March 01, 2007
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Prostaglandinas como maior inovação no tratamento do glaucoma

A primeira linha de tratamento no glaucoma de ângulo aberto tem ajudado no cuidado dos pacientes e em pesquisas.

Destaque em Glaucoma

Prostaglandinas, análogos de prostaglandinas e prostamidas, agora consideradas primeira linha de tratamento para pacientes com glaucoma de ângulo aberto, mudaram permanentemente e para melhor os algorítimos de tratamento, de acordo com um especialista em glaucoma.

As drogas oftalmológicas derivadas das prostaglandinas são a classe mais recente de agentes terapêuticos para glaucoma. Desde o aparecimento do primeiro análogo de prostaglandina, há 10 anos, essas drogas vêm substituindo os beta-bloqueadores como terapia de primeira linha no glaucoma, posição ocupada pelos beta-bloqueadores desde sua introdução em 1978.

Xalatan (latanoprost) da Pfizer é a medicação hipotensora ocular mais prescrita no mercado para pacientes com glaucoma de ângulo aberto ou hipertensão ocular, de acordo com dados do IMS Health and the National Pharmacy Association. Também foi a primeira droga lançada no mercado e celebra aniversário de 10 anos nesse ano. As outras drogas glaucomatosas na família das prostaglandinas são o Travatan (travoprost-solução oftalmológica a 0.004%, Alcon) e Lumigan (bimatoprost-solução oftalmológica a 0.03%, Allergan).

Douglas J. Rhee, MD
Douglas J. Rhee

O especialista em glaucoma Dr. Douglas J. Rhee, disse em uma entrevista por telephone para Ocular Surgery News que, imediatamente após o lançamento do Xalatan, o número de tratamentos a laser e cirurgias anti-glaucomatosas começou a declinar. Este declíneo foi apenas uma pausa, disse ele, já que laser e cirurgias continuam a ser realizados, mas frequentemente após a prostaglandina ter deixado de ser eficaz em reduzir a PIO do paciente.

“Essas medicações são tão eficazes que elas realmente reduziram as taxas de qualquer procedimento invasivo”, disse Dr. Rhee.

Ele disse que os benefícios de ter a classe medicamentosa das prostaglandinas para o uso no glaucoma são duplos. O primeiro benefício é ter provado que medicações podem ser efetivas em reduzir a PIO com efeitos colaterais mínimos e frequência de aplicações “razoável” para a aderência do paciente ao tratamento.

O segundo benefício é ter aprimorado o conceito do manejo do glaucoma, com sua eficácia em aumentar a drenagem do humor aquoso. O mecanismo de ação das prostaglandinas enfatizaram a importância do fluxo de saída do humor aquoso, ao invés da produção do aquoso, como alvo terapêutico, disse Dr. Rhee.

“Tem ajudado a enfatizar o benefício e eficácia em objetivar a drenagem do aquoso comparada com a abordagem tradicional de diminuir a produção”, ele disse.

Antes das prostaglandinas

Antes da aprovação pelo Food and Drug Administration do Xalatan, introduzido pela Pharmacia em 1996, os agentes anti-glaucomatosos disponíveis eram direcionados para reduzir a produção do humor aquoso. Sem outras opções farmacêuticas para redução da PIO, os oftalmologistas frequentemente recomendavam trabeculoplastia com laser de argônio ou cirurgia filtrante bastante cedo no curso da doença, disse ele.

Prostaglandinas se tornaram a classe de drogas mais usadas, a primeira linha de tratamento para glaucoma, nos últimos 5 anos, disse Dr. Rhee. Nos primeiros 5 anos de sua disponibilidade, nem todos os oftalmologistas adotaram a nova classe de drogas, mas o tempo mostrou sua eficácia.

“É agora considerada como agente de primeira linha pela maioria dos especialistas em glaucoma, indicando sua eficácia clínica”, disse ele. “Elas têm permitido que um grande número de pacientes evitem cirurgias ou qualquer procedimento invasivo ou que retarde ao máximo sua indicação”.

Ele disse que a classe de prostaglandinas deve permanecer como primeira linha na abordagem do glaucoma por muitos anos, mesmo com o advento de tratamentos a laser minimamente invasivos, como a trabeculoplastia seletiva a laser (SLT).

O efeito da intodução da classe das prostaglandinas tem sido uma “evolução e não uma revolução” disse Dr. Rhee. Ao mesmo tempo que mudou o algorítimo de tratamento do glaucoma, não alterou completamente o conhecimento antes aceito sobre glaucoma, ele disse.

“Prostaglandinas têm sido o que eu considero um dos mais significativos avanços no tratamento do glaucoma em muito tempo”, Dr Rhee disse. “Mas, temos vivido, na última década, em uma era de numerosos avanços, não apenas com as prostaglandinas, mas também com os inibidores tópicos da anidrase carbônica e alfa-agonistas seletivos”.

Em adição à “explosão de novas medicações eficazes” e à introdução do SLT, Dr. Rhee disse, os especialistas em glaucoma também alcançaram um melhor entendimento sobre o uso mais adequado dos dispositivos de drenagem no glaucoma.

“Acho que, nos últimos 10 anos, fizemos mais progresso no glaucoma do que fizemos nos 40 anos precedentes”, ele disse.

Benefícios para a pesquisa

As prostaglandinas não tiveram impacto apenas no cuidado dos pacientes, elas também têm sido importantes na pesquisa científica no glaucoma, Dr. Rhee disse. A classe das prostaglandinas tem levado a um avanço no entendimento da doença e da fisiologia ocular normal, como vem sido evidenciado por um número cada vez maior de trabalhos científicos.

“Ao aumentar o entendimento de como as prostaglandinas agem em termos de mecanismo de ação, temos melhores idéias sobre a regulação fundamental da PIO e sobre o que deve estar erado no glaucoma”, Dr. Rhee disse.

Ele disse que as drogas agem por um mecanismo que degrada a matrix extracelular. Uma das razões da causa do glaucoma continuar desconhecida é ninguém saber exatamente como a PIO é regulada, disse ele. “Nós temos alguma idéia”, Dr. Rhee disse. “Mas as prostaglandinas e sua eficácia tem realmente mostrado a importância da matrix extracelular na regulação da PIO”.

Para mais informações:
  • Dr. Douglas J. Rhee é professor assistente de oftalmologia na Harvard Medical School e um dos staffs do Massachusetts Eye and Ear Infirmary. Pode ser encontrado em 243 Charles St., Boston, MA 02144; 617-573-3670; e-mail: dougrhee@aol.com.
  • Alcon, fabricante do Travatan, pode ser encontrada em 6201 South Freeway, Fort Worth, TX 76134; 817-293-0450; Web site: www.alconlabs.com. Allergan, Inc., fabricante do Lumigan, pode ser encontrado em P.O. Box 19534; Irvine, CA 92623; 714-246-4500; Web site: www.allergan.com. Pfizer, fabricante do Xalatan, pode ser encontrado em 235 East 42nd Street, NY, NY 10017; 212-573-343; Web site: www.pfizer.com.
  • Erin L. Boyle é redatora da OSN e cobre todos os aspectos da oftalmologia.