September 01, 2006
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LASIK pode corrigir erros refrativos pós ceratoplastia

Os resultados foram estáveis e maioria dos pacientes ficou satisfeita com sua visão, comentaram os médicos.

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A correção da ametropia residual pós ceratoplastia pode ser um desafio para o oftalmologista.

Dr. Enrique Malbran Jr.
Enrique Malbran Jr.

Ametropia moderada, mesmo que 3 D de anisometropia ou menor que 4 D de astigmatismo pode ser corrigida com óculos ou lentes de contato gás-permeáveis. Entretanto, nos casos de astigmatismo alto ou intolerância ao uso de lentes de contato ou paciente inapto ao seu uso, o que é freqüente com pacientes idosos, a cirurgia poderá ser uma boa escolha terapêutica.

Incisões arqueadas (reservadas para astigmatismo misto com equivalente esférico próximo de plano), ceratotomia astigmática, ressecção do degrau e excimer laser PRK ou LASIK podem ser boas opções cirúrgicas.

O primeiro caso de LASIK pós ceratoplastia foi descrito em 1997 por Drs. Arenas e Maglione. O LASIK permite uma reabilitação visual rápida, induz pequeno astigmatismo irregular e mínima regressão e nos permite tratar erros refrativos altos sem alterar a fisiologia e anatomia corneana e ainda preservar a camada de Bowman.

Este artigo analisa os resultados finais do LASIK pós ceratoplastia em pacientes portadores de ceratocone na Clínica Oftalmológica Malbran entre 1997 e 2005.

Materiaise métodos

Relatamos os resultados de 34 olhos (15 direitos e 19 esquerdos) de 32 pacientes (16 femininos e 16 masculinos) que foram submetidos à ceratoplastia penetrante (CP) ou lamelar (CL) seguidos de LASIK.

A causa principal da ceratoplastia foi ceratocone em todos os casos.

A acuidade visual sem correção (AVSC), pré- e pós - operatória foi comparada, pois os pacientes apresentavam boa acuidade visual com correção (AVCC) após a ceratoplastia. Seis pacientes foram excluídos porque não moravam no país e não puderam comparecer às consultas de “follow-up” pós-operatório.

AVCC, AVSC e refração objetiva foram tomadas no pré-operatório, assim como a biomicroscopia, tonometria, topografia e paquimetria corneana. As cirurgias foram realizadas entre 1997 e 2005 pelos autores na Clínica Oftalmológica Malbran, utilizando o mesmo procedimento cirúrgico em cirurgia de uma só etapa.

A cirurgia de LASIK foi realizada sob anestesia tópica com proparacaína 0.1% e lidocaína. Foi criado um flap superior utilizando-se o microcerátomo Hansatome da Bausch & Lomb. A fotoablação foi feita com o excimer laser da Alcon, LADARVision. Foi prescrito para pós-operatório, tobramicina 0.3% e dexametasona 0.1% por 15 dias.

AVCC e AVSC foram avaliadas e topografias foram realizadas 6 semanas do pós-operatório.

A correção desejada era emetropia para todos os casos.

AO follow-up médio foi de 21 meses (variando de 1 a 72 meses).

Resultados

Trinta e um olhos foram tratados para miopia e astigmatismo miópico e três para hipermetropia.

O intervalo entre as cirurgias de ceratoplastia e LASIK foi de 1 a 20 anos. Dois paciente foram antes submetidos às incisões arqueadas previamente ao LASIK.

Os pacientes com astigmatismo miópico foram analisados. AVCC antes da cirurgia refrativa era 1/10 ou menor em 24 olhos (77.4%), 2/10 a 4/10 em seis olhos (19.35%) e 5/10 em um olho (3.22%).

Nos 2 meses após a cirurgia, as consultas de “follow-up” mostraram AVCC de 1/10 ou menor em sete casos (22.5%), 2/10 a 4/10 em nove casos (29.02%), e 5/10 ou melhor em 15 olhos (48.38%).

Em 26 olhos (83.87%) AVCC melhorou do pré-op, em três (9.67%) permaneceu a mesma, e em dois olhos (6.45%) houve perda. A melhora na AVCC foi de duas linhas ou menos em 10 olhos e três ou mais linhas em 16 olhos.

A média do equivalente esférico nos olhos míopes foi de –4.75 D (abrangendo –1.5 D a -14 D) antes da cirurgia para –0.75 D (entre –4.5 D a +3.5 D) no pós-operatório.

Não foram observadas complicações durante a cirurgia ou no pós-operatório imediato. Um paciente apresentou quadro de rejeição do enxerto corneano após dois meses da cirurgia de LASIK. Um paciente necessitou de lavagem da interface do LASIK após 3 meses de cirurgia.

Discussão

Pacientes com miopia e hipermetropia pós-cirúrgica foram tratados, entretanto o número de pacientes hipermetrópicos é pequeno e insuficiente para se tirar conclusões.

Os resultados avaliaram os olhos com miopia e astigmatismo. AAVSC melhorou após a cirurgia em 83,8% dos olhos. No pré-operatório, 77,4% dos olhos apresentavam uma AVSC de 1/10 ou pior comparada com 22,5% no pós-operatório.

Um olho (3,2%) apresentava AVSC de 5/10 antes da cirurgia; 48,3% apresentavam AVSC de 5/10 ou melhor após a cirurgia. Três olhos (9,67%) não apresentaram melhora na AVSC após a cirurgia e dois olhos (6,4%) apresentaram perda de AVSC.

Os resultados negativos apresentados foram vistos em olhos que tinham medidas ceratométricas no pré-operatório maiores que 50 D.

Apenas três olhos apresentaram piora da AVSC. Estes não puderam ser associados à alta ceratometria pré-operatória. Entretanto um maior número de casos poderiam colaborar para melhor análise. A regressão foi observada em pacientes tanto em um período maior como em um período de seguimento menor que 1 ano.

Crescimento epitelial na interface do flap foi observado em um caso. Nenhuma outra complicação típica de LASIK como deslocamento do flap, estrias ou inflamação estéril da interface foram observados.

Um caso de rejeição endotelial foi notado e resolvido com uso de acetato de prednisolona 0,1%. Esta complicação não estava provavelmente associada ao procedimento do LASIK.

A maioria dos pacientes ficou muito satisfeita com seus resultados visuais.

Para maior informação:
  • Dr. Enrique Malbran Jr., Dr. Enrique S. Malbran e Dra. Clarisa Menesaldi podem ser contatados na Clínica Oftalmológica Malbran, Parera 164, Buenos Aires CF 1014, Argentina; +54-1-81-58-144; fax: +54-1-81-51-309.