A terapia anti-VEGF demonstra eficácia no tratamento da proliferação angiomatosa retiniana
Um estudo evidenciou melhores resultados com o uso do ranibizumab se comparado ao bevacizumab.
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A injeção anti-VEGF intravítrea é uma opção viável de tratamento em pacientes com proliferação angiomatosa retiniana. O ranibizumab é mais eficaz do que o bevacizumab em estágios avançados da doença, envolvendo o descolamento do epitélio pigmentar, de acordo com um estudo apresentado na reunião da French Society of Ophthalmology.
A proliferação angiomatosa retiniana é uma forma diferente de degeneração macular neovascular relacionada à idade, com alto potencial vasogênico e origem desconhecida.
Ela pode se originar de uma lesão coroidal ou retiniana, ou de ambos os locais ao mesmo tempo. Independente da origem, a característica mais importante é a formação de novos vasos coroidais e retinianos do tipo 3. O prognóstico é ruim. O envolvimento bilateral chega a 100% em 3 anos, afirmou o Dr. Francesco Bandello, FEBO.
A patofisiologia da proliferação angiomatosa retiniana envolve componentes inflamatórios e isquêmicos. A imunorreatividade positiva ao VEGF e a migração de macrófagos foram mostrados em estudos conduzidos por Shimada em 2007 e Monson em 2008.
Essa é a justificativa para tratar [a proliferação angiomatosa retiniana] com terapia anti-VEGF, afirmou o Dr. Bandello.
Angiografia com ICG, angiografia com
fluoresceína e TCO mostram a aparência da
proliferação angiomatosa retiniana antes do tratamento.
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Após o tratamento com
injeções antiVEGF, é visível uma
recuperação do perfil macular normal. Imágenes: Bandello
F |
Realizado em clínicas da universidade de Udine e Trieste (Itália), o estudo prospectivo, comparativo e randomizado tinha como objetivo comparar a injeção com Avastin (bevacizumab, Genentech) e Lucentis (ranibizumab, Genentech). O período de acompanhamento foi de 12 meses.
Foram incluídos pacientes com diagnóstico de proliferação angiomatosa retiniana que não receberam tratamento anterior e não apresentavam outra doença ocular.
Monitoramos as alterações na melhor acuidade visual corrigida por gráficos ETDRS, assim como as alterações na espessura macular central por TCO, afirmou o Dr. Bandello.
O esquema de tratamento consistiu em uma dosagem de ataque com três injeções nos primeiros 3 meses, seguida por avaliações mensais com repetição do tratamento sempre que houvesse fluidos na TCO, novas hemorragias em exame de biomicroscopia de fundo ou extravasamento persistente na angiografia de fluorescência.
Ao todo, 50 pacientes foram inscritos: 26 foram randomizados para recebimento da injeção intravítrea de bevacizumab e 24 receberam ranibizumab. Quatorze pacientes no grupo do bevacizumab estavam em estágio 1 da doença e 12 estavam no estágio 2. No grupo do ranibizumab, 14 estavam no estágio 1 e 10 no estágio 2.
Uma melhoria significativa na acuidade visual foi observada em todos os estágios do acompanhamento. Mais de um terço dos pacientes obtiveram mais do que três linhas. Em um primeiro momento, os resultados de ambos os grupos não evidenciaram diferenças, afirmou o Dr. Bandello. Entretanto, cinco pacientes do grupo bevacizumab perderam uma linha na acuidade visual, se comparados com dois pacientes do grupo do ranibizumab.
A espessura macular central também foi significativamente reduzida em ambos os grupos, com uma discreta diferença a favor do grupo do ranibizumab.
Todos os pacientes apresentaram uma redução [na espessura macular central]. Os pacientes no grupo do ranibizumab obtiveram uma média ligeiramente mais alta [de espessura macular central] de 354 µm no início. A melhoria foi significativa, levando a uma média [da espessura macular central] de 208 µm em 12 meses. A melhoria com o bevacizumab também foi significativa, mas dentro de uma faixa menor, de 309 µm no início a 220 µm no ponto de avaliação, afirmou o Dr. Bandello.
O descolamento do epitélio pigmentar retiniano estava presente no estágio 2 de alguns olhos com proliferação angiomatosa retiniana. Neste subgrupo de pacientes, a eficácia dos dois agentes não demonstrou diferenças significativas, ele afirmou.
[O descolamento do epitélio pigmentar] foi rapidamente revertido em nove entre 10 pacientes do grupo do ranibizumab, enquanto sete entre 12 no grupo do bevacizumab ainda apresentaram sinais [de descolamento do epitélio pigmentar] após 1 ano. A presença [do deslocamento do epitélio pigmentar] foi um parâmetro para mostrar a diferença entre os dois agentes, explicou o Dr. Bandello.
Um teste clínico mais amplo, ele afirmou, é necessário para avaliar a eficácia da abordagem de anti-VEGF na proliferação angiomatosa retiniana. por Michela Cimberle
Referências:
- Monson DM, Smith JR, Klein ML, Wilson DJ. Clinicopathologic correlation of retinal angiomatous proliferation. Arch Ophthalmol. 2008;126(12):1664-1668.
- Shimada H, Kawamura A, Mori R, Yuzawa M. Clinicopathological findings of retinal angiomatous proliferation. Graefes Arch Clin Exp Ophthalmol. 2007;245(2):295-300.
- O Dr. Francesco Bandello, FEBO, pode ser contatado na Fondazione San Raffaele del Monte Tabor, Clinica Oculistica, Via Olgettina, 60, 20132 Milão, Itália; 39-02-26433598; fax: 39-02-26433643; e-mail: bandello.francesco@hsr.it.