June 01, 2005
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Iniciativa mundial para a prevenção da cegueira é necessária em todos os níveis

Doutor defende um papel mais ativo para todos os oftalmologistas no sentido de promover educação para clínicos gerais e para a formação da nova geração de oftalmologistas.

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Dr. Rubens Belfort [photo]
Rubens Belfort

WASHINGTON – Oftalmologistas e clínicos gerais deveriam se unir para ativamente lutar contra a cegueira em todo mundo pensando globalmente, mas agindo localmente, afirma o Dr. Rubens Belfort no Congresso Mundial de Córnea em Abril.

“Nós já possuímos toda a informação que necessitamos e, se informação é poder e informação é uma ferramenta, então é hora de começarmos a agir”, enfatiza ele. “Já vimos estudos retroativos demais, apenas demonstrando o que já sabíamos. É hora de seguir adiante”.

Há muitas organizações internacionais envolvidas em lutar contra a cegueira, incluindo ai Organização Mundial de Saúde e o Conselho Oftalmológico Internacional. Este dois grupos lideram uma coalizão de organizações em uma das mais importantes iniciativas na prevenção da cegueira afirma Dr. Belfort. A iniciativa é denominada Vision 2020: O direito de enxergar, a qual visa erradicar todas as formas de cegueira que possam ser prevenidas no mundo até o ano 2020.

“É muito importante que juntos sigamos a mesma estratégia para se alcançar os mesmos objetivos”, completa.

Um papel essencial

“Quando nós oftalmologistas falamos a respeito de cegueira, muito frequentemente referimos aos nossos pacientes vistos em nossos consultórios, mas isto é quase nada. Isso é somente 8 ou 9 % da cegueira mundial”, revela Dr. Belfort. “Nós, enquanto oftalmologistas, somos muito importantes no sentido de liderar e falar o que deve ser feito a respeito desta patologia”.

Os oftalmologistas devem liderar o trabalho de se treinar outros a fim de detectar problemas oculares de forma que ajude a prevenir a cegueira, afirmou.

“Não temos um número grande o suficiente para tomarmos conta da situação sozinhos”, revela. “Treinar os clínico gerais e enfermeiras para identificar os pacientes que necessitem de cuidados com a córnea... ajudar sociedade a remover as barreiras que impedem que os pacientes nos vejam”.

Os oftalmologistas hoje podem também ajudar a educação da próxima geração de oftalmologistas, afirma Dr. Belfort.

“Se é verdade que necessitamos de uma estratégia geral para ajudar a tomar isso globalmente, é ainda mais importante que ajamos localmente”, exaltou ele.

Problemas regionais

“A importância da cegueira corneana depende muito da região do mundo estudada”, revela. A maioria dos casos é unilateral. “Mais prevalentes em áreas de baixo poder aquisitivo e é mais prevalente com a idade mais avançada”.

Uma dieta satisfatória, água corrente, imunização e boas condições econômicas são todas importantes para a saúde do paciente, mas estes fatores variam amplamente, revela. A disponibilidade de serviços oftálmicos também varia e é insuficiente na maior parte das áreas do mundo.

Dr. Belfort afirma que existem áreas no mundo onde não há oftalmologistas o suficiente para diagnosticar e tratar os pacientes e suas deficiências e devem encorajar médicos envolvidos em atenção primária à saúde a prestar atenção à saúde ocular. Enfim, o bom atendimento primário é provavelmente o que mantém os pacientes destas regiões vendo bem, afirma, mas os oftalmologistas ainda são muito importantes.

“Somos seu atendimento terciário e devemos ajudar a sociedade a andar juntas no sentido de permitir que os pacientes tenham meios de nos enxergar e continuar recebendo o nosso cuidado. Devemos agir socialmente e politicamente”, enfatiza.

Por falta de cirurgiões, falta de profissionalismo no banco de olhos e custos elevados, os enxertos corneanos não são opção em uma grande parte dos países, afirma Dr. Belfort. Há quase 50.000 casos de cegueira no Brasil e 200.000 na América Latina provocada por uma falta grave de córneas.

A cegueira corneana em crianças é uma alta prioridade em todo mundo, afirma.

Doenças como o tracoma, sarampo e oncocercíase causam globalmente o maior número de casos, revela ele.

Fazendo a mudança

“A medicina dos anos 1970 ainda não se encontra disponível para a maioria da população mundial”, afirma ele. “Estamos mais e mais praticando a oftalmologia de boutique e praticando a oftalmologia para os ricos, uma oftalmologia muito cara... mas não devemos esquecer de 95% da população do mundo que nunca terá acesso a ela”.

Apesar da gravidade do quadro global, o Dr. Belfort se diz otimista em relação a uma mudança possível.

“Devemos melhorar nossos bancos de olhos e a melhora da disponibilidade de tecido já é uma realidade em muitos países em todo mundo”, revela. A vitamina A é algo que, em muitas partes da Ásia e África está sendo adicionada à dieta e já se inicia uma tendência para se alterar a situação em relação a esta doença.

Para sua informação:
  • Dr. Rubens Belfort pode ser encontrado no seguinte e-mail: eyebr@webmail.epm.br. Informações acerca do Vision 2020: The Right to Sight podem ser encontradas no seguinte site: www.v2020.org.
  • Daniele Cruz é redatora da equipe da OSN e cobre todos os aspectos da oftalmologia.