September 01, 2006
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Implante retropupilar de lentes de fixação iriana pode beneficiar crianças afácicas

A técnica é uma alternativa ao implante escleral da LIO em casos de suporte capsular deficiente ou alterações zonulares graves.

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O implante de LIO de fixação iriana em pacientes pediátricos com suporte zonular deficiente deve ajudar a evitar complicações, de acordo com um cirurgião familiarizado com a técnica.

De acordo com Dr. Juan Guillermo Ortega de Medellín, Colômbia, algumas cirurgias de catarata pediátrica podem ser um desafio em pacientes com zônulas frágeis necessitando, portanto de medidas especiais.

“Em casos de suporte zonular deficiente ou alterações zonulares graves, suturar a LIO na esclera tem sido tradicionalmente a única opção”, disse ele.

Uma das alternativas nesses casos difíceis é o uso de uma LIO Artisan para afácicos (Opthec), fixada na íris. Por muitos anos, essas lentes foram implantadas na câmara anterior de adultos afácicos, mas o seu uso em crianças ainda não foi difundido.

Dr. Ortega apresentou o resultado de sua experiência com a técnica no Congresso Mundial de Oftalmologia, em São Paulo. Subseqüentemente, falou sobre sua técnica em uma entrevista à Ocular Surgery News.

“Como crianças apresentam uma tendência aumentada em coçar os olhos, há preocupação a respeito da perda de células endoteliais a longo prazo”, Dr Ortega disse durante a entrevista. “Uma opção muito boa nesses casos é a fixação retropupilar da lente Artisan, como descrito por [Andreas] Mohr em 2002”.

“Essa técnica apresenta bons resultados em adultos, como demonstrado pelos Dr. Mohr e Tobias Neuhann, e eu tenho apresentado resultados em casos pediátricos”, disse ele.

A técnica

Dr. Ortega explicou que o primeiro passo, após uma vitrectomia adequada, é a introdução da LIO Artisan através de uma incisão de 6 mm na câmara anterior. Ele disse que a LIO deve ser injetada invertida, de forma que a parte convexa esteja voltada posteriormente e posicionada na íris. O cirurgião então pinça a LIO e gentilmente a guia através da pupila para a câmara posterior.

O passo seguinte é o de elevar a lente para que as alças em forma de garras empurrem a íris anteriormente. Uma espátula ou um rotator é inserido através de uma das duas paracenteses criadas nas posições de 3 e 9 horas e a ponta da espátula é usada para empurrar o tecido para dentro das alças em garras da lente, fixando-as na periferia da íris.

“Na minha experiência, a ancoragem é ainda mais fácil quando feita na superfície anterior da íris. Você simplesmente empurra a íris posteriormente através das alças”, disse. Ele acrescentou que realiza iridectomia em todos os casos.

“O passo mais delicado do procedimento é a passagem da pinça que segura a LIO de uma mão para a outra. Pela minha técnica deve-se iniciar o procedimento de ancoragem pela alça nasal, depois posicionar temporalmente a segunda alça na superfície anterior da íris”, disse.

Dr. Ortega explicou que ele realiza a ancoragem da segunda alça, pinça novamente a LIO e guia a alça através da pupila, usando a mesma manobra realizada com a primeira alça.

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Se faz uma incisão escleral.

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A medida da incisão é de 6 mm.

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Se construe a incisão em túnel.

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Depois da introdução na câmara anterior, se gira a lente, colocando as alças nas horas 3 e 9.

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El cirurgião guia uma das alças através da pupila.

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Ancoragem das alças da lente através da cara posterior da íris.

Imagens: Ortega JG

Resultados cirúrgicos

Dr. Ortega apresentou os resultados de cirurgias utilizando a técnica descrita em duas crianças com seguimento de 2 anos.

O primeiro paciente de 12 anos apresentava hipercinesia e microesferofacia. Ao ser examinado sob anestesia e em decúbito observou-se que só havia suporte zonular nas posições entre 11 e 1 horas e que os cristalinos estavam praticamente com a totalidade subluxada para o interior do vítreo anterior, disse. O paciente foi submetido a facectomia e vitrectomia anterior e foi implantada uma LIO retropupilar Artisan em ambos os olhos. O poder da LIO foi calculado utilizando-se o IOL Master (Carl Zeiss Meditec), com a constante A de 117,5. A refração pós-operatória esperada era de +2 D em ambos os olhos, e a refração obtida foi de +3 D, com a acuidade visual pós-operatória com melhor correção de 20/30 em ambos os olhos.

O segundo caso apresentado pelo Dr Ortega foi o de uma criança com homocistinúria e ectopia lentis que foi submetida a um procedimento semelhante. A refração pós-operatória foi próxima ao esperado em ambos os olhos. A acuidade visual sem correção no pós-operatório foi de 20/40 ou melhor em ambos os olhos.

Não houve complicações intraoperatórias, enfatizou Dr Ortega, mas uma das LIO foi subluxada 6 meses após a cirurgia, devido a um trauma contuso. A LIO foi subluxada para a cavidade vítrea, e a alça nasal permanecia ancorada. A LIO foi recuperada do vítreo e a refixação foi realizada pela mesma técnica descrita acima.

“É muito cedo para afirmar que esse método de fixação retropupilar da LIO Artisan na câmara posterior é a técnica de escolha em crianças afácicas sem suporte zonular adequado”, afirmou Dr Ortega. “No entanto, claramente possui vantagens teóricas em relação à fixação anterior dessa lente em pacientes com tal elevada expectativa de vida, posto ser localizada na câmara posterior, localização óptica ideal para uma LIO”.

O risco de perda de células endoteliais por contato corneano secundário ao esfregar dos olhos e trauma é diminuído, acrescentou.

Se necessário a LIO pode ser explantadou, trocada (para acompanhar a alteração refrativa devido ao crescimento do olho) ou refixada, como em casos de subluxação da LIO, ele explicou.

O procedimento é muito mais rápido e fácil de realizar, causa menos resposta inflamatória e apresenta menor risco de complicações intraoperatórias que a sutura da LIO na esclera ou na íris, disse ele.

“Além de não haver, com essa técnica, risco de ruptura tardia espontânea das suturas ou endoftalmite relacionada à extrusão das suturas, como nos casos de LIOs suturadas”, conclui Dr. Ortega.

Para maior informação:
  • Dr. Juan Guillermo Ortega pode ser contatado na Clinica de Oftalmología Sandiego, Medellín, Colômbia; +574-262-2271; e-mail: jgortega@une.net.com.
  • Dr. Alejandro Tello é correspondente da OSN, baseado em Bucaramanga, Colômbia.