Calculadora eletrônica de risco do glaucoma auxilia a experiência
A nova versão eletrônica da calculadora foi lançada durante o Congresso Mundial de Oftalmologia. Aqui apresentamos alguns dos pontos altos de glaucoma desta reunião.
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SAO PAULO — Uma calculadora eletrônica para prever a conversão de hipertensão ocular para glaucoma pode servir como ferramenta adicional para uma decisão de tratamento, de acordo com o time de pesquisadores que desenvolveu o instrumento.
A calculadora tornou-se, pela primeira vez, disponível no ano passado numa forma manual semelhante a uma régua de cálculo. ![]() Felipe Medeiros |
Dr. Robert N. Weinreb e o Dr. Felipe Medeiros, ambos do Hamilton Glaucoma Centre da Universidade da Califórnia em San Diego, apresentaram o novo modelo eletrônico em um briefing apoiado pela Pfizer Ophthalmics.
O conceito do cálculo de risco se baseia nos resultados do Estudo do Tratamento da Hipertensão Ocular do National Eye Institute e posteriormente validados por informações colhidas de uma base de dados de pacientes de outros estudos, revelou Dr. Weinreb.
A versão eletrônica aqui apresentada é mais fácil de se usar que sua régua antecessora revelou o Dr. Medeiros. Ele afirmou que os médicos podem calcular um score baseado em seis variáveis (idade, PIO, espessura central corneana, razão vertical de escavação, desvio padrão standard da perimetria e presença ou ausência de diabetes). O “score” apontado pela calculadora tende a indicar o risco potencial de uma hipertensão ocular se transformar em glaucoma em 5 anos.
Um implante pode melhorar os resultados da trabeculectomia
Um implante de colágeno biodegradável pode aumentar as chances de sucesso da cirurgia filtrante, de acordo com os investigadores.
“A formação da bolha filtrante e a manutenção de sua estrutura é randômica e sujeita a ao fenótipo do paciente”, revelou Dr. Robert Ritch. O implante de colágeno OculusGen Collagen Matrix é a primeira aplicação da bioengenharia ao glaucoma, revelou.
O implante cria uma “bolha com estrutura planejada”, que representa uma “nova era no controle e estrutura das bolhas filtrantes”, afirmou ele.
Outro médico apresentou os resultados de um pequeno estudo piloto com 12 pacientes que foram submetidos ao implante. Dr. Henry Shen-Lih Chen descreveu os 12 pacientes que foram submetidos à trabeculectomia com o OculusGen para tratamento de glaucoma refratário. A média da PIO pré-operatória era de 45,67 mm Hg, com o uso de uma média de 2,07 medicações para glaucoma.
No procedimento cirúrgico, o OculusGen é colocado sobre o flap escleral, no limbo, revelou Dr. Chen. A ferida cirúrgica conjuntival é então fechada com uma sutura contínua, completou.
Na consulta de follow-up de 6 meses, a média da PIO era de 16,11 mm Hg em todos os olhos; o uso de colírios anti-glaucomatosos havia baixado para uma média de 0,33 para todos os olhos. Não foram observadas complicações pós-operatórias, embora câmara rasa transitória tenha sido observada, associada à hifema e hipotonia em um paciente, revelou Dr. Chen.
Dr. Chen disse que um maior período de seguimento e um estudo em larga escala o novo produto são necessários.
Um shunt ajustável implantado nos primeiros olhos humanos
Um shunt anti-glaucoma ajustável foi implantado nos primeiros três olhos humanos, revelou seu desenvolvedor. O produto, denominado DeepLight Gold Micro-Shunt, fabricado pela Solx, foi desenvolvido e testado por muitos anos e estes são os primeiros implantes em olhos humanos, revelou Dr. Gabriel Simon, PhD.
Em entrevista à Ocular Surgery News, Dr. Simon revelou ter implantado em três olhos humanos na nova versão, redesenhada do implante titulável, nas últimas 2 semanas.
De acordo com Dr. Simon, estes casos constituem as primeiras “trabeculectomias artificiais”.
O shunt deve ser inserido na câmara anterior e daí para o espaço sub-coróide por uma incisão de 2 mm. O instrumento tem 40 µm de espessura e contém 12 “janelas” que podem ser abertas ou fechadas com um laser de titânio-safira desenvolvido pela Solx especialmente como parte da DeepLight system.
