December 06, 2004
3 min read
Save

Cirurgiã: Os benefícios para o paciente superam os custos da ablação customizada no Brasil

Cirurgiã descreve sua jornada aos tratamentos guiados por wavefront CustomCornea.

You've successfully added to your alerts. You will receive an email when new content is published.

Click Here to Manage Email Alerts

We were unable to process your request. Please try again later. If you continue to have this issue please contact customerservice@slackinc.com.

Quando eu cheguei na Cleveland Clinic para meu fellowship em 2001, o wavefront era somente um protótipo para estudos clínicos. Durante aquele primeiro ano, muitos estudos foram conduzidos para analisar seu potencial diagnóstico para entender melhor os sintomas visuais após tratamentos com laser convencionais. No início do ano 2002, nós ainda estavamos utilizando o aparelho na clinica, mas agora com intenções de utiliza-lo em tratamentos guiados por frentes de onda (wavefront).

Resultados impressionantes

Maria Regina Chalita, PhD [photo]
Maria Regina Chalita, PhD

Este primeiro ano e meio estudando as aplicações clínicas do wavefront foram de importância capital para o desenvolvimento de um nível razoável de análise e melhor entendimento destes mapas de aberrações e fomos capazes de correlacionar sintomas visuais específicos com certas aberrações. Finalmente no fim de 2002, o CustomCornea, de Alcon, recebeu aprovação pela Food and Drug Administration (FDA) e fomos então capazes de iniciar os tratamentos guiados por wavefront. Os resultados foram muito bons e os pacientes ficaram extremamente satisfeitos com a qualidade final de visão.

Interessada em aprender mais sobre esta tecnologia, tornei-me coordenadora clínica do ensaio clínico pelo FDA para correções de miopias e hipermetropias no início de 2003. Durante aquele ano, examinamos e seguimos todos os pacientes e ficamos muito impressionados com o resultado. Por causa disso, decidi fazer cirurgia nos meus próprios olhos. Os tratamentos guiados por wavefront apresentavam resultado tão bons que decidimos que todos os pacientes da Cleveland Clinic que se qualificassem para o tratamento o receberiam. Nós começamos também a tratar pacientes sintomáticos pós-LASIK e observar redução nas aberrações de alta ordem e seus sintomas.

Após quase 3 anos em Cleveland, eu retornei ao Brasil para ser a diretora do Instituto da Visão da Universidade Federal de São Paulo. O wavefront estava começando a gerar interesse entre os oftalmologistas brasileiros que procuravam aprender mais a respeito. Junto com outros cirurgiões refrativos, eu começei a divulgar e debater mais a respeito das correções guiadas pelo wavefront e seus benefícios.

Benefícios superam os custos

 

photo
Pessoal da Cleveland Clinic (Drs. Chalita, Krueger e Laurenzi) com o primeiro paciente tratado com a ablação guiada pelo wavefront CustomCornea na Cleveland Clinic Foundation.

Imagem: Chalita MR

A meu ver, os mercados brasileiro e americano são um pouco diferentes, especialmente no que diz respeito aos pacientes. Lembro-me dos pacientes da Cleveland Clinic vindo para sua consulta de seleção com toda a informação que eles obtiveram na Internet acerca das correções guiadas pelo wavefront. Eles eram melhor informados e tinham iniciativa de fazer sua própria pesquisa acerca das novidades neste campo. No Brasil, os pacientes frequentemente perguntam a opinião de seu medico a respeito do que acham ser melhor para eles. O que é realmente melhor para eles?

Estudos demonstram que, com os tratamentos guiados por wavefront, você induz menos aberração que com os tratamentos convencionais, desta forma os pacientes têm um potencial para melhor qualidade de visão, especialmente sob baixa iluminação. Com esta nova tecnologia, vejo muitos pacientes que afirmam ser sua visão tão boa quanto era com lentes de contato ou, as vezes, até melhor. Porque não ofrecer o que é melhor para eles?

A economia no Brasil é diferente da Americana e a cirurgia guiada por wavefront custa mais. Mas seria isto que impediria os pacientes de escolher esta nova tecnologia se eles pudessem entender os benefícios que teriam? No Brasil, a facoemulsificação é mais cara que a extração extracapsular da catarata, mas não estamos fazendo faco pelas suas vantagens?

Na minha opinião, há maneiras de sobrepassar as questões de preço, como financiamento de cirurgias ou diluição do custo a longo prazo. Entretanto, devemos informar e oferecer aos nossos pacientes o leque completo de tecnologias disponíveis e seus resultados.

O Brasil é um país em desenvolvimento com uma alta taxa de juros (cerca de 17% ao ano) e o financiamento de cirurgias a longo prazo pode ser desafiador. Mas um financiamento curto ou diluir o custo do procedimento ao longo em 3 a 4 meses é algo que pode ser interessante para este tipo de mercado.

Mesmo com as diferenças em nossa economia, acredito que os tratamentos guiados por wavefront serão sucesso no Brasil e os cirurgiões refrativos serão convencidos que mudar para o wavefront é compensador.

Para sua informação:
  • Dra. Maria Regina Chalita, PhD, é diretora clínica do departamento de oftalmologia do Instituto da Visão, Universidade Federal de São Paulo, R. Botucatu 822, São Paolo, SP, Brasil 04023-062; +55-11-5085-2070; fax: +55-11-5085-2005; e-mail: mrchalita@oftalmo.epm.br.