Alguns cirurgiões ainda não convencidos das vantagens da MICS
Técnicas e questões de aceitação por parte do paciente dominam as discussões no encontro anual da Sociedade Argentina de Oftalmologia deste ano.
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Drs. Miguel Ângelo Padilha (à esquerda) e Carlos Nicoli no encontro anual da SAO. Imagen: Wolkoff L, OSN |
Dr. Daniel Perrone afirmou que há poucas razões para aderir à cirurgia de catarata por micro incisão (MICS), a qual ele considera mais complicada que a facoemulsificação co-axila convencional.
“Para mim, é realmente mais que um esporte radical. Em minhas mãos, a faco co-axial é mais segura”, relatou Dr. Perrone.
Apesar de a menor incisão da MICS ser alardeada como menos indutora de astigmatismo, esta vantagem é anulada quando a MICS é realizada antes de uma esclerectomia profunda ou trabeculectomia, afirmou ele.
“Quando fazemos a cirurgia do glaucoma (depois da MICS) ... tanto a cirurgia penetrante como a cirurgia não penetrante induzem astigmatismo por causa das suturas”, revelou Dr. Perrone.
Outro obstáculo à MICS é a não disponibilidade de lentes ultrafinas na América Latina, afirmou ele.
Dr. Miguel Padilha, palestrante convidado do Rio de Janeiro, Brasil, concorda que a tecnologia da LIO ainda não “pegou” com a técnica bi manual. Ele ainda retruca, afirmando que a MICS ainda não é uma alternativa apropriada na América Latina, onde a situação econômica não permite que se façam investimentos em avanços tecnológicos que deverão apresentar melhores resultados do que os atuais.
“No Brasil, e eu imagino que também aqui na Argentina e em toda a América o Sul, infelizmente não há espaço para se investir dinheiro em uma área na qual os resultados ainda não são absolutamente convincentes para os cirurgiões e especialmente para os pacientes”, afirmou Dr. Padilha.
Ele ainda revelou que não há dados que digam que a MICS apresenta melhores resultados em termos de acuidade visual que a faco co-axila convencional.
“Neste momento, nos encontramos numa encruzilhada. Ou continuamos a ir adiante com a nova geração de lentes asféricas e pseudoacomodativas que estamos nos deparando, ou a MICS vai envolver de forma completa e rapidamente conquistar este terreno”, Dr. Padilha afirmou.
Questões para tratamento de estrabismo
Quando diante de qualquer caso de estrabismo infantil, os oftalmologistas gerais devem ouvir cuidadosamente os familiares e perguntar questões específicas antes de iniciar qualquer regime de tratamento ou cirurgia, conforme Dra. Alejandra Iurescia, oftalmologista pediátrica de Buenos Aires.
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Ela falou à platéia de oftalmologistas generalistas, que o estrabismo em suas várias formas tem implicações neurológicas importantes. Ainda, condições que envolvem desalinhamento podem estar relacionadas à condições sistêmicas, acrescentou Dra. Iurescia.
“Quando os pais chegam e dizem: ‘O olho do meu filho desvia’, preste muita atenção pois com certeza ele desvia”, Dr. Iurescia comentou. “Freqüentemente durante o exame, não é fácil confirmar este quadro, porque esta condição pode ser latente ou intermitente ou não se manifestar por qualquer outra razão”.
Além disso, os cirurgiões devem considerar a idade do paciente, ao determinar um curso do tratamento, disse Dra. Iurescia. Por exemplo, em crianças com menos de 1 ano de idade, que apresentam exotropia, o exame neurológico é imperativo. Exotropia aguda aponta na direção de uma patologia sistêmica e pode ser indicativa de distúrbios cerebrais ou oncológicos, ela concluiu.
Custo das drogas na América Latina
Com uma gama de drogas oftalmológicas tornando-se disponíveis na América Latina, geralmente com preços elevados, o desafio dos oftalmologistas nos países em desenvolvimento será de determinar qual realmente vale o custo adicional, disse Dr. Rubens Belfort Jr., PhD, MBA, de São Paulo, Brasil, um palestrante convidado deste encontro.
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“Como podemos tornar os medicamentos acessíveis a todos?” questionou Dr. Belfort. “Sem dúvida, teremos um grande desenvolvimento no futuro. O que precisamos para mantê-lo é tentar adaptar o que está lá fora à nossa realidade econômica”.
