sistema.

“Mesmo que a ponteira de faco não toque a íris especula-se que irá ocorrer alterações da textura microscópicas devido a quantidade de energia dissipada na câmara anterior pela alta freqüência do ultra-som”, disse.

Aprimoramento da tecnologia

Dr. Daugman apontou para o fato de uma versão mais antiga do algoritmo usado no IrisAccess 2000 assume que a pupila é circular. Disse que houveram refinamentos deste algoritmo para que os resultados sejam independentes da ovalização natural ou iatrogênica da pupila. Ele mostra certo cepticismo em relação ao fato da despigmentação da íris afetar os resultados.

“Todas as câmaras de reconhecimento utilizam a luz infravermelha, na faixa de 700 a 900 nm“, afirmou. “O melanina da íris é quase completamente não absorvível neste espectro de onda; assim, mesmo que a energia dissipada na câmara anterior pela faco causasse despigmentação, isto não poderia causar nenhum efeito no código iridiano”.

Ponto de vista prático

Dr. James Cambier, PhD, vice presidente da engenharia e chefe do departamento de tecnologia da Iridian Technologies apontou para o fato que sempre existirão indivíduos incapazes de usar esta tecnologia. Mas, do ponto de vista prático, estes casos são apenas alguns dentre as centenas de milhares de “scans” realizados até hoje.

Moorestown, N.J. (E.U.A.) é o local onde está sediada a Iridian que detém a patente mundial do sistema de reconhecimento iridiano.

“Tivemos alguns pacientes submetidos à cirurgia de catarata que tiveram dificuldade em usar o sistema de reconhecimento iridiano”, disse Dr. Cambier. “Não temos casuística ainda suficiente par podermos determinar o motivo deste problema”.

Ele se referiu como exemplo, a um projeto realizado no Paquistão onde 200.000 refugiados do Afeganistão foram submetidos ao reconhecimento iridiano. Menos de 1% dos participantes não puderam participar do sistema, disse.

Efeito no mundo real

Sr. Trevor Prout diretor de marketing da International Biometric Group, uma firma independente de consultoria, afirmou que a tecnologia de reconhecimento iridianos está se tornando cada vez mais sofisticada. Ele apontou para o fato de que imagens de íris geradas artificialmente poderiam enganar os sistemas mais antigos; versões mais atuais podem detectar se é de fato um ser humano vivo sendo escaneado.

“Certamente com o emprego de qualquer tecnologia biométrica haverá uma porção da população que não poderá utilizar o sistema”, disse. “Isto é um problema principalmente da tecnologia biométrica e não só do reconhecimento da íris”.

O sistema de reconhecimento iridiano é ainda mais sensível que as outras tecnologias biométricas, incluindo nisso a impressão digital e o scan de retina, afirmou.

Problemas éticos

Privacidade da informação, privacidade física e religiosa são problemas éticos atuais quanto a tecnologia biométrica.

Dr. Cambier afirmou que os sistemas Iridian foram atualizados para poder manter sigilo quanto a informação respeitado a privacidade do indivíduo. “Nós incorporamos itens ao nosso processamento e armazenamento de dados que impede que dados colhidos para um determinado objetivo sejam utilizados para outros propósitos”, disse.

Acredita que o sistema de reconhecimento iridiano hoje utilizado em aeroportos, alfândegas, prisões e hospitais irá aumentar cada vez mais assim que os consumidores adquirirem maior confiança no sistema. “Se algo tem nos desacelerado este algo é o não entendimento da tecnologia envolvida no sistema”, afirmou.

Enquanto o crescente medo a ataques terroristas tem acelerado a demanda por novas tecnologias de segurança, o interesse pela identificação através da íris é anterior ao ataque de 11 de setembro de 2001, disse.

Indicações

Sr. Prout observou que o governo norte-americano tem sido cauteloso na implantação do sistema de reconhecimento através da íris, um segmento do mercado biométrico concentrado nas mãos de poucos industriais.

“O governo norte-americano ainda prefere a impressão digital. O reconhecimento através da íris ainda não foi testado em larga escala”, disse. “Não existe muita confiança sobre como este sistema se comportaria em larga escala quanto a velocidade e precisão”.

Especialistas em segurança não estão sozinhos quanto ao interesse pelo sistema de reconhecimento iridiano. Varias empresas tem incorporado ao sistema Zyoptix a tecnologia de reconhecimento iridiano para o laser de ablação personalizada.

A tecnologia usada com propósitos refrativos difere da patenteada pela Iridian. O software do Zywave, de Bausch & Lomb, captura uma imagem da periferia da íris, ao invés do centro da pupila, e pode reconhecer o olho mesmo a pupila estando em midríase assimétrica, de acordo com o clínico que utilizou este sistema.

LASIK

Dr. Scott M. MacRae foi quem coordenou os estudos clínicos iniciais do sistema Zyoptix. Ele cita um estudo que mostrou que o centro da pupila tende a mudar de 0,1 a 0,3 mm durante a midríase. O sistema Zyoptix utiliza a periferia da pupila como ponto fixo para ser comparado com os dados colhidos pelo cirurgião pré-operatoriamente com a tecnologia de frente de onda, disse.

“Com esse novo sistema, seu tratamento está sendo feito independentemente de onde se localiza o centro da pupila pois está utilizando o limbo e a periferia da íris como referências”, afirmou Dr. MacRae.

“O software Zywave reconhece o olho, e pode identificar o direito do esquerdo. Pode também não identificar o paciente, não realizando o tratamento enquanto não houver identificação correta do mesmo”.

Todos os pesquisadores entrevistados para realização deste artigo afirmaram que a luz infravermelha utilizada por esses sistemas oferecem pequeno risco para a retina .

Para sua informação:
  • James Cambier, PhD, pode ser localizado na Iridian Technologies,1245 Church St., Ste. 3, Moorestown, NJ 0800577; +1-856-2229090; fax: +1-856-2229020: página web: www.iridiantech.com.
  • John Daugman, PhD, OBE, pode ser localizado no Computer Laboratory, Universiity of Cambridge, J.J. Thompson Ave., Cambridge CB3 0FD, United Kingdom; +44-1223-3345501; fax: +44-1223-334678; e-mail: john.daugman@cl.cam.ac.uk.
  • Dr. Scott M. MacRae pode ser localizado na University of Rochester- Strong Vision, 100 Meridian Centre, Ste. 125, Rochester, NY 14618; +1-716-341-7817; fax: +1-716-756-1975; e-mail: scott_macrae@urmc.rochester.edu.
  • Trevor Prout pode ser localizado no International Biometric Group, One Battery Park Plaza, New York, NY 10004; +1-212-809-9491; fax: +1-212-809-6197; www.biometricgroup.com.
  • Dr. Roberto Roizenblatt pode ser localizado no Doheny Retina Institute, 1355 San Pablo St..#417, Los Angeles,CA 90033; +1-323-442-6672; e-mail: rroizenblatt@doheny.org.