Consumo moderado de vinho tinto pode proteger a visão, de acordo com um especialista em retina

Os efeitos protetores do resveratrol contra stress oxidativo e angiogênese podem reduzir o risco de desenvolvimento de DMRI.

O consumo moderado de vinho tinto pode ter papel protetor contra a degeneração macular relacionada à idade, de acordo com um especialista em retina.

O principal ingrediente é o resveratrol, uma substância produzida naturalmente por algumas plantas como uma defesa contra patógeno, como bactérias ou fungos. O resveratrol é encontrado na casca de uvas roxas e está contido no vinho tinto na quantidade de 1,98 mg/L a 7,13 mg/L, comparado a 0,005 mg/L a 1,80 mg/L no vinho branco.

“O mecanismo não é completamente compreendido. Ao ativar as enzimas SIRT1 e MnSOD, o resveratrol pode melhorar as funções mitocondriais e reduzir o stress oxidativo. Ele também parece ter propriedades anti-angiogênicas”, disse o Dr. Paolo Lanzetta, membro do Conselho Editorial da OSN Europe.

Ele disse que os estudos epidemiológicos até agora foram conduzidos com métodos que não são completamente precisos, mas há alguma evidência de que a incidência de DMRI pode ser reduzida em pessoas que consomem vinho tinto.

Em um grupo maior de 3.072 adultos de 45 a 74 anos, uma associação negativa de estatística considerável entre o consumo de vinho e a DMRI foi encontrada.

Estudo inicial

Experimentos in vitro mostraram que o resveratrol reduz a oxidação e a hiperproliferação de células epiteliais de pigmento retinal humano. Ao manter a viabilidade da célula epitelial de pigmento retinal, a formação de corpos coloides associada à idade e degeneração macular pode ser evitada.

In vivo, em um modelo animal de neovascularização coroidal induzida por laser, o resveratrol mostrou inibição do crescimento de membranas neovasculares.

“Há vários pontos na cascada de dano oxidativo em que o resveratrol pode agir como um agente de efeito reverso”, disse o Dr. Lanzetta.

Possíveis benefícios

Estudos experimentais também mostraram que o resveratrol reduz a incidência de câncer de pele e tumores de esôfago e intestino, reduz a formação de placa em modelos de Alzheimer e protege contra o progresso de artrite inflamatória e doença cardíaca coronária.

“O consumo regular de vinho tinto pode explicar o ‘paradoxo francês’: porque os franceses, apesar de terem uma dieta rica em gorduras saturadas, apresentam uma incidência muito baixa de doença cardíaca coronária em comparação com outras populações que têm uma dieta gordurosa semelhante”, disse o Dr. Lanzetta.

“Há muita atenção no resveratrol e em sua fonte natural, o vinho tinto. Nós precisamos de mais estudos, incluindo grandes estudos de população conduzidos em áreas de produção e consumo regular de vinho tinto”, ele disse.

O Dr. Lanzetta é chefe de oftalmologia na University School of Medicine of Udine, situada em um território na Itália onde vinhos tintos famosos por sua alta qualidade, como refosco e cabernet franc, são produzidos.

“Nós estamos organizando nossa clínica para conduzir nossos próprios estudos no efeito protetor do resveratrol contra doenças oculares degenerativas. Logo iniciaremos experimentos in vitro”, disse ele. – por Michela Cimberle

Referências:

Obisesan TO, Hirsch R, Kosoko O, Carlson L, Parrott M. Moderate wine consumption is associated with decreased odds of developing age-related macular degeneration in NHANES-1. J Am Geriatr Soc. 1998;46(1):1-7.

Khan AA, Dace DS, Ryazanov AG, Kelly J, Apte RS. Resveratrol regulates pathologic angiogenesis by a eukaryotic elongation factor-2 kinase-regulated pathway. Am J Pathol. 2010;177(1):481-492.

King RE, Kent KD, Bomser JA. Resveratrol reduces oxidation and proliferation of human retinal pigment epithelial cells via extracellular signal-regulated kinase inhibition. Chem Biol Interact. 2005;151(2):143-149.

O Dr. Paolo Lanzetta pode ser contatado no University of Udine, Department of Ophthalmology, Piazzale S. Maria della Misericordia; 33100 Udine, Itália; +39-0432-559-905; fax: +39-0432-559-904; e-mail: paolo.lanzetta@uniud.it.