Flaps de LASIK mais espessos, leito estromal residual mais fino em míopes
Pacientes míopes apresentam flaps mais espessos e pacientes hipermétropes têm leitos estromais residuais mais espessos após a ablação, afirma oftalmologista.
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Os flaps de LASIK são mais espessos e os leitos estromais residuais são mais finos que o esperado após a ablação nos míopes, de acordo com estudo recente. Pacientes hipermétropes, em contraste, apresentam leitos estromais residuais mais espessos após a ablação.
Dra. Maria Regina Chalita e colaboradores compararam a espessura de flaps pré retoque em míopes, hipermétropes e em pacientes astigmatas mistos tendo sido as medidas tiradas na ocasião do LASIK inicial.
No grupo de ablação miópica, o flap era significativamente mais espesso na ocasião do retoque com uma média de espessura de 142 µm ± 4,4 SE que no procedimento primário, com uma média de 115 µm ± 4 SE (P < 0,0001).
Embora a razão não seja conhecida, Dra. Chalita revelou que isto pode estar relacionado com quantidade de tecido removido pelo laser e que a quantidade que o laser informa pode não estar correta.
Dra. Chalita aconselha considerar a espessura do flap e do leito estromal residual antes de realizar o retoque com LASIK.
“Os cirurgiões devem estar atentos ao leito estromal residual, que pode estar mais fino que o esperado em pacientes previamente tratados com ablação miópica”, relatou Dra. Chalita a Ocular Surgery News.
Metodologia do estudo
Dra. Chalita e seus colaboradores examinaram 86 olhos que foram submetidos a retoque com LASIK. Eles dividiram os pacientes de acordo com o tratamento primário de LASIK em míopes, hipermétropes e astigmatas mistos. Dos 86 olhos, 59 eram míopes, 20 eram hipermétropes e sete apresentavam astigmatismo misto. A paquimetria central pré-operatória e intra-operatória foi realizada três vezes antes do retoque utilizando-se uma sonda de 50 Hz (Sonogage). Todos os procedimentos foram realizados com um microcerátomo M2 da Moria, com 110 µm head.
Dra. Chalita explicou ainda que a espessura do flap e do leito estromal residual foram medidos durante o retoque e comparados com as medidas estimadas no procedimento primário.
A média de espessura do flap nos procedimentos primários foi 114,98 µm no grupo dos míopes, 120,05 µm no grupo dos hipermétropes e no grupo dos astigmatas mistos era de 121,86 µm.
A profundidade média pós ablação nos procedimentos primários foi de 364,12 µm nos míopes, os hipermétropes mediram 366,05 µm e os astigmatas mistos mediram 412,71 µm.
Flaps
A média de espessura dos flaps no retoque para cada grupo foi: míopes: 141,80 µm, hipermétropes: 119,80 µm e astigmatas mistos: 132,57 µm. Dra. Chalita calculou a espessura dos flaps no retoque na ocasião do retoque medindo a espessura corneana total. A seguir, ela elevava o flap e media o leito estromal logo após o flap ser elevado. Subtraindo-se esta medida de espessura estromal pré retoque da espessura corneana total chega-se a medida da espessura do flap, revelou.
Para suas medidas, Dra. Chalita deduziu que a espessura dos flaps no procedimento primário e no retoque era diferente no grupo dos pacientes míopes. Neste grupo, a espessura do flap no retoque era maior que no procedimento primário (retoque: 114,80 µm e primário: 114,98 µm; P < 0,0001).
Para os grupos hipermétropes e astigmatas mistos, não havia diferença significativa na espessura dos flaps do procedimento primário para o retoque, completou ela.
Leitos estromais residuais
Da mesma forma que a espessura dos flaps nos procedimentos primário e retoque, Dra. Chalita observou que a espessura estromal pós ablação primária era maior que a espessura estromal pré retoque no grupo dos míopes (364,12 µm and 346,64 µm; P < 0,0001).
No grupo dos hipermétropes, observou que a espessura estromal pós ablação primária era menor que a espessura estromal pré retoque (366,05 µm and 411,55 µm; P < 0,0001). No grupo dos astigmatas mistos, a espessura estromal pós ablação primária era menor que a espessura estromal pré retoque (412,71 µm e 432,86 µm; P = 0,045).
Atentando ao grupo hipermétropes, a espessura estromal pré retoque era na verdade mais espesso que a Dra. Chalita poderia esperar de seus cálculos iniciais e os resultados eram estatisticamente significativos.
“Para nosso grupo de astigmatas mistos, nós também observamos que o valor médio na cirurgia primária era 412 µm e no retoque era 432 µm”, observou ela.
Expectativas
Avaliando o grupo dos míopes, Dra. Chalita esperava que tivessem uma espessura estromal pré retoque similar a espessura estromal pós ablação primária. Não é o caso.
“Teoricamente, subtraindo-se a profundidade da ablação (dado pelo laser) do procedimento primário do leito estromal pré ablação chegaríamos a um valor muito similar a espessura do leito estromal pré retoque”, revelou Dra. Chalita.
Dra. Chalita também esperava que as espessuras estromais fossem similares no grupo dos hipermétropes e que o grupo dos astigmatas mistos teriam uma espessura estromal mais finas, sem diferenças significativa entre eles. Mas os achados mostraram entretanto que o leito estromal residual era mais fino que o esperado após a ablação miópica e mais espessa após a ablação hipermetrópica e astigmata mista.
“O laser pode não estar fazendo exatamente o que o que nos diz, de forma que a profundidade da ablação que obtemos do laser não é exatamente a ablação que ele faz”, disse. “Ou possivelmente nós estamos vendo efeitos corneanos biomecânicos ou efeitos cicatriciais corneanos que podem estar desempenhando um papel importante nos achados clínicos que observamos”.
Para Sua Informação:
- Dra. Maria Regina Chalita pode ser contatada no Instituto da Visão, Universidade Federal de São Paulo, Departamento de Oftalmologia, R Botucatu, 822, São Paulo, Brasil, 04023-062; +55-11-5085-2070; fax: +55-11-5085-2005; e-mail: mrchalita@oftalmo.epm.br.