Dr. Belfort ressaltou que 72 milhões de pessoas na América Latina vivem com menos de US$1 por dia. Aproximadamente 200 milhões de pessoas — igual a soma das populações do Brasil e Argentina — vivem apenas com US$2 por dia, acrescentou.
“Enquanto isso, temos drogas altamente caras, que podem custar US$1.000 por injeção”, Dr. Belfort realçou. Reconciliar este preços com a baixa renda de muitos pacientes será um desafio para os médicos da América Latina.
Dr. Belfort comentou a gama de novas substância, tais como Alphagan, agonista adrenérgico alfa-2 (brimonidina 0,2%, Allergan), novas drogas citotóxicas e antinfecciosos oculares, são estimulantes Também comentou que alguns dos novos tratamentos para distúrbios maculares, tais como Macugen (pegaptanib, Pfizer/ Eyetech) e Lucentis (ranibizumab, Genentech/Novartis) já estão em uso com sucesso na América Latina.
Tratamento do glaucoma em estágio final
No tratamento do paciente com glaucoma em estágio final, os bons resultados cirúrgicos dependem “da atenção que você presta aos detalhes”, de acordo com Dr. S. Fabián Lerner.
Dr. Lerner afirmou que a chave para salvar alguma visão do paciente inclui um exame pré-operatório completo, um plano cirúrgico cuidadoso, diálogo extensivo com ambos, paciente e família e follow-up pós-operatório meticuloso.
“O sucesso, como em tudo na vida, depende da atenção que se presta nos detalhes”, comentou Dr. Lerner.
“Muito mais do que em outros tipos de cirurgias, você precisa conduzir um exame pré-operatório e ter um plano muito cuidadoso porque estamos operando um olho com pouquíssimas fibras [nervosas] saudáveis”.
Pacientes com glaucoma em estágio final, frequentemente, tem medo que a cirurgia lhes possa provocar a completa perda da visão. Dr. Lerner disse que o risco de perda total gira ao redor de 1%, o que não é alto suficiente para descartar a cirurgia. Os fatores de risco para prognósticos ruins incluem idade avançada, fixação visual comprometida, e PIO de 2 mm Hg ou menos imediatamente após a cirurgia.
Dr. Lerner advertiu contra o uso de técnicas anestésicas que possam aumentar o volume retro bulbar. O cirurgião deve tentar reduzir a PIO de forma lenta antes da cirurgia. Através de uma parasentesis é possível descomprimir a câmara anterior suavemente, disse.
O paciente também deveria receber apoio psicológicos adequado e ter amplas oportunidades de discutir suas expectativas com o cirurgião antes e depois da operação, e formulário de consentimento apropriado deve ser obtido.
“Você precisa se checar muito mais [que o habitual], porque este paciente tem um campo visual residual mínimo”, orientou. “Uma boa relação médico-paciente ajudará a assegurar que não encontremos problemas pós-operatórios. Pacientes devem estar cientes de que, após a cirurgia eles serão monitorados de perto para o resto da vida”.
Encontro argentino discute amplamente temas locais, regionais e internacionais |
BUENOS AIRES – O Curso Anual da Sociedade Argentina de Oftalmologia foi aberto oficialmente pelo presidente da sociedade Dr. Carlos Plotkin. Dr. Plotkin encorajou, aproximadamente os 2.500 espectadores a tirar proveito do maior encontro anual oftalmológico da Argentina, participando das sessões educativas assim como dos eventos sociais. O outro grande evento, o Congresso Argentino de Oftalmologia, ocorre apenas a cada 4 anos e será em Julho de 2007, em Buenos Aires. A troca de idéias é enriquecedora, comentou Dr. Plotkin, seja nas salas de conferências, nos corredores ou no “coffee-break”. Acrescentou ainda que assuntos importantes para a oftalmologia na Argentina vão além da aquisição de tecnologias e do aprendizado de procedimentos técnicos e avanços na cirurgia. “Não é apenas sobre máquinas”, disse ele, mas também sobre criar sistemas organizacionais onde quer que cuidados à saúde sejam disponibilizados. Achar caminhos para melhor organizar a prática médica pode envolver uma variedade de fatores, inclusive melhora no treinamento médico e relacionamento médico-paciente, comentou. |
Para Sua Informação:
- Lauren Wolkoff é Editora Gerente de OSN Latin America Edition.