Lentes dobráveis funcionam bem em pacientes com ceratocone
Olhos com miopia residual após PRK ou LASIK também podem se beneficiar do implante dessas lentes.
LONDRES — Os resultados positivos obtidos com a LIO fácica Artiflex em olhos altos míopes também podem ser alcançados em pacientes com ceratocone e em olhos com miopia residual após cirurgia refrativa, de acordo com o estudo.
Artiflex (Ophtec) é a versão dobrável da lente Artisan. Esta é uma LIO fácica de suporte iriano com 6 mm de área óptica de silicone e duas alças de PMMS para ancoramento na íris. Ela é fabricada em um tamanho para todos os casos (one size fits all), com diâmetro de 8,5 mm, disponível de –3 D a –14 D.
“A indicação primária dessas lentes é a alta miopia, mas eu tenho obtido resultados marcantes em casos mais específicos, como em ceratocone leve e em olhos que haviam sido submetidos previamente a cirurgia corneana refrativa”, disse o Dr. Antonio A.P. Marinho, no encontro da European Society of Cataract and Refractive Surgeons.
Em um estudo, ele avaliou a acurácia, segurança e eficácia da Artiflex nesses casos especiais e comparou os resultados aos do grupo normal de olhos miópicos implantados com o mesmo tipo de lente.
Os pacientes
No grupo de pacientes sem problema ocular além da miopia, foram incluídos 91 olhos de 52 pacientes (38 mulheres e 14 homens). O equivalente esférico médio foi de –8,73 D, variando entre –5,5 D e –13,5 D. A idade média dos pacientes foi de 30 anos (variação de 19 a 51 anos) e o seguimento dos pacientes foi de 6 a 36 meses.
No grupo com ceratocone, 11 olhos de 7 pacientes (4 mulheres) foram incluídos.
“Dez desses olhos apresentavam ceratocone leve. Os pacientes haviam vindo para cirurgia corneana refrativa, mas, após a topografia corneana mostrar o padrão característico de ectasia corneana central, nós fomos forçados a considerar um tratamento diferente. Um dos olhos apresentava ceratocone grave, no qual implantamos a LIO Artiflex para miopia residual após implante de Intacs”, explicou Dr. Marinho.
Nesse grupo, a miopia média era ligeiramente menor, –7 D, variando entre –4 D e –9 D. A idade média dos pacientes foi de 29 anos (18 a 41 anos) e o seguimento dos pacientes foi de 6 a 24 meses.
No grupo pós cirurgia refrativa, foram incluídos 13 olhos de 9 pacientes (cinco mulheres e quarto homens). Onze desses olhos haviam sido previamente submetidos a PRK para alta miopía e dois olhos haviam sido submetidos a LASIK. A miopia residual média foi de -5 D, variando de –3,5 D a –10 D. A idade média dos pacientes foi de 38 anos (18 a 53 anos) e o seguimento dos pacientes foi de 6 a 24 meses.
“Ectasia corneana não foi detectada em nenhum desses olhos pela topografia pré operatória, mostrando que o erro refrativo era resultado da regressão de uma miopia muito alta após tratamento a laser”, disse Dr. Marinho.
Bons resultados
A acurácia dos resultados foi alta e praticamente a mesma nos três grupos, disse o Dr. Marinho.
No grupo normal de paceintes altos míopes, 87% dos olhos ficaram com ±0,5 D da correção planejada, com apenas algum astigmatismo residual. No grupo do ceratocone, os mesmos resultados foram alcançados em 91% dos olhos e no grupo pós cirurgia refrativa, em 67% dos olhos.
“Neste último grupo a porcentagem foi um pouco menor porque alguns dos pacientes apresentaram um astigmatismo residual que não pode ser corrigido novamente com cirurgia refrativa. Além disso, o cálculo da LIO no grupo com ceratocone foi exatamente a mesma que no grupo miópico normal, mas no grupo pós refrativa, nós tivemos que objetivar uma ligeira miopia de -0,75 D a –1 D. Se nós tivéssemos tentado a emetropia, teríamos terminado com olhos hipermétropes, devido a diferente curvatura corneana, como em cirurgias de catarata após cirurgia refrativa” Explicou Dr. Marinho.
Nenhum paciente dos três grupos perdeu linhas da melhor acuidade visual corrigida. A maioria dos pacientes manteve a melhor acuidade visual corrigida pre operatória e um número considerável de pacientes ganhou entre 1 e 2 linhas, a maioria no grupo com ceratocone (55%).
A eficácia foi semelhante nos três grupos. No grupo miópico normal e no grupo pós refrativa, a acuidade visual pós operatória não corrigida foi igual ou melhor que a melhor acuidade visual corrigida pré operatória em mais de 90% dos casos. No grupo de ceratocone, um número ligeiramente maior de pacientes (27%) perdeu uma ou mais linhas, porém mais pacientes que nos outros grupos (36,4%) ganharam uma ou duas linhas.
“A Artiflex apresenta importantes vantagens”, disse Dr. Marinho. “As vantagens clássicas são as mesmas da Artisan, provadamente segura e confiável há mais de 15 anos. Por ser “one size fits all” não causa distorção pupilar. Mantém uma distância segura da córnea e do cristalino, representando ausência de catarata ou dano endotelial”.
Existem outras vantagens que são específicas do modelo Artiflex, como a incisão pequena, sem necessidade de sutura, ausência de astigmatismo induzido e ausência de dor pós operatória, ele disse.
“Em adição, a recuperação da acuidade visual é muito rápida, ainda mais rápida que após LASIK”, anotou Dr. Marinho.
A experiência o convenceu que “a Artiflex é a LIO fácica mais segura disponível”, e esse estudo demonstrou que bons resultados podem ser conseguidos em casos especias.
Para mais informações:
- Dr. Antonio Marinho pode ser encontrado a R. Santa Catarina 132-1, Porto 4000 Portugal; +351-22-2007538; fax: +351-22-618-9206; e-mail: marin@mail.telepac.pt. Dr. Marinho não tem interesses financeiros na Artiflex.
- Ophtec, fabricante de Artiflex, pode ser contactado no +31-50-5251944; Web site: www.ophtec.com.
- Michela Cimberle é correespondente OSN baseada em Treviso, Italia, e cobre todas as áreas da oftalmologia.