November 01, 2008
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Injeção única de triamcinolona pode ser superior à bevacizumab no tratamento de EMD, estudo mostra

A injeção intra-vítrea de triamcinolona pode levar à maior redução da espessura macular central do que o bevacizumba, em curto prazo.

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Uma única injeção de triamcinolona intra-vítrea mostrou grande diminuição na espessura macular, e melhorou a acuidade visual quando comparada à bevacizumab, em um estudo de pacientes com edema macular diabético.

Dr. Rodrigo Jorge e colaboradores do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Brasil, conduziram um estudo prospectivo randomizado para observar os resultados morfológicos e da acuidade visual de uma única injeção intra-vítrea de acetato de triamcinolona, comparada à injeção de bevacizumab no tratamento do edema macular diabético (EMD) refratário, a causa mais freqüente de deficiência visual em pacientes com retinopatia diabética.

O estudo envolveu 28 pacientes com EMD refratário e extravasamento difuso de fuoresceína, envolvendo o centro da fóvea e grande parte da área macular, em pelo menos um olho. Os pacientes foram randomicamente distribuídos em um dos dois grupos, e receberam uma única injeção intra-vítrea seja de 4 mg/0.1 cc de Triancinolona (acetato de triamcinolona sem conservante, Ophthalmos) ou de 1,5 mg/0,06 cc de Avastin (bevacizumab, Genentech) na semana 1.

Exclusão de pacientes hipertensãos

Foram excluídos do estudo olhos afácicos ou pseudofácicos e olhos com história de glaucoma ou hipertensão ocular, hipertensão incontrolada ou qualquer outra condição, diferentemente do diabetes, que possa causar edema macular ou alterar a acuidade visual durante o período do estudo.

“Estes pacientes já foram tratados com laser, e não têm qualquer outra opção que não o tratamento farmacológico”, disse Dr. Jorge.

Vinte e um olhos com retinopatia diabética proliferativa foram tratados com foto-coagulação pan-retiniana, por pelo menos seis meses antes da avaliação inicial. Os pacientes apresentavam idade e características básicas similares, incluindo o estágio da retinopatia diabética e o número de cirurgias a laser préviaa a que foram submetidos. Nos 10 pacientes com EMD difuso refratário em ambos os olhos, o olho incluído no estudo foi o com pior acuidade visual.

Resultados

Uma avaliação geral inicial foi realizada com os mesmos procedimentos no início do estudo e nas semanas 1, 4, 8, 12 e 24 seguintes. Durante o follow-up foram analisadas a acuidade visual com correção, tonometria de aplanação, biomicroscopia à lâmpada de fenda, oftalmoscopia indireta e retinografia em cores. A angiografia fluoresceínica foi realizada na semana 24 de follow-up.

Os principais resultados foram a espessura macular central aferida pela tomografia de coerência óptica, e mudanças na acuidade visual com correção inicial. Também foram analisados a presença de efeitos colaterais locais ou sistêmicos. Vinte e seis pacientes compareceram às todas as consultas programadas.

O grupo da triamcinolona intra-vítrea mostrou redução significativa na espessura central da mácula comparada ao grupo de bevacizumab durante as 4ª, 8ª, 12ª e 24ª semanas (P < 0.05).

“Ambas as substâncias melhoraram a acuidade visual, mas a injeção de triamcinolona intra-vítrea resultou em maior redução [da espessura central da mácula] e também perdurou mais, até 24 semanas”, Dr. Jorge relatou. “Mas o aumento na PIO na 4ª semana foi observado somente no grupo da triamcinolona. A triamcinolona deve ter mais efeitos colaterais”.

Já foram descritos, em outros trabalhos, o risco de aumento da PIO com uso de triamcinolona.

Ambos os tratamentos foram bem-tolerados, sem relatos de inflamação, uveíte, endoftalmite ou toxicidade ocular. Nenhum efeito colateral sistêmico ou relacionado às drogas ou complicações devido às injeções foi observado. Durante a 24ª semana do estudo, nenhum efeito adverso ou progressão de catarata foi relatado.

Necessidade de estudos maiores e follow-up mais longo

“Este estudo foi muito curto para analisarmos a progressão da catarata”, Dr. Jorge falou. A incidência da progressão da catarata e do glaucoma pode aumentar em um follow-up maior e com tratamentos adicionais de triamcinolona, ele ressaltou.

Ele explicou que para pacientes que não respondem bem tratamento com corticosteróide, uma segunda opção poderia ser repetidas injeções intra-vítreas de bevacizumab com doses maiores do que as utilizadas neste estudo, pois não há risco de efeitos adversos como o glaucoma ou progressão da catarata.

Os resultados deste estudo revelaram melhores efeitos benéficos com o uso da triamcinolona do que de bevacizumab, mas a importância clínica destes achados deve ser posteriormente investigada.

Os pacientes sem tratamento prévio de laser não foram analisados. “Estamos aguardando a aprovação pelo comitê de ética para estudarmos outras formas de tratamentos com laser e drogas, combinados ou consecutivos, assim como o intervalo entre os tratamentos”, ele completou. “Não é possível achar todas as respostas estudando apenas com um único grupo de pacientes.”

“O tratamento medicamentoso não deixa cicatrizes, mas tem pouca duração”, disse o Dr. Jorge. “Precisamos de maior amostragem e um follow-up mais longo para determinarmos qualquer benefício a mais que o uso de triamcinolona ou bevacizumab tenham comparados ao tratamento com laser para EMD difuso refratário, particularmente a longo prazo.”

Para maiores informações:

  • Dr. Rodrigo Jorge pode ser encontrado no departamento de Retina e Vítreo do Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Avenida Bandeirantes 3900, Ribeirão Preto-SP 14049-900, Brasil; +55-16-3602-2860; e-mail: rjorge@fmrp.usp.br. Dr. Jorge e colaboradores não têm interesses financeiros nos produtos mencionados neste artigo, nem são consultores pagos de qualquer companhia aqui mencionada.
  • Genentech, fabricante do Avastin, está localizada à 1 DNA Way, South San Francisco, CA 94080-4990 U.S.A.; +1-650-225-1000; fax: +1-650-225-6000; Web site: www.gene.com. Ophthalmos, fabricante da Triancinolona, está localizado em São Paulo Av. Brig. Luiz Antonio, 4790 Jd. Paulistano, São Paulo 01402-002 Brasil; +3488-3788; Web site: www.ophthalmos.com.br.
Referências:
  • Paccola L, Costa RA, et al. Intravitreal triamcinolone versus bevacizumab for treatment of refractory diabetic macular oedema (IBEME study). Br J Ophthalmol. 2008;92(1):76-80. Epub 2007 Oct 26.
  • Izabella Iizuka é correspondente da OSN baseada em Kent, Ohio, E.U.A., que cobre todos os aspectos da oftalmologia. Seu foco geográfico é América Latina.