Dr. Simon revelou que após o implante do shunt, a PIO foi reduzida em 10 mm Hg em todos os três olhos, com um efluxo de 8 mL/minuto. Quando a terceira janela foi aberta com o laser, uma diminuição adicional de 3 mm Hg foi também observada nos três olhos.
Todos os olhos terminaram com PIO média de 14 mm Hg, completou Dr. Simon.
O DeepLight Gold Micro-Shunt deve ser lançado inicialmente na Europa e seguidamente no Canadá e nos Estados Unidos, afirmou Sr. Doug Adams, diretor executivo da Solx.
Observada ligação entre a elasticidade corneana e a lesão glaucomatosa
A fisiologia da córnea, não somente sua anatomia parece estar muito correlacionada com o dano glaucomatoso no nervo ótico, revelou estudo também apresentado no WOC.
Dr. Nathan Congdon apresentou um trabalho que examinou os fatores fisiológicos também e não apenas os anatômicos como a bioelasticidade corneana como relacionados à lesão glaucomatosa.
“Parâmetros além da espessura corneana relacionados com a deformabilidade corneana também podem ser relacionados ao risco de desenvolvimento de glaucoma”, revelou Dr. Congdon.
Estudos clínicos confirmaram a existência de uma relação entre a espessura corneana e o dano glaucomatoso, mas a natureza desta relação ainda não está clara, disse.
Entre os fatores fisiológicos que devem ser considerados estão à hidratação, composição de tecido conjuntivo e bioelasticidade, completou.
Dr. Congdon e colaboradores conduziram um estudo retrospectivo com revisão de prontuários de 230 pacientes, podendo ser elegíveis um ou os dois olhos, sendo 85% deles glaucomatosos ou suspeitos de glaucoma.
A partir dos prontuários dos pacientes, eles detalharam a idade, raça, diagnóstico, número de anos de diagnóstico, PIO inicial e atual e escavação papilar. Também anotaram dados dos campos visuais incluindo média de defeitos, desvio padrão standard, progressão de perda de campo visual e hemifield test.
A histerese foi então medida neste sujeitos com o Ocular Response Analyzer de não-contato da Reichert. os investigadores observaram então que a baixa bioelasticidade corneana, também conhecida por histerese, estava associada à presença de progressão de doença no campo visual, enquanto a espessura central corneana não estava.
Dr. Congdon observou que o estudo não foi capaz de estabelecer um nexo de causalidade e que foi limitado pelo fato de que a maioria dos dados foram coletados retrospectivamente.
Conferência Gradle: Especialistas em glaucoma devem ser adivinhos
Imagem: Mullin DW, OSN |
Os especialistas em glaucoma devem agir como adivinhos com seus pacientes, observando suas necessidades empregando os princípios da medicina baseada em evidências, afirmou Dr. H. Dunbar Hoskins Jr., que foi aqui congraçado.
“Adivinhos predizem o futuro baseados em conhecimentos específicos. É exatamente isso que precisamos para bem manejar o glaucoma”, afirmou ele ao proferir palestra de entrega da Medalha Gradle da Pan-American Association of Ophthalmology.
“Não somente a PIO elevada é um fator significativo para o desenvolvimento do glaucoma”, comentou ele, “mas é o único que podemos interferir e tratar”.
Nos países em desenvolvimento, o manejo do glaucoma apresenta grandes desafios. “O custo do tratamento excede frequentemente o poder de compra das famílias dos pacientes”, revelou.
Dr. Hoskins discutiu acerca da medicina baseada em evidências no tratamento do glaucoma. Historicamente, observou ele, as decisões acerca do tratamento estavam baseadas na experiência do médico, o que forma a opinião o médico acerca de quais são as necessidades individuais de cada paciente em um determinado ponto. No futuro, predisse ele, as decisões de tratamento serão baseadas nas bases da medicina baseada em evidências.
“A medida que escutamos os experts influenciando nossas opiniões sobre como manejamos nossos pacientes, devemos examinar suas fontes de dados, suas informações e observar sua credibilidade e confiabilidade”, afirmou. Mas a opinião de experts é o que apresenta menor grau de confiança na medicina baseada em evidências, completou.
No fim, o clínico deve ser um adivinho para determinar as opções de tratamento para cada paciente que trata, disse ele.
“O que realmente queremos são instrumentos que nos dêem medidas consistentes, de forma reproduzível que possam nos orientar o tratamento”, completou ele.